segunda-feira, 29 de outubro de 2012

MAGNETISMO E HIPNOTISMO


Histórico

No tempo de Ísis (Egito), os sacerdotes caldeus utilizavam os passes para o restabelecimento da saúde humana. No século XV muito se falava na simpatia magnética, designando um sistema análogo nas suas bases essenciais, ao que tinha sido formulado por Paracelso. No século XVII Van Helmont, muito citado na Alta Magia, afirmava ter obtido curas valiosas com a aplicação do ímã e de placas metálicas nos corpos de doentes. Um contemporâneo dele, o jesuíta Hell, que também era físico de renome, obteve efeitos interessantes com a aplicação do ímã não só nos homens, mas também nos animais.

Até por volta do início do século XIX, a medicina era algo totalmente diferente do que conhecemos na atualidade e não havia uma nítida separação entre o médico, o curandeiro e o charlatão. Tal fato fez com que padres e até Reis do século XVI se auto-intitulassem “homens de cura”. A iniciativa dos padres era bem óbvia, uma vez que naquele tempo o conhecimento estava centrado na mão da Igreja Católica. Eram pouquíssimas as pessoas que sabiam ler e os livros, além de raríssimos, eram guardados nos monastérios. Os reis, por sua vez, eram privilegiados, pois detinham o poder financeiro e bélico e tinham acesso à educação e ao conhecimento de livros e tratados antigos que falavam, entre outras coisas, sobre como curar as doenças.

Atribuía-se uma verdadeira revolução na medicina do século XV às obras de Paracelso (1493-1541). Sua teoria magnética, ou Sistema da Simpatia Magnética, defendia que os ímãs, assim como eram capazes de atrair o ferro, também poderiam atrair certas enfermidades e doenças (Prado, 1967). Durantes alguns séculos a aplicação de ímãs no corpo para curar enfermidades foi um dos tratamentos de saúdes mais populares que existiam. E o mais interessante ainda era que não faltavam relatos de cura de doenças, e melhoria dos sintomas após a aplicação da terapia magnética. Alguns padres jesuítas passaram a usar o “poder do ímã” até para realizar exorcismos.

“O ímã cura os fluxos dos olhos, dos ouvidos, do nariz e das articulações externas; por este mesmo método se curam as úlceras, as fístulas, o câncer e os fluxos menstruais. Também contribui para resolver as fraturas e cura a icterícia e a hidropsia, segundo a prática me tem demonstrado com frequência.” - Relato de curandeiros do Séc. XVI.
Foi a partir da posterior constatação, em 1786, de que os ímãs não possuíam qualquer propriedade curativa, que se abriu o caminho para uma nova explicação do porquê de algumas pessoas se diziam curadas. Como resposta, os cientistas descobriram que a sugestão e a imaginação poderiam ser os responsáveis pelas curas. Ou seja, a “mente”, que por muitos anos fora deixada de lado pelos médicos naturalistas, que preferiam buscar explicação na anatomia e na fisiologia, passou a ser a principal suspeita de ser a responsável pelas curas.

Foi, contudo, Franz Anton Mesmer, médico, quem estudou os mistérios científicos até então cuidadosamente guardados em segredo pelos seus predecessores com sendo coisa de magia. Admitia Mesmer que, assim como o ímã, as mãos e os olhos de alguns indivíduos podiam irradiar um fluido especial proveniente do próprio organismo, com influência nos indivíduos e nos próprios animais. As teorias mesmerianas foram combatidas em Viena, motivo por que Mesmer tranferiu residência para Paris em 1778. Em 1779 ele publica a obra Magnetismo Animal, em que expõe a tese defendida até então, ou seja, a existência de um fluido que interpenetrava tudo e que dava às pessoas, propriedades análogas àquelas do ímã. Teve boa aceitação, mas depois caiu em descrédito.

Em 1784, o Marquês de Puységur, discípulo de Mesmer, descobrira Sonambulismo Artificial e em 1787 Pététin descobria a Catalepsia Artificial. Em 1841, Braid descobre o hipnotismo. Charcot o estuda metodicamente, Liebault o aplica à clínica e Freud o utiliza ao criar a Psicanálise.
O Magnetismo

Em Física: Fluido emanado do ferro magnético e dos ímãs, que tem a propriedade de atrair outros metais e de orientar a agulha magnética em direção Norte-Sul.
Teoria do Magnetismo Animal: Existe no indivíduo uma força latente que pode ser emitida mediante a ação da vontade. Esta força apresenta analogia com a eletricidade e o magnetismo mineral e existe em todos os seres vivos no estado estático e no estado dinâmico, circulando ao longo das fibras nervosas e irradiando para o exterior pelos olhos, pelas pontas dos dedos e pela boca, com maior ou menor intensidade da vontade.
Segundo Michaelus, o mesmerismo foi o arauto do magnetismo para a sociedade com suas vinte e sete proposições em “Memóire sur la découvet du magnétisme animal”, destacando-se: “essas propriedades podem ser transmitidas a outros corpos animados ou inanimados; a moléstia é apenas resultante da falta ou do desequilíbrio na distribuição do magnetismo pelo corpo”; e Rouxel em “Rapports du magnétisme et du Spiritisme” afirmou ser o “magnetismo uma transfusão de vida espiritualizada do organismo do operador para o paciente”.

O Hipnotismo
Deriva de Hipnose, palavra introduzida por James Braid em 1843. Provém da palavra grega hypnos, que na mitologia helênica significa Deus do sono, chamado Sommus pelos romanos. O termo não é feliz, uma vez que dá a errônea impressão de ser a hipnose igual ao sono. Hypnos quer dizer sono, mas os estados hipnóticos não são obrigatoriamente tranquilos e semelhantes ao sono. Braid, após propor o termo hipnose, observou que a mesma distinguia-se de um estado de sono, porém o termo já havia se consagrado. O hipnotismo são os vários processos, pelos quais uma pessoa dotada de grande força de vontade exerce sua influência sobre outras pessoas de ânimo mais débil, numa espécie de êxtase (ou transe).
Nasceu com Braid o primeiro esboço da neurofisiologia da hipnose. Na realidade, há indícios do uso da hipnose desde tempos muito remotos, onde eram utilizadas induções hipnóticas nas várias civilizações, encontrando-se a mesma fenomenologia em muitas partes do mundo. Os hebreus, os astecas, os índios americanos chippewas e os araucanos do sul do Chile sabiam induzir o “sono mágico” e outras formas de transes grupais e individuais. Podiam produzir analgesia, gravar sugestões pós-hipnóticas e curar dores físicas ou psicossomáticas. 

Chiron induzia o estado de transe em seu grande discípulo Esculápio. O “sono mágico” era usado tanto nos Templos do Sono egípcios, como individualmente por sibilas e oráculos. Andrade Faria, relata que num baixo relevo encontrado num sarcófago de Tebas, nota-se um sacerdote em pleno ato de indução hipnótica de um paciente. Os egípcios, os caldeus e os hindus realizavam induções através de rituais mágico-religiosos há milênios.

A Era Científica da hipnose começou com o alemão Franz Friedrich Anton Mesmer, que em 1775, diplomou-se em medicina onde apresentou sua tese de formatura “De planetarium influxu”, inspirada em idéias filosóficas e teosóficas do século XVI e XVII, como por exemplo as de Paracelso. Defendia em sua tese que corpos celestes influenciavam na cura de doenças. Existiria um fluido ou energia universal interligando os corpos e os astros, sendo captado e emitido pelo ferro magnético. Aos poucos, Mesmer percebe que o ferro imantado não é necessário, pois parecia que ele mesmo podia emitir essa força magnética curadora recebida dos astros, a qual então ele passa a chamar de “magnetismo humano”, que podia ser transmitido em cadeia para outras pessoas. O sensacionalismo e as perseguições, não permitiram a Mesmer introduzir suas descobertas nas universidades. Mudou-se para Paris onde todavia se repetem os sucessos espetaculares e o insucesso científico. A repercussão das curas alcançada por Mesmer, leva o Rei da França, Luís XVI, a nomear uma comissão da 

Sociedade Real de Medicina e outra da Academia de Ciências para analisar métodos tão pouco ortodoxos. Foram convidados os maiores expoentes da cultura científica francesa, entre os quais Lavoisier, Benjamin Franklin, Jussieu e Guillotin. Apenas Jussieu não considera as curas maravilhosas como resultados da sugestão.
Podemos afirmar que a hipnose pode ser vista como “antes de Mesmer” e “depois de Mesmer”, embora o termo hipnose só tenha surgido com James Braid.
James Braid, com bases no mesmerismo, apresentando um quadro fisiológico, apresentou o hipnotismo moderno, definindo-o como: “o estado particular do sistema nervoso, determinado por manobras artificiais, tendendo, pela paralisia dos centros nervosos a destruir o equilíbrio nervoso”, entretanto, Charles Richet, ao descrever o seu método, afirmou: “o hipnotismo tratava-se de projetar o fluido magnético no corpo do paciente”.

O Hipnotismo moderno admite que o paciente fica hipnotizado por auto-sugestão e concentração mental, não havendo fluido algum. Os cientistas não aceitaram o termo magnetismo; preferiram o hipnotismo. Apenas o hipnotismo é aceito pela ciência. Ficou assim prestigiado o hipnotismo através dos tempos pela ciência oficial e relegado o magnetismo com os seus passes as suas imposições e os seus fluidos para o monturo das teorias condenadas como obra do charlatanismo. (Michaelus, in Magnetismo Espiritual, Ed. FEB, 1967).

Fontes:
Comportamento.Net
Centro Espírita Ismael
UniversoPsi
Guia Heu
 * * *
“Há quem diga que o ato de hipnotizar se filia à ciência de atuar sobre o espírito alheio, e, para que a impressão provocada, nesse sentido, se faça duradoura e profunda é imperioso se não desenvolva maior intimidade entre o magnetizador e a pessoa que lhe serve de instrumento, porquanto a faculdade de hipnotizar, para persistir em alguém, reclama dos outros obediência e respeito.
Exteriorizando-se em mais rigoroso regime de ação e reação sobre si mesma, a corrente mental dos assistentes capazes de entrar em sintonia com o toque de indução do hipnotizador passa a absorver-lhe os agentes mentais, predispondo-se a executar-lhe as ordens.

Semelhantes pessoas não precisarão estar absolutamente coladas à região espacial em que se encontra a vontade que as magnetiza. Podem estar até mesmo muito distanciadas, sofrendo-lhe a influência através do rádio, de gravações e da televisão.
Desde que se rendam, profundamente, à sugestão inicial recebida, começam a emitir certo tipo de onda mental com todas as potencialidades criadoras da ideação comum, e ficam habilitadas a plasmar as formas-pensamentos que lhes sejam sugeridas, formas essas que, estruturadas pelos movimentos de ação dos princípios mentais exteriorizados, reagem sobre elas próprias, determinando os efeitos ou alucinações que lhes imprima a vontade a que se submetem.”

Do livro 'Mecanismos da Mediunidade'
Pelo espírito André Luiz
Psicografia Francisco Cândido Xavier
Fonte; http://magnetizador.blogspot.com.br/search/label/Hipnotismo

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http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2013/03/o-que-faz-com-que-um-tratamento.html

sábado, 27 de outubro de 2012

BIOGRAFIA - LOUIS ALPHONSE CAHAGNET


LOUIS ALPHONSE CAHAGNET 
 (1809 - 1885)

Cahagnet nasceu em Caen, na França. Embora descendente de uma família pobre, e tendo trabalhado sucessivamente, para poder viver como relojoeiro, torneiro de cadeiras, caixeiro de comércio, fotógrafo, conseguiu, com sua poderosa força de vontade, seu dinamismo extraordinário e sua honestidade, adquirir posição de destaque, sendo respeitado e admirado por todos quantos com ele privaram, mesmo os inimigos.

Além das citadas habilidades, Cahagnet desenvolveu mais uma que torná-lo-ia célebre - a de magnetizador. Foi desse modo que manteve relações com os entes do além túmulo, por intermédio de vários pacientes em estado sonambúlico ou de êxtase. Desse intercâmbio surgiu, em 1847, o primeiro tomo de "Arcanos da Vida Futura Revelados". Anotando as palestras do maravilhoso intercâmbio com os espíritos, Cahagnet edificou a portentosa obra com cerca de mil páginas, que formaram o tomo I dos "Arcanos". Na bela introdução desse monumental trabalho adverte o autor: "Sede prudente, não admitais nem rejeiteis nada sem um exame maduro; aquilo que não puderdes compreender, jamais digais que não é!". Ao tomo I seguiram-se os tomos II e III.

Em 1848, Cahagnet reunia em Argenteuil um grupo de pessoas que havia testemunhado os fatos obtidos através da sonâmbula Adéle Maginot, e criou a primeira "Sociedade dos Magnetizadores Espiritualistas", por sugestão do espírito Swedenborg. Três anos depois, essa sociedade continuou seus estudos sob a denominação de "Sociedade dos Estudantes Swedenborgianos", aproximando-se mais tarde do Espiritismo codificado por Allan Kardec.
Sob os auspícios da "Sociedade" funda o jornal "O Magnetizador Espiritualista", no qual são registrados todos os fatos maravilhosos das relações com o Além obtidos por ele e pelos magnetistas de todo o mundo que o quisessem fazer. Seguiram-se ainda muitas outras obras:
850 - "Santuário do Espiritismo", ou o estudo da alma humana e de suas relações com o Universo, segundo o sonambulismo e o êxtase.
1851 - "Luz dos Mortos" ou estudos magnéticos, filosóficos e espiritualistas.
- "Tratamentos das Enfermidades", obra que engloba um estudo das propriedades medicinais de 150 plantas que a extática Adéle Maginot transmitira e diversos métodos de magnetização.
1853 - "Cartas Ódicas-magnéticas do Cavaleiro de Reichenbach, traduzido do alemço.

1856 - "Revelações do Além-túmulo", pelos espíritos de Galileu, Hipócrates, Franklin e outros, onde se estuda Deus, a preexistência das almas, a criação da Terra, vários problemas da Física, da Botânica, da Matemática, da Medicina, a análise da existência do Cristo e do mundo espiritual.
1857 - "Magia Magnética", que trata dos fenômenos de transporte, de suspensão, das possessões, das convulsões, etc..
1858 - "Estudo sobre o Homem", onde tece profundas considerações sobre o homem e sobre todas as faculdades da alma humana.
1861 - "Enciclopédia Magnética Espiritualista" (1854 -1861).
1869 - "Estudo sobre o Materialismo e o Espiritualismo".
1880 - "Estudo sobre a Alma e o Livre Arbítrio".
1883 - "Terapêutica do Magnetismo e do Sonambulismo".

As datas acima mostram que a obra de Cahagnet antecedeu a de Kardec, e também a sucedeu. Sucedeu-o ainda na luta pela verdade espírita, suportando sem nunca desanimar os ataques inflingidos à doutgrina "Tudo o que a ignorância, o fanatismno, a tolice reeditaram posteriormente contra a nossa doutrina foi despejada sobre o pobre magnetizador" - diz Gabriel Delanne. Qual ocorreu com as obras de Kardec, as de Cahagnet também foram batizadas pelo fogo. A leitura dos Arcanos foi proibida em todos os países, por decisão da Igreja Católica. Cahagnet, porém, jamais esmoreceu. Interrogando os mortos, ele obteve respostas interessantes e reveladoras sobre diversos assuntos: noções de magnetismo, as propriedades da alma, a oração como meio de evitar os maus pensamentos, o modo por que deve ela ser proferida, as punições reservadas no mundo espiritual aos criminosos, as ocupações dos espíritos, as sociedades formadas pelos espíritos, as obsessões, a separação entre a alma e o corpo no momento da morte, formas diversas que os espíritos podem tomar, o inferno dos católicos (o que é), o fenômeno dos transportes, reunião dos familiares e afins no Espaço, noções sobre a loucura, suas causas, suas conseqüências no mundo espiritual, alucinações causadas pelos maus espíritos, o suicídio no além-túmulo, etc, etc..
A 10 de abril de 1885, com 76 anos, desencarnava, em Argenteuil, o velho batalhador Cahagnet, a cujo enterro compareceram inúmeros amigos e espiritistas. A esposa, meses depois, o acompanhava. Menino pobre, torneiro, relojoeiro, caixeiro, haveria de tornar-se, mercê da vontade, da inteligência e da perseverança, um erudito e profundo metafísico, merecedor do reconhecimento de sumidades científicas e literárias de todos os países, e do respeito e eterna gratidão dos espíritas do mundo inteiro.

"Sede prudente, não admitais nem rejeiteis nada sem um exame maduro; aquilo que não puderdes compreender, jamais digais que não é!"
Louis Alphonse Cahagnet

 RELAÇÃO DA OBRAS PARA DOWNLOAD  http://www.autoresespiritasclassicos.com/Autore
BIOGRAFIA DE LOUIS ALPHONSE CAHAGNET
 LOUIS ALPHONSE CAHAGNET - THE CELESTIAL TELEGRAPH
 LOUIS ALPHONSE CAHAGNET - DU TRAITEMENT DES MALADIES OU ÉTUDE SUR LES PROPRIÉTÉS MÉDICINALES DE 150 PLANTES
 LOUIS ALPHONSE CAHAGNET - ÉTUDES SUR L'ÂME ET SUR LE LIBRE ARBITRE
LOUIS ALPHONSE CAHAGNET - GUIDE DU MAGNÉTISEUR OU PROCÉDÉS MAGNÉTIQUES D'APRÈS
 LOUIS ALPHONSE CAHAGNET - LETTRES ODIQUES MAGNÉTIQUES DU CHEVALIER DE REICHENBACH

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sábado, 20 de outubro de 2012

OBRAS DE AFONSO CAHAGNET E KARDEC BATIZADOS NO FOGO


AFONSO CAHAGNET

"Se há estações para as flores, há séculos para as luzes.”
(Últimas palavras dos Arcanos, t. III)

            Anos antes de surgirem os fenômenos tiptológicos e as mesas falantes, girantes, através da mediunidade das irmãs Fox, no Estado de Nova York, os quais iniciaram celeremente uma verdadeira revolução nos conhecimentos do porquê de nossa existência, já Louis Alphonse Cahagnet, conceituado magnetizador, nascido em Caen (França), em 1809, mantinha relações com os entes do além-túmulo por intermédio de vários pacientes em estado sonambúIico, ou de êxtase, estados provocados pela ação magnética. Desse intercâmbio surgiu, em 1847, o primeiro tomo de  Arcanes de la vie future dévoilés, mais ou menos ao mesmo tempo que aparecia nos Estados Unidos a volumosa obra mediúnica intitulada The principIes of nature, her divine revelations and a voice to mankind ditada pelos Espíritos ao reverendo William Fisbough, através da mediunidade de André Jackson Davis.

            Do primeiro volume dos Arcanos fez-se uma tradução portuguesa, que sabemos ser muito antiga, mas não podemos precisar o nome do tradutor e o ano de sua publicação, por falta absoluta de referências nesse sentido.

            Na cidade de Argenteuil (arredores de Versalhes), Cahagnet fundava, também em 1847, a sociedade dos Estudantes Swedenborgianos, que mais tarde se aproximou do Espiritismo kardecista.
  
Não obstante todo o cuidado que se deve tomar na aceitação das narrativas dos sonâmbulos, Gabriel Delanne é o primeiro a afirmar que com Cahagnet o caso é diferente, sustentando que o célebre magnetista realmente conversou com os Espíritos, identificando muitos deles, "Não são simples reprodução de imagem dos sere desaparecidos: são individualidades que conversam, se movem, vivem e afirmam categoricamente que a morte não as atingiu" - fala Delanne, confirmando o intercâmbio entre o Além e Cahagnet.

            Em 1850 Cahagnet publicou Sanctuaire du Spiritualisme, ou o Estudo da alma humana e de suas relações com o Universo, segundo o sonambulismo e o êxtase; em 1851 aparecia Lumière des morts ou Études magnétiques, philosophiques et spiritualistes, e Traitement des maladies, obra esta que engloba um estudo das propriedades medicinais de 150 plantas que a extática Adèle Maginot transmitira a Cahagnet, além de uma exposição de diversos métodos de magnetização; em 1853, traduzidas do alemão, dava à luz em Paris as Lettres odiques--magnétiques du chevalier de Reichenbach.

            Embora descendente de uma família pobre, e tendo trabalhado sucessivamente, para poder viver, como relojoeiro, torneiro de cadeiras, caixeiro de comércio, fotógrafo, conseguiu, com sua poderosa força de vontade e seu dinamismo extraordinário e sua honestidade, adquirir posição de destaque, respeitado e admirado por todos quantos com ele privavam, mesmo os inimigos.

   No primeiro tomo dos Arcanos da vida futura desvendados, o Autor, numa dedicatória aos ilustres magnetizadores Barão du Potet e Hébert de Garnay, este último, gerente do Journal du Magnétisme, declara desassombradamente num certo ponto: "Outros têm temor em revelar verdades que poderiam ofender o espírito das seitas. Se estas últimas sustentam com denodo e boa-fé os erros, quanto não devemos nós dar a conhecer a fim de esclarece-las? Acaso devemos temer qualquer coisa quando nos é dado substituir a fé pela experiência, e quando demonstramos a todos a inefável bondade do Criador? Não, senhores, vós o sabeis após haver adquirido, como eu, provas irrefutáveis de um mundo melhor; são estas provas que se torna necessário que todos as obtenham, e a ciência, que propagais  com tão corajosa perseverança, deve fornecê-las a todas as pessoas."

            "Se eu não houvesse sido auxiliado pela luz divina, teria sucumbido sob tão penosa tarefa" - declara mais adiante Cahagnet.
  
  O Barão du Potet, homem que na época era um tanto céptico com respeito a essas revelações do Além, mas que mais tarde foi constrangido a acreditar nelas e no mundo dos Espíritos, "por efeito de sério exame dos fatos", no próprio dizer dele, escreve então a Cahagnet longa carta de agradecimento, com alguma ironia, e termina assim: "Um filósofo céptico disse: "A alma não me parece senão fraca centelha que no instante do trespasse se dissipa nos ares", Vós provareis - eu espero - que tal filósofo estava em erro."

            De fato, assim fez Cahagnet e, "interrogando os túmulos, falando com os seres falecidos" e anotando as palestras desse maravilhoso intercâmbio, edificou a portentosa obra com cerca de mil páginas, que formaram o tomo I dos Arcanos, descortinando para a Humanidade desorientada uma nova pátria, cheia de vida, de atividade; onde moram os nossos mortos, Na bela introdução a esse monumental trabalho adverte o Autor: "Sede prudentes, não admitais nem rejeiteis nada sem um exame maduro; aquilo que não puderdes compreender, jamais digais que não é!" E mais adiante informa: "Esta obra vos oferecerá a prova de um mundo melhor que o nosso, onde vivereis após deixardes aqui o vosso corpo, e onde um Deus infinitamente bom vos recompensará em cêntuplo as aflições que vos eram proveitosas nesta terra de dor. Vou demonstrar que vossos pais e amigos ali vos esperam com impaciência, e que podeis, embora ainda sobre este globo, entrar em comunicação com eles, falar-lhes e deles obter as informações que julgardes necessárias." '

            Concluindo sua introdução, disse que se sentiria muito feliz se - "conseguisse firmar com outros homens essa crença que adquirira sobre a existência desse mundo de consolação, e fizesse penetrar pelo menos em algumas almas toda a felicidade que sentia, de esperanças tão doces!"

            Ao tomo I dos Arcanos, seguiram-se os tomos II e III. "Tudo o que a ignorância, o fanatismo, a tolice reeditaram posteriormente contra a nossa doutrina foi então despejado sobre o pobre magnetizador” diz Gabriel Delanne. Cahagnet, porém, não esmorece. Nessa época, ele, juntamente com outros companheiros, fundam, sob os auspícios da Sociedade dos Magnetizadores Espiritualistas, o jornal Le Magnétiseur Spiritualiste, no qual são consignados todos os fatos maravilho os das relações o Além, obtidos por ele e pelos magnetistas de o mundo que o quisessem fazer.  

            Os dois primeiros volumes dos Arcanos contêm as descrições de experiências realizadas com oito estáticos que possuíam a faculdade de ver e conversar com os Espíritos Adélia Maginot foi um dos mais notáveis, sendo ela a intermediária de extensa série de evocações. Mais de 150 atas foram ratificadas por testemunhas que afirmaram reconhecer os Espíritos que a sonâmbula descreveu. O abade Almignana, doutor em Direito Canônico, teólogo, assistiu com entusiasmo a várias sessões de Cahagnet, tornando-se adepto do magnetismo e desenvolvendo, mesmo, suas possibilidades mediúnicas.
          
 Somente no tomo III dos Arcanos refere-se o Autor aos fenômenos espíritas que se produziam nos Estados Unidos da América, e que foram também registados no nº 162 do Journal du Magnétisme. Neste volume, Cahagnet, em diálogos-refutações, responde vigorosa e inteligentemente aos seus contraditores: padres, homens de ciência, materialistas, alma etc., pondo por terra os diversos argumentos desfavoráveis ao conteúdo de sua obra. Cita ainda testemunhas merecedoras de crédito que relatam fenômenos de aparição, além de inúmeras respostas do Espírito de Swedenborg a questões formuladas.

            Pouco tempo depois de ter saído o primeiro tomo dos Arcanos, o Autor foi premiado por seus denodados esforços: ele recebe várias cartas, onde os signatários expandem sua satisfação, o seu júbilo emocionado por tão gratas revelações.

Barão du Potet


            Outros, entretanto, como o Barão du Potet, acharam que o assunto era cedo ainda para ser tratado. Procederam tal e qual, até hoje, procedem os nossos irmãos sacerdotes católicos, mesmo os desencarnados, sempre a dizerem que o homem ainda não deve conhecer essas profundas questões do ser, sendo-lhe necessária a disciplina dogmática. Mas assim não pensava Cahagnet, e, hoje, nós com ele. Potet, por exemplo, escrevera: "Tratais destas questões com o avanço de 20 anos; o homem ainda não está preparado para compreendê-las", ao que Cahagnet replicou, no vol. III, dizendo: "Ah! respondemos então, porque o vemos banhar com suas lágrimas as cinzas daqueles que julga haver perdido Para sempre? Em que momento da existência podemos chegar mais a propósito para dizer a esse homem: Consola-te, irmão, aquele que presumes separado de ti, para sempre, acha-se ao teu lado, a te asseverar, por meu intermédio, que ele vive, que é mais feliz do que na Terra, e que te aguarda nas esferas próximas para continuar o convívio contigo."

            Qual ocorreu com as obras de Kardec, as de Cahagnet também foram batizadas pelo fogo. A leitura dos Arcanos foi proibida em todos os países católicos, por decisão do Tribunal Supremo e Sagrado, chamado a "Sagrada Congregação", tribunal cristícola e não cristão, diz Cahagnet, tribunal que - informa ainda o Autor - "julgou sem nos ouvir e condenou sem outro motivo que o de prazerosamente arremessar três de nossas obras, num só dia, no fogo ... "
          
            Em 1856, um ano antes de aparecer O Livro dos Espíritos, Cahagnet fazia surgir as Révélations d’outre-tombe, pelos Espíritos de Galileu, Hipócrates,  Franklin, e outros, obra que estuda Deus, a preexistência das almas, a criação da Terra, vários problemas da Física, da Botânica, da Metafísica, da Medicina, a análise da existência do Cristo e do mundo espiritual, passando em revista as aparições e manifestações dos Espíritos, no século XIX, etc.

            Magie magnétique, outra publicação da autoria dele, surgida em 1857 ou 1858, trata dos fenômenos de transporte, de suspensão, das possessões, das convulsões, etc.
            O nome de Cahagnet atravessa as fronteiras francesas. Em 1861, ele recebe a honrosa visita do sábio Aksakof, que buscava dilatar seus conhecimentos e seus estudos sobre o magnetismo e o psiquismo.

            O número de produções aumenta. Aparecem: Encyclopédie magnétique spiritualiste (1854-1861); Étude sur le matérialisme et sur le spiritualisme (1869);  Étude sur l’âme  et le libre arbitre (1880)  e várias outras, parecendo-nos que a última obra  de Cahagnet tenha sido 
Thérapeutique du magnétisme et du somnambulisme, impressa em 1883.
         
Gabriel Delanne


   Realmente, Cahagnet foi um grande trabalhador, digno, sob todos os aspectos, da nossa admiração e reverência pela muita luz que, a par das críticas que sobre ele choviam, distribuiu entre muitos necessitados do espírito. "Um lutador soberbo",  "que teve a glória de fazer-se o que foi: um dos pioneiros da verdade" - manifesta-se G. Delanne, com ênfase.

            Interrogando os mortos, Cahagnet obteve respostas interessantes e reveladoras sobre diversos assuntos: noções de magnetismo, as propriedades da alma, a oração como meio de evitar os maus pensamentos, o modo por que deve ela ser proferida, as punições reservadas no mundo espiritual aos criminosos, as ocupações dos Espíritos, as sociedades formadas pelos Espíritos, as obsessões, descrição da separação que se faz entre a alma e o corpo no momento da morte, descrição dos Espíritos luminosos, sensações experimentadas no momento da morte, formas diversas que os Espíritos podem tomar, o inferno dos católicos (o que é), o fenômeno dos transportes, reunião dos familiares e afins no espaço, noções sobre a loucura, suas causas, suas consequências no mundo espiritual, alucinações causdas pelos maus Espíritos, o livre arbítrio, a cura pela prece, a linguagem do pensamento entre os Espíritos, a vestimenta dos Espíritos, as consequências do suicídio no além-túmulo, os lugares de reparação do mal, etc. etc. Dezenas de Espíritos, conhecidos e desconhecidos, se comunicaram com Cahagnet.

            Embora muitas respostas sejam imperfeitas e incompletas, pois o Espiritismo apenas alvorecia, e embora a obra do magnetista de Caen não se iguale  à inimitável exposição feita nos livros de Kardec, todos os espíritas devemos reverenciar a memória desse homem de fé e de coragem que foi - Cahagnet.

            Atualmente o Espírito de André Luiz nos vem dando revelações mais claras sobre a vida no além- túmulo, revelações que resumidamente já estavam explanadas em 1847, nos Arcanos e em algumas outras obras ditadas por sonâmbulos.      
            Registaremos algumas das perguntas e respostas constantes no livro mencionado:
          
            P. - Que fazem os irmãos (da sonâmbula) no céu?
            R. - Eles recreiam e passeiam.
           
            P. - Não se pode recrear e passear durante uma eternidade, sem um fim.
            R. - Oh! eles fazem música, estudam ciências; ocupam-se melhor e com mais prazer que nós.
            P. - Que faz ela (o Espírito da mãe da sonâmbula) no céu?
            R. - Ela está com meu pai, meus irmãos, minha irmã, enfim, toda a família; ela se inquieta muito por mim, mas está muito feliz; ela lê e se sente satisfeita em ouvir meus irmãos tocar música.

            P. - Há então livros no céu?
            R. - Eu te rogo crê-lo, e não são eles romances como na Terra.

            P. - De que falam eles?
            R. - Dos mistérios de Deus, das ciências; mas não são escritos da maneira por que o são sobre a Terra, diz-me a minha mãe.

            Noutra página, diz o Espírito da mãe da sonâmbula que, para o conhecimento de altos problemas, há instrutores, que são mais amigos que mestres."

            Eis agora como o Espírito de um sacerdote católico responde a algumas questões:
            P. - A forma da alma que tendes é perfeitamente semelhante à do corpo em que ela habitava?

            R. - Sim.
            P. - Vós dormis e comeis?
            R. - Dorme e come quem quer; isto não é uma necessidade como no Planeta; é mais uma satisfação para aqueles que o fazem.

            P. - Morais numa casa como na Terra?
            R. - Eu estou numa casa; há casas nesta vida, do mesmo modo que sobre a Terra.

            P. - Há também cidades e aldeias?
            R. - Eu não sei como se nomeiam as cidades no céu; basta dizer-vos que há casas. Não me ocupo do resto.

            P. - Quais são as vossas ocupações ordinárias?
            R. - Leio, escrevo e passo parte do meu tempo a aconselhar o bem aos indivíduos inclinados ao mal.

            P. - Podeis então comunicar com eles?
            R. - Sim, com os espíritos deles.

            O espiritista italiano Ernesto Volpi, tendo publicado, em determinado ano, um artigo em que narrava os primeiros albores do Espiritismo no mundo, foi contraditado por alguns espíritas americanos, que disseram não ter sido Kardec o fundador do Espiritismo, porque antes dele já haviam aparecido Davis e Cahagnet.

            Eis como Volpi, em Junho de 1890, a isso respondia, com clareza e exatidão: "Os fundadores do Espiritismo são os Espíritos que sempre e em todos os tempos se têm manifestado. Doutro lado, é bom observar que não falei de Kardec somente, mas da Doutrina que ele compendiou. Neste ponto ele é mais completo que os precedentes, precisamente porque sua sábia capacidade coordenadora pode servir-se também dessas últimas fontes. A Davis e a Cahagnet coube a glória de terem sido os primeiros a recolher os materiais para formar a base do Espiritismo moderno, e a Allan Kardec, a glória de havê-la solidamente estabelecida." Dessa forma, fica definida a posição de Cahagnet na história do Espiritismo, lugar de pioneiro que sempre será lembrado pelo nosso coração agradecido.

            A 10 de Abril de 1885, com 76 anos, desencarnava, em Argenteuíl, o velho batalhador - Cahagnet, a cujo enterro compareceram inúmeros amigos e espiritistas. A esposa, meses depois, o acompanhava.
            O jornal Phare, dos departamentos do Seine-et-Oise e do Sena, publicou um artigo necrológico que a Revue Spirite de 1º de Maio de 1885 transcreveu e do qual registaremos um trecho: "Cahagnet é um exemplo raro do que pode uma firme vontade aliada a uma vasta, inteligência. Ele se tornara, à força de trabalho e perseverança, um erudito, um profundo metafísico, e adquirira, no mundo que se ocupa do Magnetismo e do Espiritismo, distinguido lugar como publicista. Suas diversas obras - e o número é grande -, traduzidas para o inglês e o alemão, valeram-lhe numerosos testemunhos de estima e simpatia. Nada mais curioso e mais interessante a esse respeito que sua volumosa correspondência com sumidades científicas e literárias de todos os países."

            A Cahagnet, pois, rendamos as homenagens do espírito, e ele as merece plenamente.
assina     Zêus Wantuil
in ‘Reformador’ (FEB) Abril 1950