sexta-feira, 30 de novembro de 2012

MAGNETISMO NO NOVO TESTAMENTO


Lizarbe Gomes/RS

Ao longo da leitura da parte primeira, livro terceiro, a “Fisiologia do Magnetizador”, do “Tratado Prático do Magnetismo e do Sonambulismo” (1845) encontramos a seguinte dissertação do autor, Aubin Gauthier: “O Magnetismo é um agente disseminado na natureza e dele todos os corpos são impregnados.

Ele escapa aos nossos sentidos, não o vimos.
Se não o vimos, podemos observar seus efeitos, o que já seria suficiente para estabelecer sua existência. Porém, o homem, em estado de sonambulismo vê o fluido magnético sob a forma de um fogo brilhante que sai particularmente das mãos do magnetizador, o que explica porque a Antiguidade representava os deuses com flamas nas pontas dos dedos e como Mesmer afirmou: “O magnetismo animal, considerado como agente, é um fogo invisível”.
Quando um magnetizador impõe a mão sobre um doente, de seu corpo saem imediatamente correntes de matéria fluídica que se dirigem sobre o magnetizado. Diz Mesmer “observa-se o escoamento de uma matéria cuja sutileza penetra todos os corpos.”
Concebe-se então que o magnetizador não doa apenas seus esforços e fruto de seus estudos, mas doa ainda uma parte de sua própria existência.

Sem entender de outra maneira os atos magnéticos relacionados às incomparáveis curas operadas por Jesus Cristo, eu lembrarei que tendo ele sido tocado, na ponta de seu manto por uma mulher enferma, a qual foi curada. Jesus logo disse: ‘Quem me tocou? “. Como todos se defendessem, Pedro e aqueles que estavam com Ele lhe disseram: “Mestre, a multidão vos pressiona e vos oprime e vós quereis saber quem vos tocou!”.
Jesus respondeu: “Alguém me tocou, pois senti uma virtude que saiu de mim!”.
Essas palavras de Jesus Cristo tem, na boca de São Lucas, um caráter particular que hoje interessa bastante ao magnetismo, pois São Mateus, que era um coletor de impostos não fala da “virtude saída” do corpo de Jesus Cristo, cita apenas a cura; São Marcos, discípulo de São Pedro, que era um pescador, diz simplesmente que Jesus conhecendo em si mesmo a virtude que saía dele, se voltou para a multidão e disse “Quem tocou minhas vestes?”
São João nada diz sobre este assunto.

São Lucas relata com palavras completamente racionais: “Alguém me tocou, pois senti uma virtude que saiu de mim!”.
Por que esta superioridade de São Lucas sobre os outros evangelistas? É que São Lucas era médico.

Seu Evangelho oferece mesmo esta particularidade médica e magnética. Ele é também o único dos evangelistas que diz a respeito da mulher doente:
“Que ela havia dispensado todos seus bens com os médicos e que nenhum pode curá-la.” Para São Lucas, a cura se deveu a virtude saída do corpo de seu Divino Mestre.
Ora, a virtude magnética que residia em um grau incomparável em Jesus Cristo existe em um grau inferior entre todos os homens e cada vez que um magnetizador impõe suas mãos, dele sai uma virtude”.
Posteriormente, ou seja, mais de vinte anos depois, o mesmo tema voltaria a ser estudado com cuidado por Allan Kardec, no capítulo XV de “A Gênese – os Milagres e as predições segundo o Espiritismo”, no qual encontramos o seguinte comentário do Codificador: “É notável que o efeito não foi provocado por nenhum ato da vontade de Jesus; ele não fez nem magnetização e nem imposição das mãos. A irradiação fluídica normal bastou para operar a cura.

Mas por que essa irradiação se dirigiu para essa mulher, antes que para os outros, uma vez que Jesus não pensava nela e que estava cercado pela multidão?
A razão disso é bem simples. “O fluido, sendo dado como matéria terapêutica, deve atingir a desordem orgânica para repará-la; pode ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído, pelo desejo ardente, a confiança, em uma palavra, a fé do enfermo.” Diz ainda Allan 

Kardec: “Jesus, pois tinha razão em dizer: a vossa fé vos salvou. Compreende-se aqui que a fé não é virtude mística, tal como certas pessoas a entendem, mas uma verdadeira força atrativa, ao passo que aquele que não a tem opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou pelo menos uma força de inércia que paralisa a ação. Segundo isto, compreende-se que dois enfermos atingidos pelo mesmo mal, estando em presença de um curador, um pode ser curado e o outro não.”

Constatamos assim o quanto a preocupação dos estudiosos do Magnetismo em compreender de maneira racional a ação do fluido magnético nas curas operadas por Jesus até então consideradas “miraculosas”. Tal assunto também mereceu a atenção de Kardec que destacou ainda a atitude de quem recebe: se souber exercer a fé como força atrativa poderá, sem dúvida, obter resultados positivos. Aliás, no diversos aplicação épocas Jornal do 
Magnetismo há artigos que abordam a do Magnetismo desde as mais remotas e por diferentes povos. O Barão Du Potet inúmeras vezes referia-se a ele, denominando-o “Ciência dos Templos”, já que inicialmente sua prática se dava no recesso dos templos da 

Antiguidade, seja na Mesopotâmia, na Pérsia, no Egito, Grécia ou em Roma.
Finalizando, recordemos ainda as palavras de Léon Denis, em sua obra “No Invisível”: “Desembaraçado de qualquer móvel interesseiro, praticado com um objetivo de caridade, o magnetismo se torna a medicina dos humildes e dos crentes, do pai de família, da mãe para seus filhos, de todos aqueles que sabem amar. Sua aplicação está ao alcance dos mais simples. Ela exige apenas a confiança em si, a fé no infinito poder que faz irradiar por toda a parte a força e a vida. Como o Cristo e os apóstolos, como os santos, os profetas e os magos, cada um de nós pode impor as mãos e curar se tivermos amor aos semelhantes e a ardente vontade de aliviar”.

JORNAL VÓRTICE -ANO II, n.º 05 , outubro/2009


Leitura Recomendada;

EM QUE PRINCÍPIOS SE FUNDAMENTA O TATO MAGNÉTICO? COMO DESENVOLVÊ-LO?   (NOVO)
DIÁLOGO ENTRE UM PASSISTA E UM MAGNETIZADOR                        (NOVO)
MAGNETISMO E HOMEOPATIA, PRECURSORES DO ESPIRITISMO
PRELIMINAR DE TODO TRATAMENTO MAGNÉTICO
AOS AMIGOS DO MAGNETISMO - REFORMA, PROGRESSO, FUTURO!
MAGNETISMO CLÁSSICO - Aubin Gauthier
O QUE É, QUAIS OS RISCOS E COMO REGULARIZAR UMA SITUAÇÃO DE FADIGA FLUÍDICA?
CAMPO MAGNÉTICO
MESMER FALA SOBRE MEDIUNIDADE E MAGNETISMO
BREVE HISTÓRICO SOBRE MAGNETISMO
DE QUE FORMA O MAGNETISMO PODE AUXILIAR NOS CASOS DE OBSESSÃO
OS BANQUETES MAGNÉTICOS
PERÍODO MAGNÉTICO
MAGNETISMO E ESPIRITISMO
MAGNETISMO NA VIDA HUMANA
DA SENSIBILIDADE MAGNÉTICA
MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL SERÁ COISA MÁGICA OU MARAVILHOSA?
O MAGNETISMO E O ESPIRITISMO COMPARADOS.
O MAGNETISMO NAS OBRAS DE CHICO XAVIER
O MAGNETISMO SEGUNDO LÉON DENIS
ILUSTRES PIONEIROS MARQUÊS DE PUYSÉGUR E O SÁBIO DELEUZE.
RIVAIL E O MAGNETISMO
MAGNETISMO E HIPNOTISMO
DE QUE FORMA O MAGNETISMO PODE AUXILIAR EM CASOS DE OBSESSÃO?
MESMER FALA SOBRE MEDIUNIDADE E MAGNETISMO
CONHECER E ESTUDAR O MAGNETISMO
MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL
A FILOSOFIA DO MAGNETISMO 2
A FILOSOFIA DO MAGNETISMO
DA EXTREMA SENSIBILIDADE DAS CRIANÇAS À AÇÃO DO MAGNETISMO E DE
SEU PRONTO RESTABELECIMENTO
PERÍODO MAGNÉTICO
MAGNETISMO CLÁSSICO (Jornal do Magnetismo critica o Espiritismo)
PRECURSORES DO MAGNETISMO ANIMAL (Parte I)
PRECURSORES DO MAGNETISMO ANIMAL (Parte Final)
EMPREGO OFICIAL DO MAGNETISMO ANIMAL - A DOENÇA DO REI DA SUÉCIA
PASSES E MAGNETISMO
MAGNETISMO,UM SABER A SER RESGATADO
CURA DE UMA FRATURA PELA MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL
QUAIS OS LIMITES QUE SE PODE ALCANÇAR ATRAVÉS DO MAGNETISMO?
O TATO MAGNÉTICO E A FICHA DE ATENDIMENTO
DA DURAÇÃO DO TRATAMENTO MAGNÉTICO CAPÍTULO X
ENSAIO TEÓRICO DAS CURAS INSTANTÂNEAS
TEORIAS E PROCEDIMENTO DO MAGNETISMO
O QUE FAZ COM QUE UM TRATAMENTO MAGNÉTICO SEJA MAIS OU MENOS LONGO?

terça-feira, 20 de novembro de 2012

RIVAIL E O MAGNETISMO


O magnetismo animal, também conhecido por mesmerismo, visto ter sido Franz Anton Mesmer, doutor pela Universidade de Viena, o seu célebre renovador nos tempos modernos, esteve em voga nos fins do século XVIII, adquirindo maior impulso na primeira metade do XIX. Na França, sobretudo, sumidades médicas e ilustres prelados confirmavam a veracidade dos fenômenos magnéticos, principalmente no que diz respeito a curas psíquicas, a diagnósticos e prescrições terapêuticas fornecidos por sonâmbulos, com quem igualmente se observavam incontestáveis fatos de clarividência ou lucidez, de visão a distância, de visão através de corpos opacos, de previsão etc.

Pouco depois que o jovem discípulo de Pestalozzi chegou a Paris, teve a sua curiosidade despertada para o magnetismo animal, a que o marquês de Puységur, juntamente com d'Eslon, professor e regente da Faculdade de Medicina de Paris, e com o sábio naturalista Deleuze, haviam imprimido nova feição, ao modificarem os métodos de Mesmer, disso resultando na descoberta do sonambulismo provocado. Rivail refere-se elogiosamente a esses magnetistas franceses, colocando ao lado deles os nomes de dois outros grandes vultos: o barão Du Potet e o sr. Millet.

A iniciação de Rivail nesse novo ramo dos conhecimentos humanos deu-se aproximadamente em 1823, segundo ele próprio o afirmou. E nos anos que se seguiram aplicaria parte do seu tempo, mas sem prejuízo de suas tarefas educacionais, no estudo criterioso e equilibrado, teórico e prático, de todas as fases ou graus do sonambulismo, testemunhando muitos prodígios provocados pela ação do agente magnético. Suas leituras não se circunscreveram às obras favoráveis ao magnetismo. No propósito de aquilatar o valor das objeções, leu, igualmente, conforme frisou na página 277 da Revue Spirite de 1858, grande número de livros contra essa ciência, “escritos por homens em evidência”.

O barão Du Potet, que mais tarde seria amigo dos espíritas, tornara-se desde 1825 o chefe da escola magnética na França, tendo ido mais longe que seus predecessores na aplicação do magnetismo à terapêutica. Este justamente o lado que mais impressionou a Rivail, que com o tempo pôde inteirar-se bem da força magnética que todos os seres humanos possuem em graus diversos, vindo a ser, ele próprio, “experimentado magnetizador”, segundo escreveu seu amigo pessoal e discípulo Pierre-Gaëtan Leymarie, na Revue Spirite de 1871. Este valoroso espírita lembraria ainda, pela Revue Spirite de 1886, página 631, que o mestre lionês conheceu as pesquisas do padre português José Custódio Faria (o abbé Faria dos franceses) e lhe rendia as devidas homenagens. O padre Faria, iniciado nas práticas do Magnetismo pelo marquês de Puységur, a quem dedicou seu livro De la cause du somneil lucide, ou étude de la nature de l'homme (1819), considerando-o seu mestre, foi o precursor do hipnotismo de Braid. Lecionou em liceus e academias de várias cidades francesas.

Despido dos preconceitos dominantes na época, o padre Faria pôs por terra o caráter sobrenatural com que a Igreja cercava o magnetismo, iniciando em 1813 as suas concorridas conferências na rua de Clichy (Paris), seguidas de demonstrações práticas.

A Igreja condenava o Magnetismo. Tudo provinha da ação de fluidos de origem infernal. Um teólogo francês escreveu que “o sonambulismo e o magnetismo eram sobrenaturais e diabólicos, anticristãos, anticatólicos e antimorais”. O padre Faria estudou as práticas magnéticas e convenceu-se da inanidade de tais interpretações. Crente e padre, não teve dúvida em afrontar as iras dos teólogos do seu tempo, para afirmar que nada havia de sobrenatural em tais fenômenos e que o sono hipnótico era, afinal, uma “modalidade da sugestão.” (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira , Lisboa – Rio de janeiro, vol. X, p.919)

Diz Anna Blackwell, no prefácio à sua tradução inglesa (1875) de O Livro dos Espíritos, que Rivail tomou parte ativa nos trabalhos da Sociedade de Magnetismo de Paris, a mais importante da França. Ele, porém, ficaria eqüidistante das rivalidades doutrinárias que haviam surgido entre os magnetizadores parisienses. Soube fazer amigos nessa e naquela corrente de idéias, e um deles, o magnetizador Fortier, a quem conhecia desde muito tempo, foi quem, em 1854, lhe falaria pela primeira vez das chamadas mesas falantes.

Tendo, assim, adquirido sólidos conhecimentos de magnetismo, ciência que ele mais tarde, em diferentes ocasiões, demonstrou possuir em profundidade ao elaborar o corpo doutrinário do Espiritismo, foi capaz de perceber, logo ao início de suas observações pessoais junto às mesas girantes e falantes a íntima solidariedade entre o Espiritismo e Magnetismo, o que o levaria a afirmar: “Dos fenômenos magnéticos do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas, não há senão um passo; sua conexão é tal, que é, por assim dizer, impossível falar de um sem falar do ouro.”

(WANTUIL, Zeus e THIESEN, Francisco. ALLAN KARDEC. 1.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979. Vol. I, cap. 17. P. 102 a 105)



Leitura Recomendada;


EM QUE PRINCÍPIOS SE FUNDAMENTA O TATO MAGNÉTICO? COMO DESENVOLVÊ-LO?   (NOVO)
DIÁLOGO ENTRE UM PASSISTA E UM MAGNETIZADOR                        (NOVO)
MAGNETISMO E HOMEOPATIA, PRECURSORES DO ESPIRITISMO
PRELIMINAR DE TODO TRATAMENTO MAGNÉTICO
AOS AMIGOS DO MAGNETISMO - REFORMA, PROGRESSO, FUTURO!
MAGNETISMO CLÁSSICO - Aubin Gauthier
O QUE É, QUAIS OS RISCOS E COMO REGULARIZAR UMA SITUAÇÃO DE FADIGA FLUÍDICA?
CAMPO MAGNÉTICO
MESMER FALA SOBRE MEDIUNIDADE E MAGNETISMO
BREVE HISTÓRICO SOBRE MAGNETISMO
DE QUE FORMA O MAGNETISMO PODE AUXILIAR NOS CASOS DE OBSESSÃO
OS BANQUETES MAGNÉTICOS
PERÍODO MAGNÉTICO
MAGNETISMO E ESPIRITISMO
MAGNETISMO NA VIDA HUMANA
DA SENSIBILIDADE MAGNÉTICA
MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL SERÁ COISA MÁGICA OU MARAVILHOSA?
O MAGNETISMO E O ESPIRITISMO COMPARADOS.
O MAGNETISMO NAS OBRAS DE CHICO XAVIER
O MAGNETISMO SEGUNDO LÉON DENIS
ILUSTRES PIONEIROS MARQUÊS DE PUYSÉGUR E O SÁBIO DELEUZE.
MAGNETISMO E HIPNOTISMO
DE QUE FORMA O MAGNETISMO PODE AUXILIAR EM CASOS DE OBSESSÃO?
MESMER FALA SOBRE MEDIUNIDADE E MAGNETISMO
CONHECER E ESTUDAR O MAGNETISMO
MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL
MAGNETISMO NO NOVO TESTAMENTO
A FILOSOFIA DO MAGNETISMO 2
A FILOSOFIA DO MAGNETISMO
DA EXTREMA SENSIBILIDADE DAS CRIANÇAS À AÇÃO DO MAGNETISMO E DE
SEU PRONTO RESTABELECIMENTO
PERÍODO MAGNÉTICO
MAGNETISMO CLÁSSICO (Jornal do Magnetismo critica o Espiritismo)
PRECURSORES DO MAGNETISMO ANIMAL (Parte I)
PRECURSORES DO MAGNETISMO ANIMAL (Parte Final)
EMPREGO OFICIAL DO MAGNETISMO ANIMAL - A DOENÇA DO REI DA SUÉCIA
PASSES E MAGNETISMO
MAGNETISMO,UM SABER A SER RESGATADO
CURA DE UMA FRATURA PELA MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL
QUAIS OS LIMITES QUE SE PODE ALCANÇAR ATRAVÉS DO MAGNETISMO?
O TATO MAGNÉTICO E A FICHA DE ATENDIMENTO
DA DURAÇÃO DO TRATAMENTO MAGNÉTICO CAPÍTULO X
ENSAIO TEÓRICO DAS CURAS INSTANTÂNEAS
TEORIAS E PROCEDIMENTO DO MAGNETISMO
O QUE FAZ COM QUE UM TRATAMENTO MAGNÉTICO SEJA MAIS OU MENOS LONGO?
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2013/03/o-que-faz-com-que-um-tratamento.html

domingo, 4 de novembro de 2012

KARDEC ANALISA EMMANUEL SWEDENBORG

Swedenborg 1688 - 1772
Na Revista Espírita do mês de novembro de 1859, Allan Kardec publica um artigo altamente esclarecedor sobre a veracidade ou não de certas doutrinas e revelações feitas por Espíritos. Na realidade, o Mestre nos dá uma aula sobre tal problemática, analisando as experiências mediúnicas de Swedenborg, e suas constatações pós mortem.

Inicialmente, o Codificador faz um breve resumo biográfico de Swedenborg, e comenta que o mesmo “é um desses personagens mais conhecidos de nome que de fato, ao menos para o vulgo.” Segundo Kardec, “suas obras muito volumosas e, em geral, muito abstratas, quase que só são lidas pelos eruditos.” Daí, para uns, “ele é considerado um grande homem, para outros, não passa de um charlatão, de um visionário, de um taumaturgo.”

Assevera o Codificador, que na realidade a doutrina defendida por Swedenborg deixa muito a desejar. E que o próprio Swedenborg, na condição de Espírito, está longe de aprová-La em todos os pontos! No entanto, segundo as palavras de Kardec, “por mais refutável que seja, nem por isso deixará de ser um dos homens mais eminentes do seu século.”

Afinal, quem foi Swedenborg? - Emmanuel Swedenborg, nasceu em 1688, em Estocolmo, e faleceu em Londres, em 1722, aos 84 anos de idade. Destacou-se em todas as ciências, especialmente na Teologia, na Mecânica, na Física e na Metalurgia. Em 1716, Carlos XII o nomeou seu assessor na Escola de Metalurgia de Estocolmo. A rainha Ulrica o fez nobre, e ele ocupou os pontos de maior relevo, com distinção, até 1743, época em que teve a sua primeira revelação espírita. Tinha então, 55 anos. Pediu demissão e não quis mais se ocupar senão de seu apostolado e do estabelecimento da doutrina Nova Jerusalém.

Allan Kardec observa que “mesmo rendendo justiça ao mérito pessoal de Swedenborg, como cientista e como homem de bem, não nos podemos constituir defensores de doutrinas que o mais elementar bom-senso condena.” À esse respeito, vale pontuar que hodiernamente, tal determinação kardeciana, é totalmente desconsiderada! Qualquer mensagem mediúnica, ou entendimentos pessoais de médiuns e/ou palestrantes famosos ou não, por mais esdrúxulos e contraditórios que sejam, são acatados, publicados e divulgados como preceitos espíritas válidos e procedentes.

Acrescenta o Codificador: - “Ele (Swedenborg) cometeu um equívoco dificilmente perdoável, não obstante sua experiência das coisas do mundo oculto: o de aceitar cegamente tudo quanto lhe era ditado, sem o submeter ao controle severo da razão. Se tivesse pesado maduramente os prós e os contras, teria reconhecido princípios irreconciliáveis com a lógica, por menos rigorosa que fosse. (...) A qualidade que a si mesmo se atribui o Espírito que a ele se manifestou bastaria para o por em guarda, sobretudo se considerarmos a trivialidade de sua apresentação. (...) Seus próprios erros devem ser um ensinamento para os médiuns demasiado crédulos, que certos Espíritos procuram fascinar, lisonjeando-lhes a vaidade ou os preconceitos por uma linguagem pomposa ou de aparências enganosas.” (grifei) Observemos o alerta de Kardec para o controle severo da razão!

Prosseguindo em seus esclarecimentos, o Mestre transcreve uma comunicação dada pelo Espírito de Swedenborg, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em 23 de setembro de 1859, na qual, o Espírito faz a abertura da sessão, pontuando dentre outras coisas, que sua moral espírita e a sua doutrina, não estariam isentas de grandes erros, os quais atualmente (na condição de Espírito) reconhece. Nega por exemplo, a “eternidade das penas“, como também a existência “do mundo dos anjos”. Assim se expressa o Espírito: “O que eu também dizia do mundo dos anjos, que é o que pregam os templos, não passava de ilusão dos meus sentidos; acreditei vê-lo, agia de boa-fé, mas enganei-me.” (grifei) Vale ressaltar aqui, o cuidado para as tais “cidades espirituais” tão em voga na literatura espiritualista!

Vejamos agora, algumas indagações feitas por Allan Kardec, e as respectivas respostas dadas pelo Espírito de Swedenborg:

- Qual foi o Espírito que vos apareceu, dizendo ser o próprio Deus? Era realmente Deus? Resposta - Não. Acreditei no que me falava porque nele via um ser sobre-humano e fiquei lisonjeado. (grifei)

- Por que ele tomou o nome de Deus?
Resposta - Para ser mais bem obedecido. (grifei) O Espírito utiliza-se do nome de personalidades famosas e respeitadas para que seja facilmente obedecido pelo médium lisonjeado e temeroso.

- Aquele Espírito que vos fez escrever coisas que hoje reconheceis como errôneas. Ele o fez com boa ou com má intenção?
- Não o fez com má intenção; ele próprio se enganou, porque não era suficientemente esclarecido. Agora percebo que as ilusões do meu próprio Espírito e de minha inteligência o influenciavam, mau grado seu. Entretanto, no meio de alguns erros de sistema, fácil é reconhecer grandes verdades. (grifei)

Oportuno observar na fala de Swedenborg, que o Espírito comunicante era de grau evolutivo inferior, e se deixava também influenciar pelas “ilusões” criadas por Swedenborg, “mau grado seu”!

- O princípio de vossa doutrina repousa sobre as correspondências. Continuais acreditando nessas relações que encontráveis entre cada coisa do mundo material, e cada coisa do mundo moral?
Resposta - Não; é uma ficção. (grifei)

- Poderíeis dizer-nos de que maneira recebíeis as comunicações dos Espíritos? Escrevíeis aquilo que vos era revelado à maneira de nossos médiuns, ou por inspiração?
Resposta - Quando me achava em silêncio e em recolhimento, meu Espírito ficava como que maravilhado, extasiado, e eu via claramente uma imagem diante de mim, que me falava e ditava o que deveria escrever; algumas vezes minha imaginação se misturava nisso. (grifei)

Diante de ensinamentos tão importantes, ministrados e exemplificados com tanta propriedade pelo Mestre Allan Kardec, constatamos da necessidade do estudo efetivo e aprofundado das Obras Fundamentais da Codificação, e da Revista Espírita. Só assim poderemos identificar e rechaçar a avalanche de mensagens de Espíritos desencarnados e/ou encarnados, produto de ilusões e mistificações, e que acabam por confundir e desvirtuar os preceitos doutrinários Espíritas, levando multidões de desavisados ao engano e a futuras decepções. 

Por Maria das Graças Cabral 

REFERÊNCIA:
KARDEC, Allan. REVISTA ESPÍRITA, Jornal de Estudos Psicológicos. Ano II, novembro de 1859. Ed. FEB., RJ/RJ, 2ª edição, 2004, p. 437/446.
In: Um Olhar Espírita - http://umolharespirita1.blogspot.com/2012/02/kardec-analisa-swedenborg.html
Posted in: Allan Kardec,Bom Senso,comunicação mediúnica,CUEE,Doutrina Espírita,espiritismo,mistificação,O Crivo da Razão,Swedenborg


Leitura Recomendada;
 Leitura Recomendada;

EXPOENTES DA CODIFICAÇÃO FÉLICITÉ ROBERT DE LAMENNAIS
EXPOENTES DA CODIFICAÇÃO JOÃO MARIA VIANNEY - O CURA D'ARS
EXPOENTES DA CODIFICAÇÃO JOÃO MARIA VIANNEY - O CURA D'ARS
EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO JEAN-JACQUES ROUSSEAU
EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO DELPHINE DE GIRARDIN
EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO BLAISE PASCAL                  
EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO SÓCRATES                          
EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO PLATÃO                               
EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO JOANA D'ARC                     
EXPOENTE DA CODIFICAÇÃO DELPHINE DE GIRARDIN   
ANDRÉ LUIZ CONCEDE ESPETACULAR ENTREVISTA EM 1964.             
ERASTO
TOMÉ - O APÓSTOLO DESCRENTE
A CARIDADE SEGUNDO O APÓSTOLO PAULO
SANTO AGOSTINHO E O ESPIRITISMO
PAULO [OU SAULO PARA OS HEBREUS] DE TARSO, O APÓSTOLO DOS GENTIOS
NICODEMOS (O ENTREVISTADOR NOTURNO)
A GRANDE CONTRIBUIÇÃO DE JAN HUSS
SERIE ANDRE LUIZ (CHICO XAVIER)
ANDRÉ LUIZ - REFLEXÕES NECESSÁRIAS
AS IRMÃS FOX E O FENÔMENO DE HYDESVILLE
http://espiritaespiritismoberg.blogspot.com.br/2012/09/as-irmas-fox-e-o-fenomeno-de-hydesville.html