quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

RESGATANDO O PASSADO

Raimundo Eliseu Filho,
magnetizador do
Centro Espírita
Camille Flammarion em
Fortaleza-CE

professoreliseufilho@ig.com.br


A origem do termo “passe” e das suas “técnicas”

A aplicação de “passes” nas Casas Espíritas é uma prática bastante difundida atualmente. O trabalhador espírita dedicado a esta tarefa, ou seja, o “passista”, faz uso de técnicas como a imposição de mãos, passes longitudinais, passes transversais e esporadicamente o perpendicular. Mas será que a origem de tais técnicas é conhecida por eles? E quantos saberiam dizer de onde vem o termo “passe”?

A resposta para tais questionamentos só foi possível com a tradução do livro “Teorias e Procedimentos do Magnetismo”, de Hector Durville, através do Centro Espírita Léon Denis no estado do Rio de Janeiro. Nesse livro, o autor descreve como os principais magnetizadores dos séculos XVIII e XIX, a citar: Mesmer, Deleuze, Marquês de Puysegur, Barão Du Potet, Charles Lafontaine, além do próprio Durville, tratavam seus pacientes. Dentre estes, o francês Joseph Philipe François Deleuze interessava-se muito pelas técnicas de magnetização de seus predecessores; ele assim descreve o que hoje se chama passe transversal:
(...) fareis diante do rosto e mesmo diante do peito alguns passes atravessados, numa distância de três ou quatro polegadas. Esses passes se fazem apresentando as duas mãos aproximadas e afastando-as bruscamente uma da outra, como para retirar a superabundância do fluido do qual o doente poderia estar carregado. (p. 89)

Sobre o passe longitudinal, Deleuze ensina que:

Esta maneira de magnetizar pelos passes longitudinais dirigindo o fluido da cabeça às extremidades, sem se fixar sobre nenhuma parte de preferência às outras, chama-se magnetizar em grandes correntes. (p. 90)

Para finalizar um tratamento magnético Deleuze sugeria o que, atualmente, seriam os passes perpendiculares:
 Existe enfim, um procedimento pelo qual é muito vantajoso terminar a sessão. Ele consiste em colocar-se ao lado do doente, que se mantém levantado, e fazer, a um pé de distância e com as duas mãos, das quais uma está diante do corpo e a outra atrás das costas, sete ou oito passes, começando acima da cabeça e descendo até ao chão ao longo do qual se afastam as mãos. Este procedimento alivia a cabeça, restabelece o equilíbrio e dá forças. (p. 90)

Todas essas descrições foram originalmente feitas no livro “Instrução Prática sobre o Magnetismo Animal” de Deleuze, escrito em 1853, antes, portanto, do surgimento do próprio Espiritismo.
Depreende-se, então, que a prática empregada na maioria e porque não dizer, em todos os Centros Espíritas do Brasil, é herança da dedicação, pesquisa, estudo e trabalho de magnetizadores como Deleuze e os demais supra-citados.

E para não restar dúvidas de que o primeiro a usar o termo “passe” foi François Deleuze, Hector Durville escreve:

Até aqui toda a magnetização se resume no emprego do que ele (Deleuze) chama os passes, praticados seja à distância, seja por um ligeiro contato (...). (p. 90)

Fica claro, que “o passe”, amplamente usado pelos magnetizadores, é tão somente uma, dentre várias técnicas de magnetização, como a imposição de mãos e o sopro também o são.
Cabe nesse momento fazer uma reflexão:

Por qual(ais) motivo(s) uma expressão específica tomou, erroneamente, a representação de algo tão mais amplo, ou seja, do Magnetismo enquanto ciência?

Não se quer aqui, com este artigo, fazer um jogo de palavras ou confundir o leitor  (notadamente o espírita), mas sim, mostrar que tal falha de interpretação possivelmente contribuiu para a dissociação das duas ciências (Magnetismo e o Espiritismo) que, para Allan Kardec eram inseparáveis.□

JORNAL VÓRTICE ANO V, n.º 11 - abril - 2013


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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

PUYSÉGUR E O HIPNOTISMO

Hernâni Guimarães Andrade

A descoberta do «sono magnético» efectuada por Armand Marie Jacques Chastenet de Puységur teve consequências extraordinárias. Uma vez difundida, a hipnose permitiu que se obtivessem curas impressionantes. Mas o mais extraordinário uso da hipnose foi feito pelo cirurgião escocês James Esdaile (1808-1859), o qual através do emprego do hipnotismo fez, com total êxito, mais de 3 mil intervenções cirúrgicas – cerca de 300 delas de profundidade e gravidade consideráveis – sem o emprego de anestesia química e da assepsia.

«Por que a proximidade do corpo humano, que devolve o brilho a uma pérola e renova a radiante força vital, não há-de ser capaz de desenvolver em torno de si uma aura de calor ou de luz que actue sobre outros nervos como um excitante ou um sedativo? Por que não se podem produzir, neste corpo e alma, secretas correntes e refluxos e, de indivíduo a indivíduo, atracções e repulsões, simpatias e antipatias? Quem arriscará hoje, nesta esfera, um categórico sim ou um ousado não?».*

A descoberta do hipnotismo

Depois de abandonar Paris em 1785 e mesmo após sua morte, Mesmer continuou a influir no mundo ocidental, por meio de suas ideias. Os seus inúmeros discípulos e admiradores continuaram a sua obra. É possível que Mesmer não houvesse atinado exactamente com a natureza daquilo que ele denominava de magnetismo animal. Entretanto as suas teorias e os factos que rodearam a sua obra tiveram uma força impressionante. Perduram ainda hoje e, vez ou outra, vê-se reactivar o mesmerismo, sob a forma de um movimento ou de uma doutrina nova.

Discípulo fiel de Mesmer, o marquês Armand Jacques Chastenet de Puységur (1751-1825) foi, na França, um dos seus mais ilustres seguidores. A ele se atribui a descoberta do hipnotismo.

Uma das características do método terapêutico de Mesmer era a provocação das crises, seguidas de convulsões e de outras manifestações histéricas. Na maioria das vezes o doente debatia-se, agitava-se violentamente, parecia, finalmente, desfalecer e entrar em calma, tendo os seus sintomas aliviados. Junto às tinas (baquet), providenciava-se uma sala acolchoada guarnecida de almofadões, para onde eram transportados os pacientes em estado convulsivo. Ali, eles estrebuchavam à vontade, sem o perigo de se magoarem.

Puységur era um marquês, um homem abastado e filantropo. Abraçara as ideias de Mesmer por diletantismo e por se ter apaixonado pelo magnetismo animal. Assim, enquanto Mesmer, em Paris, atendia às elites parisienses, ociosas e ávidas de novidades, o marquês de Puységur, em Buzancy, acudia gratuitamente à pobreza. Uma multidão procurava o marquês, o qual se esforçava por medicar seus clientes rigorosamente de acordo com as prescrições do seu mestre.

Certa ocasião, Puységur foi procurado para socorrer um jovem pastor, de 18 anos, chamado Victor Race. Ele estava enfermo, sofria de dores nas costas, respirava com dificuldade e necessitava de ser tratado pelo marquês. Este aplicou-lhe os passes magnéticos, como era da praxe. Qual não foi a surpresa de Puységur quando, em lugar das reacções costumeiras, espasmos, convulsões, etc., o paciente mergulhou tranquilamente em sono profundo! 

Puységur tentou despertar o pastorzinho, sacudindo-o. Mas debalde! O jovem continuou a dormir profundamente. O marquês ordena-lhe, então, que se levante. Surpresa maior, o rapaz ergue-se dormindo e, de olhos fechados, perambula pelo quarto como se estivesse acordado e de olhos abertos. Comportava-se como um sonâmbulo comum que, à noite, se afasta da cama e, dormindo, caminha por quaisquer lugares, beirais, telhado, terraços de difícil acesso, etc., tendo os olhos cerrados.

Puységur, interessado na sua nova descoberta, procurou investigar melhor aquele singular estado de sono acordado e vigília dormente. Tentou repetir a mesma condição noutras pessoas, usando o magnetismo e a sugestão verbal. Teve êxito.

Procurou dar ordens pós-hipnóticas, isto é, sugerir uma dada tarefa para o paciente cumprir depois de acordado. Foi bem sucedido. O sujeito cumpria à risca a ordem dada durante o sono, após haver retornado ao estado de vigília. As sugestões dadas em estado de hipnose eram mais actuantes e, por este método, também se obtinham as curas. Foi assim que Victor, o jovem pastor doente, ao acordar, se viu livre dos seus sintomas. Estava curado.

Naturalmente, Mesmer e outros magnetizadores já haviam observado o transe sonambúlico, semelhante ao obtido por Puységur. Mas não lhe prestaram a devida atenção. Mais ainda, ele observou que, numa ocasião, Victor Race, ao ser levado ao estado hipnótico, mostrou-se possuidor de impressionantes faculdades paranormais: via à distância e, com os olhos fechados, obedecia às ordens mentais de Puységur (telepatia) e falava com uma linguagem acima das suas possibilidades culturais.

Puységur havia descoberto o hipnotismo!

O marquês comunicou a sua descoberta à Academia de Medicina, chamando a atenção dos cientistas para a nova forma de curar através do sono induzido magnético. A Academia de Medicina mostrou-se interessada na questão e nomeou comissões para estudarem os casos. Uns relatórios foram a favor e outros contra, sem haver uma opinião unânime. Finalmente, em 1837, instituiu-se um prémio para se dirimirem as dúvidas. Mas, ao contrário do que se esperava, a prova não envolvia qualquer demonstração de cura pela hipnose. Ofereciam-se 3000 francos ao hipnotizador que apresentasse um sonâmbulo capaz de enxergar através de obstáculos opacos!

Jamais qualquer paciente passaria numa prova destas. Basta que se cite o exemplo da filha do dr. Pigaire, cuja clarividência havia sido atestada por Arago. A garota, de 12 anos apenas, cujos olhos foram totalmente vendados pelos experimentadores, mostrou que podia ver perfeitamente os objectos, mesmo nestas condições. Pois bem, o veredicto dos doutos académicos foi contrário. Chegaram à conclusão de que embora rigorosamente blindados os seus olhos, a sua faculdade da visão não podia ser descartada por ter ela uma vista fisiológica normal; não era cega, logo...

E a questão do hipnotismo foi arquivada pela Academia (1).

A catalepsia

A catalepsia é um estado que envolve a súbita suspensão da sensação e da volição, bem como a paragem parcial das funções vitais. Ocorre, ao mesmo tempo, uma modificação no corpo do paciente. Este torna-se rígido e a sua aparência pode ser confundida com a de uma pessoa morta. Na maioria das vezes, o indivíduo fica inconsciente durante o transe cataléptico. Noutras ocasiões, o paciente manifesta intensa excitação mental, por acções e palavras aparentemente voluntárias. O ataque cataléptico tem duração variável, indo de alguns minutos a vários dias. Ele pode repetir-se por qualquer motivo insignificante, se não houver resistência por parte do paciente.

Perturbações do sistema nervoso, geralmente provocadas por emoções fortes e prolongadas, um susto ou um medo violento chegam a produzir o estado cataléptico. Alguns pequenos animais podem ser postos em catalepsia, por meio de manobras físicas.

Em 1787, o dr. Jacques Henri Désiré Petétin (1744-1808), de Lyon, descobriu como levar um paciente hipnotizado ao transe cataléptico. Em sua obra, Electricité Animal (1808), ele comunica ter observado, nas suas experiências com a catalepsia, pacientes a manifestarem impressionantes faculdades paranormais. Entre os fenómenos estranhos observados, assinala-se a transposição dos sentidos. Alguns pacientes em estado cataléptico pareciam surdos quando a voz era dirigida aos seus ouvidos. Entretanto, ouviam perfeitamente bem se as palavras lhes eram sussurradas ao nível do estômago. O mesmo facto ocorria com relação à visão. O sujeito mostrava-se capaz de «ver» com a região correspondente ao estômago, o mesmo ocorrendo com os outros sentidos, os quais pareciam transpostos para aquela região. Outras vezes os sentidos sofriam uma transposição diferente, para a ponta dos dedos da mão ou dos pés, por exemplo (2).

O hipnotismo em suas variadas fases é capaz de fazer sobressair algumas faculdades paranormais, porque ele enseja a emersão do inconsciente do paciente, facilitando um relacionamento entre aquele e o consciente do hipnotizador. Este último, tendo acesso ao inconsciente do paciente, pode despertar-lhe a função psi, levando-o a manifestar as suas faculdades paranormais. No estado de sono hipnótico, o indivíduo torna-se altamente sugestionável e obediente às ordens do hipnotizador.

Esta sugestionabilidade talvez explique boa parte das curas pelo magnetismo. A grande maioria das doenças possivelmente são de origem psíquica. A hipnose, facilitando o acesso às câmaras mais profundas da mente, poderá exercer uma acção bloqueadora ou libertadora dos seus conteúdos. Os magnetizadores depressa perceberam este facto e passaram a usar a sugestão hipnótica como poderosa arma contra as doenças psicossomáticas ou somatoformes.

Cirurgias sem dor sob hipnose

Um dos fenómenos de sugestão obtidos com a hipnose é o da supressão da dor e o da anestesia sem emprego de drogas. É conhecido da maioria dos leitores que se usa hipnose na odontologia, em substituição dos métodos de anestesia química.

Na segunda metade do ano de 1800 houve uma grande difusão do hipnotismo mesmérico. John Elliotson (1791-1868) fundou em 1846, em Londres, um hospital onde se empregavam as práticas mesméricas. Surgiram, logo mais, outras instituições semelhantes, em Edimburgo, Dublin e Exeter. «Nesta última cidade, Parker realizou mais de 200 intervenções cirúrgicas sem dor, dentre 1200 mesmerizados»(3).

Mas o mais impressionante é o episódio de James Esdaile (1808-1859). Vamos tomar todos os detalhes acerca de Esdaile, da excelente obra do dr. Osmard Andrade Faria, que acabámos de citar: Hipnose Médica e Odontológica.

Esdaile nasceu em Perth, na Escócia. Formou-se em medicina em 1830 e foi exercer clínica na Índia. Informado a respeito dos trabalhos de Elliotson, procurou aplicar os princípios do mesmerismo em um hindu portador de dupla hidrocele, em 4 de Abril de 1845, no Native Hospital de Hooghly. Apesar dos seus sofrimentos, o paciente caiu em sono profundo e pôde ser operado sem anestesia. Logo mais, Esdaile iria contar com 75 intervenções cirúrgicas feitas sob hipnose.

Ao completar 100 cirurgias, Esdaile enviou uma comunicação ao governador de Bengala, sir Herbert Makkock, solicitando-lhe apoio oficial para o desenvolvimento das suas pesquisas. Um conselho médico de investigações nomeado pelo governador aprovou a solicitação de Esdaile. Da comunicação que F. J. Halliday, secretário do Governo de Bengala e presidente do Conselho, dirigiu a Esdaile, destacamos o seguinte trecho:

“Considerando, porém, a possibilidade de se realizarem as mais sérias intervenções cirúrgicas sem dor e sofrimento para os pacientes, é opinião de S. Exª, baseado no testemunho visual da comissão relatora que as investigações merecem ser facilitadas, permitindo-lhe prosseguir nas suas interessantes experiências, sob as mais favoráveis e promissoras circunstâncias” (obra citada, pág.15).

Diante do parecer da comissão e da atitude favorável do governador de Bengala, em Novembro de 1846 foi posto à disposição de Esdaile, em Calcutá, um pequeno hospital. Constituiu-se um grupo fiscal composto por médicos indicados pelo Governo para acompanhar os trabalhos. Estes testemunharam “as mais variadas intervenções cirúrgicas sem o menor sofrimento para o paciente, redução do choque cirúrgico e do trauma doloroso pós-operatório” (obra citada, pág.18).

Em Julho de 1847, Esdaile apresentou um relatório de suas actividades, enquanto a comissão de médicos nomeada pelo Governo lhe comunicava os excelentes resultados observados. Eis um trecho do relatório de Esdaile, e que teve o apoio da comissão: «Durante alguns meses estivemos ocupados quase exclusivamente com a cirurgia, o sucesso das operações indolores praticamente eclipsando os resultados menos espectaculosos da orla clínica. Esses, porém, tornam-se agora progressivamente conhecidos pelo público e sucessos médicos estão já a ser obtidos de forma encorajadora, bem como outros casos de natureza mais grave como epilepsia, demência, paralisia e outras afecções nervosas, dolorosas, prometem compensar o nosso labor.

«Tais casos, porém, por antigos e inveterados, requerem logo tratamento para marcar alguma resposta e deixar-nos certezas dos resultados.

«Os casos cirúrgicos, por razões bem conhecidas de V. Exª, são quase todos similares (remoção de enormes tumores de elefantíase), mas, felizmente, para demonstração do poder calmante e narcótico do mesmerismo, as intervenções têm sido as mais severas e perigosas que se podem realizar no corpo humano.

«Uma maior variedade de casos médicos e cirúrgicos é, no entanto, desejável e poderá ser facilmente conseguida nos hospitais públicos de Calcutá. Será no campo dos grandes hospitais, com a sua variedade de pacientes e incidentes, que a utilidade do mesmerismo poderá ser melhor e mais rapidamente ilustrada...

«Em conclusão, desejo pedir a atenção do Governador para as estatísticas concernentes ao assunto, ponto de máximo interesse para estabelecer a proporção de mortalidade nas velhas e novas escolas cirúrgicas.

«A esse propósito tenho a honra de juntar uma relação de todas as intervenções mesméricas realizadas por mim totalizando 133, e espero do Governador os necessários elementos de comparação com os resultados obtidos nos diferentes hospitais de Calcutá» (obra citada, pp. 16 e 17).

Tendo-se findado o prazo concedido a Esdaile e por este assumido, o pequeno hospital de Calcutá foi desactivado. Apesar dos movimentos populares solicitando a reabertura do referido hospital, as autoridades mantiveram-se irredutíveis. Entretanto, a própria população quotizou-se para manter as despesas e foi fundado um novo serviço hospitalar para a prática do mesmerismo, sendo ele entregue à direcção de Esdaile, em Setembro de 1848. Posteriormente, o próprio Governo indiano ofereceu a Esdaile a transferência de seus serviços para o Sarkeas’s Lane Hospital and Dispensary.

Por questões de saúde, Esdaile ausentou-se da Índia, deixando em seu lugar o prof. Webb. «Durante o período em que praticou o mesmerismo na Índia, realizou Esdaile para mais de 3000 intervenções sob hipnose, das quais 300 de cirurgia maior» (obra citada, pág. 17).

Seria interessante lembrar, aqui, que naquela época (1845) não se conheciam ainda os antibióticos. Outro ponto importante a ser destacado é que Esdaile praticava as intervenções cirúrgicas, em seu estado normal, sem nenhuma manifestação mediúnica perceptível por parte dos que o rodeavam. Ele era escocês e, em 1845, na Índia, onde ele se encontrava, não se conhecia o espiritismo. Lembramos que o Le Premier Livre des Espirits, de Allan Kardec, foi publicado em 18 de Abril de 1857, portanto 12 anos após Esdaile haver feito a sua primeira intervenção cirúrgica sem anestesia, em 4 de Abril de 1845.

O hipnotismo científico

Em 1823, um jovem médico de Paris, Alexandre Bertrand (1795-1831), publicou um livro, Traité du Somnambulisme. Três anos mais tarde, ele lançou um segundo trabalho, Du Magnétisme Animal en France. Foi Bertrand quem descobriu o papel importante da sugestão nos fenómenos atribuídos ao magnetismo animal. Ele observara a conexão entre o sono magnético, o êxtase colectivo e o sonambulismo e chegara à conclusão de que as curas e demais sintomas, antes atribuídos ao magnetismo animal, à electricidade animal e quejandos, não passavam de meras sugestões de magnetizador agindo sobre a imaginação de um paciente cuja sugestionabilidade foi altamente aumentada.

Se Bertrand tivesse vivido durante mais tempo – ele morreu aos 36 anos de idade – talvez houvesse antecipado a aceitação científica do transe induzido.

Outro personagem que merece ser citado neste particular é o abade José Custódio de Faria (1756-1819), nascido em Condolin de Bardez, na Índia Portuguesa. Inicialmente praticou o mesmerismo, mas posteriormente concluiu que o paciente era conduzido ao que ele chamava de sonho lúcido, por sua própria vontade e pelo poder da sugestão. Expressou as suas ideias num livro: De la Cause du Sommeil Lucide ou l’Etude Sur la Nature de l’Homme, Paris, 1819, t.I, (único).

Embora tivesse despertado interesse e suscitado admiradores como Liébeault, Custódio de Faria não logrou projecção duradoura. O mesmerismo continuou a fazer adeptos e a manter-se como a hipótese mais aceitável.

Coube a James Braid (1795-1860), um cirurgião de Manchester, nascido em Rylaw House, Fifeshire, conduzir o hipnotismo ao ponto de aceitação académica. «A ele deve a hipnose a sua primeira conceituação realmente científica e filosófica, despida de empirismos e ideias absurdas. A Braid devemos por outro lado a actual terminologia empregada para descrever os fenómenos de inibição cortical». (4)

Na sua sessão mesmérica, conduzida pelo francês Charles Lafontaine, Braid notou que o paciente magnetizado se mostrava incapaz de abrir os olhos. Para Braid, as pálpebras do paciente achavam-se fatigadas.

«Tal incidente alertou a curiosidade de Braid. Pareceu-lhe inicialmente que estava ali a causa do fenómeno. Ou, se não era aquele exactamente o ponto capital, de qualquer maneira a exaustão palpebral e a catalepsia observadas deveriam ter qualquer participação no desencadeamento do transe mesmérico». (5)

Retornando à sua casa, Braid tentou algumas experiências para testar a sua hipótese de trabalho. Os seus primeiros pacientes foram a sua própria esposa, um criado e um amigo. Fê-los fitarem fixamente um objecto brilhante até cansarem a vista a ponto de não poderem manter abertas as pálpebras. A partir daí conseguiu hipnotizá-los facilmente.

James Braid chegou, independentemente, às mesmas conclusões a que Alexandre Bertrand havia chegado há cerca de 18 anos: o fenómeno do mesmerismo não implicava na existência de qualquer influência planetária, «fluido magnético animal» ou qualquer poder estranho do magnetizador. Em suma, o transe não era induzido senão pela sugestão aliada a uma estimulação continuada capaz de produzir alterações nos órgãos dos sentidos, levando-os para certo grau de exaustão. Por conseguinte, o estado de sono mesmérico diferenciava-se do sono fisiológico.

Braid publicou, em 1843, um livro intitulado: Neurohypnology or the Rationale of Nervous Sleep. Nesta obra, ele lançou os primeiros termos da nomenclatura agora usada em nossos dias: sono neuro-hipnológico, hipnologia (abreviatura de neuro-hipnologia), hipnotismo, hipnótico, hipnose, etc..

Com Braid, iniciou-se, pois, a fase científica do hipnotismo, candidatando-se o mesmo a ser um novo ramo da fisiologia. Embora ainda não se tivesse uma explicação definitiva acerca do seu mecanismo, acreditava-se, pelo menos, que o hipnotismo parecia decorrer de causas naturais fisiológicas, por-tanto susceptível de uma abordagem estritamente científica. Doravante as discussões iriam versar sobre-tudo em torno do mecanismo de produção dos fenómenos da hipnose. Nesta disputa destacar-se-iam três grandes nomes: Ambroise Auguste Liébeault, Henri Bernheim e Jean-Martin Charcot.

A sugestão

Ambroise Auguste Liébeault procurou investigar o problema do hipnotismo observando-o nos seus próprios clientes. Suas pesquisas prolongaram-se por mais de 20 anos. Publicou um livro sobre a hipnose: Du Sommeil et des États Analougues, Considerés au Point de Vue de l’Action.

A ideia central de Liébeault, sobre o mecanismo da hipnose é a sugestão.

Henri Bernheim não aceitava o hipnotismo e nem votava qualquer admiração por Liébeault. Entretanto, um simples acidente fê-los amigos. Bernheim tratara, durante cerca de seis anos, e sem resultados, um cliente que sofria de ciática. O referido doente, aconselhado por outras pessoas, procurou Liébeault. Em curtíssimo prazo o paciente voltou a Bernheim, inteiramente livre de seu mal. Este facto despertou a curiosidade de Bernheim, o qual procurou Liébeault para conhecer os seus métodos de cura. Tornou-se, assim, discípulo e amigo inseparável do mesmo.

De 1822 a 1884, Bernheim fez intensas investigações, enfeixando suas experiências em um primeiro livro: De la Suggestion. Em 1886 completou-o, lançando um segundo tomo: La Therapéutique Suggestive. As suas duas obras tiveram amplo sucesso e provocaram grande afluência de médicos à cidade de Nancy, onde Bernheim tinha a sua clínica.

Vamos transcrever, do trabalho do Dr. Osmard A. Faria um trecho importante, concernente às ideias expostas nas obras de Bernheim e Liébeault: «Em tais livros, como no de Liébeault, o tema central é o efeito da sugestão, melhor, da hetero-sugestão, na obtenção de resultados terapêuticos». Assim agiria o hipnotismo de Braid. E que se teria por sugestão no entender desses autores?

Explica a escola de Nancy: Sugestão é o acto pelo qual se faz aceitar pelo cérebro de outrem uma ideia qualquer. (Obra citada, pág. 23).

Comentando as ideias de Alexandre Bertrand, de Liébeault e de Bernheim, o Dr. Osmard A. Faria observa que obviamente «é fácil implantar uma ideia no cérebro do hipnotizado, que lhe podemos dar sugestões úteis, que fará aquilo que insinuarmos. Mas a dúvida principal mantinha-se irrespondida (...).» (Obra citada, p.24). Esta dúvida resume-se em como funciona o cérebro durante o processo da hipnose.

Não é apenas esta questão que o ilustre e competente hipnólogo, Dr. Osmard A. Faria, formula em seu esplêndido livro. Outras mais e muito oportunas são colocadas por ele, mostrando que a questão do mecanismo da hipnose havia apenas sido iniciada por aqueles cientistas.

O terceiro hipnólogo que apresentou uma hipótese de trabalho para explicar o mecanismo da hipnose foi Jean-Martin Charcot (1825-1892), do famoso hospital da Salpêtriére, em Paris.

Renomado neurologista, em 1862 tornou-se chefe de serviço naquele hospital, passando a leccionar, ali, em 1868, Moléstia do Sistema Nervoso. Em 1870 encarregou-se dos histéricos não alienados. Em 1878, Charcot iniciou suas investigações sobre a histeria e o hipnotismo. Breve a chamada escola da Salpêtriére se tornou mundialmente famosa. Foi aí que Alfred Binet, Pierre Janet e Sigmund Freud travaram contacto com as manifestações do inconsciente.

Apesar de todo o peso de seus títulos e da fama da escola da Salpêtriére, as ideias de Charcot, acerca da estreita e exclusiva relação entre a histeria e o fenómeno do hipnotismo, mostraram-se inconsistentes com os factos. Restou, assim, como a mais correcta, a hipótese de Henri Bernheim, da escola de Nancy.

Veremos, mais tarde, no decorrer desta série de artigos, que as ideias de Mesmer não foram de todo descartadas, e que as mais recentes hipóteses da psicotrónica parecem dar-lhes certo apoio.
___________
*(Zweig, S. – A cura pelo Espírito, Rio de Janeiro: Guanabara, 1940, p.112). (1) - Fodor, N. - Encyclopaedia of Psychic Science, USA; University Books, 1974, p. 45. (2) Spence, L. An Encyclopaedia of Occultism, Secaucus, New Jersey; The Citadel Press, 1974, pp.95 e 388. (3) Faria, O. A. - Manual de Hipnose Médica e Odontológica, Rio de Janeiro e São Paulo; Atheneu, 1979, p. 14. (4) Faria, O. A. - Hipnose Médica e Odontológica, Rio de Janeiro - São Paulo; Atheneu, 1979, p. 19). (5) Faria, O. A. - Opus cit. P. 19).

Revista de Espiritismo nr. 29 - Outubro/Dezembro 1995

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

BIOGRAFIA - JOHN ELLIOTSON (1791 - 1868)

Brilhante médico inglês nascido em Southwark, Londres, palestrante e professor de Medicina, um dos pioneiros na argumentação de leituras relativas à clínica como método de ensinar medicina e a defender a hipnose como terapia, em uma época em que não existiam o éter nem o clorofórmio. Depois de graduar-se em medicina na Universidade de Edinburgh, continuou seus estudos no continente e em Cambridge e no Sir Guy's Hospital. Na vida acadêmica foi Professor de Medicina na Universidade de Londres e também foi nomeado Presidente da Royal Medical and Surgical Society e foi um dos primeiros professores em Londres a enfatizar aulas práticas de clínica e um dos primeiros médicos britânicos a fazer uso do estetoscópio, introduzindo-o na Inglaterra, juntamente com os métodos de se examinar o coração e os pulmões da forma que são utilizados até hoje. Fundou (1849) o University College Hospital, em Londres, onde se empregavam as práticas mesméricas, derivado do nome do médico austríaco Franz Anton Mesmer, considerado o precursor do hipnotismo e o fundador do Mesmerismo. 

Na segunda metade do século XIX houve uma grande difusão do hipnotismo mesmérico. Em seguida surgiram outras instituições semelhantes, em Edimburgo, Dublin e Exeter. Mais conhecido pelo fato de ter lançado o primeiro periódico a tratar do hipnotismo, a revista The Zoist, publicação trimestral durante treze anos (1843-1855), com artigos criados por ele, James Esdalie e muitos outros médicos brilhantes da época, especialmente centenas de relatos dos excelentes resultados dos tratamentos com hipnose. Sua especialidade era no campo da hipnose infantil, e trabalhou com muitas crianças e com muitas doenças infantis, tais como insanidades, tiques e outras enfermidades. Morreu em Londres após uma longa doença, na casa de seu amigo, o Dr. Symes. Foi médico de Dickens e Thackeray e escreveu Pendennis, dedicado a ambos. Particularmente nunca deixou de acreditar na clarividência e outros fenômenos místicos.
(grifos originais)

Fonte: www.dec.ufcg.edu.br/biografias

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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

MEDIUNIDADE E ANIMISMO

Dois autores clássicos estudaram a distinção entre um fenômeno mediúnico e um fenômeno anímico: Alexander Aksakof (1832-1903), em Animismo e Espiritismo e Ernesto Bozzano (1862-1943), em Animismo ou Espiritismo. Ambos pretendiam demonstrar, através de sólida pesquisa com diversos médiuns, que a tese animista de que qualquer fenômeno é sempre manifestação do próprio médium  é insuficiente para explicar todas as manifestações, pois há muitas em que a identidade de outra inteligência comunicante se faz evidente. Isso não invalida que haja de fato fenômenos anímicos, onde é o Espírito do médium que está em ação, como nos casos de telepatia, clarividência, sonambulismo ou desdobramento ou o que hoje chamamos “estados alterados de consciência”. Por exemplo, se o indivíduo se desdobra e vai visitar um local distante, volta e conta o que viu, este é um fenômeno anímico. Diferente do que Aksakof e Bozzano chamam de um fenômeno espírita, quando uma individualidade se manifesta através do médium e traz informações, evidências de identidade, como grafia, estilo de pintura, escrita ou outras, que são diferentes do que o médium sabe, pensa ou costuma demonstrar por si mesmo. O conjunto de evidências da entidade manifestante indica uma  personalidade distinta da do médium.

Anos antes de Aksakof e Bozzano, Kardec já havia se debruçado sobre essas questões, em sua pesquisa pioneira sobre a mediunidade. Ao contrário do que muitos espíritas pensam atualmente (e pensam porque não conhecem e não estudam sufi cientemente os fenômenos mediúnicos), o animismo não é algo necessariamente pernicioso, não é mistificação.
Há dois aspectos que devem se considerados:

1) animismo (um termo que não foi empregado por Kardec, mas o fato está presente em suas obras) é também evidência da independência do Espírito em relação à matéria. Se alguém se desdobra e atua em Espírito e aparece em outro local, como fazia Eurípedes Barsanulfo (que realizava partos a quilômetros de distância, enquanto estava em sala de aula em estado de transe), trata-se de uma faculdade natural, que aponta que somos espíritos encarnados e podemos exercitar nossos dons espirituais.

2) as linhas que delimitam o fenômeno mediúnico do anímico são muito tênues (e isso tanto Aksakof quanto Bozzano também reconhecem). Porque, bem ensina Kardec  em
O Livro dos Médiuns, quando o Espírito do médium age, pode estar em contato com outros Espíritos e, portanto, o fenômeno anímico pode ter algo de mediúnico. Por outro
lado, toda manifestação mediúnica tem algo de anímico, porque se trata sempre de uma comunicação entre duas inteligências, duas individualidades e é impossível que o
médium anule sua própria bagagem cultural, suas emoções, sua forma de ser, para que o Espírito se manifeste plenamente. Por isso um mesmo Espírito, ao se comunicar
por médiuns diferentes (por melhores que sejam esses), pode apresentar alguns traços distintos.

A mediunidade é um fenômeno muito delicado, com muitas sutilezas, e requer um estudo acurado, sempre baseado em observação. É o que perdemos em nosso movimento atual. O melhor médium, como dizia Kardec, é o que menos se engana, não porque queira intencionalmente mistificar, mas porque no diálogo entre os dois mundos, há sempre uma dose de subjetividade que deve ser considerada. Esse olhar prudente (como queria Kardec, racional e científico) não invalida as comunicações, mas nos assegura uma precisão maior na apreciação do conteúdo que nos chega do além.

"Dora Incontri é jornalista e doutora em Educação.
 ICEB - INSTITUTO DE CULTURA ESPÍRITA DO BRASIL / ANO IV - NO 42 - SETEMBRO / 2012 


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