quarta-feira, 22 de julho de 2015

JESUS E O AMOR AO PRÓXIMO


Terezinha Colle

O amor é a lei de atração para os seres vivos e organizados. A atração é a lei de amor para a matéria inorgânica.1

Vicente de Paulo

 O amor talvez seja um dos temas mais explorados de todos os tempos e também um dos mais empolgantes. Os gregos Antigos tinham várias palavras para designar esse sentimento, em suas diversas manifestações.

A recomendação para que a humanidade ame é muito antiga e sempre atual. No Antigo Testamento vamos encontra-la, na seguinte passagem: “Amarás Yahvé, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças.2

Encontramos, também na Bíblia, a recomendação de amor ao próximo, em  Levítico, 19,18: “Não te vingarás e não guardarás rancor pelos filhos de teu povo, mas amarás teu próximo como a ti mesmo.”

Muitos séculos depois um fariseu, doutor da lei, faz a Jesus a seguinte pergunta: “Mestre, qual o mandamento maior da lei?” Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua  alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. – Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.”3

Como dissemos no início, havia vários termos gregos para designar tipos de amores diferentes.

Um deles é o amor eros, que muito resumidamente poderíamos dizer que é o amor paixão, o amor de posse, o amor egoísta. É o amor que devora para suprir uma falta, uma necessidade, o amor carnal.

Depois tem o amor philia, que já é um amor pelo outro, pelo que o outro é. Poderíamos dizer que é uma passagem do amor puramente carnal ao amor espiritual, do amor por si mesmo ao amor pelo outro. É o amor entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre amigos. Mas ainda pode ser um amor condicionado, um amor que também espera amor em troca.

Jesus, ao prescrever o amor, utilizou o termo agapè, que vem do verbo grego agapan, que significa “querer bem”, para designar o amor mais autêntico, o amor incondicional.

É esse mesmo termo que Jesus utiliza, de acordo com João, ao dizer: “Nisto, todos vos reconhecerão como meus discípulos: por esse amor que tereis uns pelos outros.”4 O termo agapè, de que Jesus se utilizou é o que se costuma traduzir como caridade.

Com o passar do tempo, as más traduções e as falsas interpretações, como saber o real sentido da palavra caridade proferida por Jesus?

No século XIX, quando elaborava a ciência espírita, o sábio Allan Kardec fez a seguinte pergunta aos Espíritos: qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? Obteve a seguinte resposta: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”

E Kardec acrescenta: “O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejaríamos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos.5

Vicente de Paulo, um dos Espíritos que colaborou com a ciência espírita diz: “Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei, lei divina mediante a qual governa Deus os mundos.”6

Ao observar uma mãe animal amamentando seu filhote, arriscando ou sacrificando a própria vida para defendê-lo, quem diz que aí não se encontra o germe do amor em forma de instinto?

Talvez seja esse o sentido das palavras de Lázaro, quando disse: “O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito.7

O Cristo foi e continua sendo o maior exemplo de amor incondicional que a humanidade pode conhecer. Espírito puro, de nada precisava deste planeta imperfeito, nem mesmo da gratidão daqueles a quem ajudava; ele fez o bem pelo bem, e amou simplesmente porque o amor é a sua natureza.

“Jesus ia por toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino e curando todos os langores e todas as enfermidades no meio do povo. - Tendo-se a sua reputação espalhado por toda a Síria, traziam-lhe os que estavam doentes e afligidos por dores e males diversos, os possessos, os lunáticos, os paralíticos e ele a todos curava. - Acompanhava-o grande multidão de povo da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia e de além Jordão. (S. Mateus, 4:23 a 25.)

De todos os fatos que dão testemunho do poder de Jesus, os mais numerosos são, não há contestar, as curas. Queria ele provar dessa forma que o verdadeiro poder é o daquele que faz o bem; que o seu objetivo era ser útil e não satisfazer à curiosidade dos indiferentes, por meio de coisas extraordinárias.

Aliviando os sofrimentos, prendia a si as criaturas pelo coração e fazia prosélitos mais numerosos e sinceros, do que se apenas os maravilhasse com espetáculos para os olhos. Daquele modo, fazia-se amado, ao passo que se se limitasse a produzir surpreendentes fatos materiais, conforme os fariseus reclamavam, a maioria das pessoas não teria visto nele senão um feiticeiro, ou um mágico hábil, que os desocupados iriam apreciar para se distraírem.

Assim, quando João Batista manda, por seus discípulos, perguntar-lhe se ele era o Cristo, a sua resposta não foi: “Eu o sou”, como qualquer impostor houvera podido dizer. Tampouco lhes fala de prodígios, nem de coisas maravilhosas; responde-lhes simplesmente: “Ide dizer a João: os cegos veem, os doentes são curados, os surdos ouvem, o Evangelho é anunciado aos pobres.” O mesmo era que dizer: “Reconhecei-me pelas minhas obras; julgai da árvore pelo fruto”, porquanto era esse o verdadeiro caráter da sua missão divina.8

Encerremos com as palavras de Sócrates, o nobre filósofo grego, ao referir-se ao amor:

Chamo homem vicioso a esse amante vulgar, que mais ama o corpo do que aalma. O amor está por toda parte em a Natureza, que nos convida ao exercício da nossa inteligência; até no movimento dos astros o encontramos. É o amor que orna a Natureza de seus ricos tapetes; ele se enfeita e fixa morada onde se lhe deparem flores e perfumes. É ainda o amor que dá paz aos homens, calma ao mar, silêncio aos ventos e sono à dor.


1 O Livro dos Espíritos, item 888.
2 Deuteronômio, 6,5.
3 S. Mateus, 22: 34 a 40.
4 João, 13,35.
5 O Livro dos Espíritos, item 886.
6 O Livro dos Espíritos, item 888
7 O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI - Amar o próximo como a si mesmo, Instrução dos Espíritos - A lei de amor, item 8.

8 A Gênese » Os milagres segundo o Espiritismo, cap. XV - Os milagres do Evangelho, Curas, Numerosas curas operadas por Jesus, itens 26 e 27.

Nenhum comentário:

Postar um comentário