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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

SOBRE A EDUCAÇÃO1

Discurso feito pelo jovem Hippolyte-Léon Denizard Rival (1804-1869)2
  
          “A EDUCAÇÃO moral depende de uma multidão de causas que parecem minuciosas e que no entanto têm uma grande influência, principalmente numa idade em que o caráter, semelhante à cera mole, é suscetível de receber todas as impressões. Frequentemente um vício se manifesta numa criança sem que possamos conhecer-lhe a causa; então jogamos a falta sobre a natureza, enquanto ela provém, talvez, de uma impressão que recebeu, e que se poderia ter evitado com mais precaução.
           Na maioria de nossas instituições, as punições que são empregadas, quase sempre muito severas, quase sempre infligidas com parcialidade e num momento de impaciência, irritam a criança; ela se revolta, se enraivece contra a autoridade, e é assim que lhe damos ocasião de ser mentirosa, colérica, desrespeitosa,insubordinada, etc.: ocasiões que poderiam ter sido evitadas. Devemos nos surpreender ao ver os jovens experimentarem desgosto por seus estudos, quando nas classes tudo respira tristeza, tudo é feito para desgostar do trabalho, eu diria mesmo para fazer odiá-lo? Com efeito, como as crianças podem amar uma coisa da qual não se lhes mostra senão o lado mais desagradável, de que se servem mesmo para as punir? Como elas poderiam amar as pessoas que estão sempre ocupadas em lhes atormentar, sob os caprichos das quais elas estão continuamente em luta?Como podem elas estimar essas pessoas, quando frequentemente vêm suas ações contrariar seus preceitos? Como podem elas se tornar justas, se se é parcial com elas? Como podem ser boas se são tratadas com crueldade? O espírito da criança, naturalmente pouco preocupado, observa todas as nuances, mesmo as mais delicadas, do caráter do seu mestre e sabe aproveitá-las com habilidade. Eu vi uma criança de dez anos empregar a bajulação com tanta arte, quanto o mais hábil cortesão. O caráter frágil de um mestre a havia feito tal. Eis como havia cumprido sua tarefa de professor, sem ter, no entanto, a mínima má intenção.                                                                                                 
          Toda prudência se faz necessária quanto à conduta que temos diante das crianças, pois facilmente criamos nelas uma boa ou má impressão. Tudo, até o próprio tom com que lhes falamos, em certas circunstâncias, pode influenciá-las. Deve causar surpresa o fato de nelas se desenvolverem vícios dos quais se ignora a fonte? Uma criança pode aprender a doçura com homens que se deixam dominar por suas paixões? Pode adquirir sentimentos nobres com almas vis? Pode aprender a ser boa com aqueles que a maltratam? Pode se tornar polida com um homem que não o é? Pode, em uma palavra, adquirir as virtudes sociais com aquele que não as possui? Sem falar dos vícios mais palpáveis, estão aí uma série de observações minuciosas que contribuem essencialmente para a formação do moral da criança. São essas atenções que se negligencia na maioria das instituições, e outras bem maiores, as quais se pode perceber sem esforços. Mas, dir-se-á, qual é o homem bastante paciente para entrar nesses pequenos detalhes? Quem é que tem suficiente império sobre si mesmo, para atentar sobre suas pequenas falas, sobre suas mínimas ações? Quem é que sacrificará, por assim dizer, sua existência, para não se ocupar senão em ser útil a seu aluno? Esse homem seria o ser por Histórico, da Sociedade gramatical, da Sociedade de Métodos, Correspondente da Sociedade de Emulação de Ain, etc. etc.Rivail assumiu, em 18 de abril de 1857, o pseudônimo de Allan Kardec, por ocasião da publicação da primeira obra fundamental da Ciência Espírita, em Paris, França, intitulada Livro dos Espíritos.excelência. Eu respondo: O professor, tal como eu o entendo, e não um mercenário cujo objetivo é ganhar dinheiro, e que sacrifica tudo ao seu próprio interesse. A reunião de todas essas qualidades no mesmo indivíduo é difícil, eu o confesso; as se ele não pode aspirar à perfeição, deve tratar de, pelo menos, dela se aproximar o máximo possível. A obrigação que um professor se impõe é bem difícil de preencher, é uma obrigação sagrada quando se quer fazer honrado.
          Alguém me perguntou um dia se existe um homem, tal como o que acabo de descrever, e se esse não seria um ser quimérico para o nosso século; pois eu não conheço, dizia ele, ninguém que não seja dominado por um espírito de interesse e de egoísmo, mesmo aqueles que querem parecer filantropos. Respondi que não censurava que se tivesse em vista um pouco o seu interesse, nessa parte, porque cada um deve assegurar seus meios de existência; mas que se faça disso um ramode comércio, uma especulação; que se sacrifique o interesse (físico, moral ou intelectual) de seus alunos ao seu próprio interesse, eis o que censuro. Existem, no entanto, homens como os que descrevi, mesmo em nosso século; existem poucos, é verdade, mas é o que os torna ainda mais estimáveis. Provavelmente terei oportunidade de voltar a falar sobre este artigo, e aí darei a conhecer alguns desse homens.”

1 Le Petit Album de la jeunesse, par Alexandre de Villiers. Paris, 1825. Traduzido do francês pela equipe do
GEAK. 2 Diretor de escola, membro da Academia da indústria, da Sociedade Universal de Estatística, do Instituto
  
H. L. D. RIVAIL.
Fonte; Geak - Grupo de Estudos Allan Kardec


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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO

Por José Passini

A volta do Espírito ao mundo corpóreo, ou seja, a reencarnação é conhecida desde tempos remotos. Os Hindus, os Egípcios e os Gregos sabiam que a alma poderia voltar à Terra, usando um novo corpo. Esses povos acreditavam que, por efeito de determinada punição, essa volta à vida física poderia dar-se até num corpo animal.

Também os Judeus sabiam da volta do Espírito ao mundo corpóreo, mas não há referências que pudesse esse retorno dar-se num corpo que não fosse humano. A reencarnação, para eles, ocorria em algumas situações um tanto especiais: ou para concluir o que não tivessem conseguido terminar numa vida, ou para serem punidos, face a males praticados.

Jesus, ensinando, diz claramente isso: Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o e atira-o para longe de ti: melhor te é entrar na vida coxo ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno.1 Está claro que Jesus se referia a uma nova encarnação do Espírito, pois seria absurda uma recomendação no sentido de alguém mutilar seu próprio corpo. Além do mais, o Mestre diz: Melhor te é entrar na vida…1

Há outra situação em que os Judeus julgavam ser possível a reencarnação: o cumprimento de missão. O exemplo mais claro é o da esperada volta do Profeta Elias para a preparação dos caminhos do Messias, conforme atesta o próprio Mestre: E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir2, referindo-se a João Batista.

Coube ao Espiritismo trazer o conhecimento da reencarnação ao mundo ocidental, e o fez dando uma visão muito mais ampla e profunda, demonstrando que todos os Espíritos reencarnam, não apenas para a solução de equívocos de uma vida passada, ou para o cumprimento de determinada missão, mas pela necessidade inerente a toda a Criação: o imperativo do progresso, da evolução.

Em verdade, ainda que não houvesse nenhuma afirmação a respeito da pluralidade das existências, ela seria depreendida como necessidade absoluta, face à amplitude do programa de aperfeiçoamento da alma apresentado por Jesus, através do Evangelho. De quantos milênios vamos necessitar para pormos em prática, integralmente, um ensinamento como esse: Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos perseguem e caluniam?3 De quantos milênios vamos necessitar, Espíritos ainda vacilantes entre o bem e o mal, que não sabemos amar plenamente nem os amigos? O Codificador demonstra sua visão lúcida a respeito do assunto, quando inquire os Espíritos: Como pode a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, acabar de depurar-se?4

A reencarnação – opondo-se frontalmente à salvação gratuita pela fé – dignifica o Espírito imortal, que vai galgando os degraus do aperfeiçoamento, ao longo dos milênios sucessivos, crescendo em sentimento e intelectualidade, num trabalhoso processo de exteriorização da herança Divina, concedida igualmente a todos os Espíritos. No nascedouro, todos absolutamente iguais. As diferenças individuais, portanto, não decorrem de capricho Divino, mas sim do empenho de cada Espírito, no sentido de promover o seu próprio progresso. Nesse caminhar, vai recebendo, por justiça, os frutos de todo o bem semeado e, em função dessa mesma justiça, é compelido a reparar os males praticados, mas não em igual medida, graças à misericórdia Divina que, invariavelmente, defere amparo ao Espírito faltoso, ajudando-o a remover de sua consciência o peso da culpa. Aquilo que algumas religiões veem como castigo, o Espiritismo ensina-nos a ver como a simples consequência de equívocos do passado.

O Espiritismo, ao revelar ao mundo ocidental a reencarnação, prova que a verdade religiosa não é incompatível com a verdade científica, explicando que a evolução do Espírito caminha pari passu com a evolução física, demonstrada por Darwin, ao tempo em que resgata, diante da consciência humana, um dos atributos básicos de um Ser Perfeito: a Justiça. Tudo provém de uma mesma fonte, todos partimos de um mesmo ponto, dotados da mesma potencialidade evolutiva, conforme ensinaram os Espíritos: É assim que tudo serve, tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo ao arcanjo, que também começou por ser átomo.5 Por conhecer essa luz Divina, imanente em toda a Criação, é que Jesus lançou o desafio evolutivo: Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens (…)6

A evolução do Espírito fica muito evidente nas palavras de Jesus, quando se declara, Ele também, um Espírito em evolução: Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas (…).7 É verdade que, no dia em que chegarmos a fazer o que o Mestre fazia à época em que pronunciou essas palavras, – daqui a alguns milhões de anos –, pensando que nos igualamos a Ele, Ele estará ainda à nossa frente, pois disse que poderíamos fazer obras maiores do que as que Ele fazia, mas não disse que nós O ultrapassaríamos. Ultrapassaremos o ponto evolutivo em que Ele se encontrava, naquele dia, mas Ele estará ainda à nossa frente, de vez que a evolução é infinita. E  nem sabemos o que é infinito, a não ser através de uma definição terrivelmente circular: aquilo que não tem fim!

Kardec, em brilhante ensaio8, defende, com argumentação irretorquível, o imperativo da reencarnação, sob a ótica da justiça e da misericórdia de Deus. É um trabalho monumental, até hoje não contestado por filósofo ou teólogo algum. Muitos livros foram escritos tendo como tema a reencarnação, mas não se conhece nenhum trabalho sério que rebata os argumentos ali apresentados.

Aos argumentos alinhados pelo Codificador, pode-se ainda acrescentar uma série de outros, graças aos esclarecimentos trazidos pelo Espiritismo:

Se o Espírito fosse criado juntamente com o corpo, como ficaria a justiça Divina, ante a flagrante diferença que existe entre as oportunidades deferidas ao homem e à mulher, na família, na sociedade e até mesmo nas religiões? Seria o caso de a mulher perguntar – e muitas perguntam – por que Deus as criou mulheres, sem as consultar, para sofrerem, em muitos casos, cerceamento de liberdade por parte dos pais, e depois as exigências e, não raro, a brutalidade dos maridos, enquanto lhes pesam nos ombros as sérias responsabilidades no encaminhamento e na manutenção da saúde dos filhos. O Espiritismo, dentro de uma visão evolucionista, mostra que o Espírito não tem sexo, podendo encarnar-se como homem ou como mulher, segundo o seu livre-arbítrio.

De acordo com a doutrina da unicidade das existências, a criação de novas almas não seria decorrente da vontade do Criador, mas estaria sujeita ao arbítrio dos casais, pois que poderiam usar um contraceptivo, impedindo Deus de usar o Seu poder de criar uma nova alma. O Espiritismo nos ensina que, ao usar qualquer recurso anticoncepcional, um casal apenas impede que um Espírito, já criado por Deus, que encarnou outras vezes, volte à Terra para uma nova etapa de aprendizagem.

No caso de um estupro, por que se valeria Deus de um ato de violência, de ultraje, de desrespeito, para criar um Espírito? Onde estaria a justiça Divina, se outros são criados, ao contrário, em momentos de amor sublime, como filhos altamente desejados? Por que teria esse Espírito, fruto de uma violência, de ficar estigmatizado por toda a Eternidade? Através dos esclarecimentos da Doutrina Espírita, sabe-se que o acontecimento brutal, que se deu, tem causas anteriores, e que o Espírito que  reencarna, aceitando ou sendo compelido a aceitar tal situação, tem ligações de variada natureza, estabelecidas no passado, principalmente com aquela que lhe será mãe.

Se não houvesse experiências anteriores, como explicar a rebeldia, a brutalidade, o mau caráter de um filho, que tem toda uma ancestralidade constituída de pessoas dignas? Alguém poderá objetar, dizendo que é herança genética de um parente longínquo. Mas, que culpa têm os pais? Por que Deus permitiria que esses genes danosos entrassem na formação daquela alma? A própria alma seria um produto do corpo? A prosperar essa ideia, chegar-se-ia ao absurdo de, no esforço de impedir Deus de criar Espíritos de mau caráter, dever-se-ia esterilizar todos os que não fossem portadores de virtudes. Seria assim fácil aperfeiçoar a raça humana, como pretenderam, no campo físico, os cultores da louca teoria da raça pura.

O Espiritismo esclarece que ninguém herda inteligência, virtudes ou defeitos morais, por serem atributos do Espírito, que os traz como bagagem própria, intransferível quando reencarna. Se um casal tem um filho que lhes nega as linhas morais da família, trata-se de um Espírito que foi por eles adotado, em função do desejo de auxiliá-lo, ou o receberam como consequência de um passado comprometido com ele, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. 9 Dentro dessa linha de raciocínio, chega-se à conclusão que todos os filhos são adotivos, enquanto Espíritos criados por Deus. O casal apenas fornece o invólucro corporal. 9 Diga-se, de passagem, que, para um ajustamento de linguagem, dever-se-ia dizer: filhos consanguíneos e não consanguíneos, porque todos são adotivos.

A doutrina reencarnacionista é a única que não é racista, pois demonstra que Deus não seria justo se criasse um Espírito imortal dentro de uma raça. O Espírito é criado por Deus e evolui, passando pela humanização, no processo de angelizar-se. Ao humanizar-se, encarna inúmeras vezes, nas mais variadas raças, mas seu início, sua criação não está vinculada a grupo étnico nenhum. A bem dizer, todos os Espíritos pertencemos a uma única raça, pertencemos à raça Divina, porque somos filhos de Deus.
  
Referências bibliográficas:

 1 – Mt, 18:8.
 2 – Mt, 11:14.
 3 – Mt, 5:44.
 4 – O livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 166.
 5 – Idem, item 540.
 6 – Mt, 5:16.
 7 – Jo, 14:12.
 8 – O livro dos Espíritos, Allan Kardec, item 222.
 9 -  O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. 14, item 8.

sábado, 19 de julho de 2014

POR QUE DESAPARECERAM AS REUNIÕES DE MATERIALIZAÇÃO

Gerson Simões Monteiro

Objetivos das reuniões de materialização de espíritos –– Por que desapareceram as reuniões de materialização - Onde os médiuns de efeitos físicos podem atuar

     A realização das Reuniões de Materialização tem diversos objetivos. O primeiro deles é o de provar a imortalidade da alma. O segundo, consolar os que ficaram na Terra diante das perdas dos entes caros, e o terceiro objetivo prestar assistência aos enfermos.
 
PROVA DA IMORTALIDADE DA ALMA

       As experiências de materializações de espíritos, de cunho científico, realizadas pelo cientista inglês William Crookes, são a maior prova de que depois da morte a alma continua a viver. Mas antes de demonstrá-las, vamos saber primeiro quem foi William Crokes, nascido em Londres, Inglaterra, em 17.06.1832, e desencarnado em 04.04.1919.

     Em 1878, Crookes apresentou à Sociedade Real o seu célebre trabalho sobre o quarto estado da matéria, que denominou "matéria radiante", acontecimento científico de repercussão internacional, que lhe proporcionou uma recompensa pela Academia de Ciências da França.

     Tal conquista, porém, não se realizaria sem os fenômenos de materialização de Katie King (1870-1873), obtidos com o concurso mediúnico da jovem Florence Cook, pois foi a observação desses fenômenos que pode ter despertado a atenção de Crokes, para verificar, na matéria tangível, estados especiais, ainda não explorados, no quadro geral do conhecimento humano, e que teriam grande influência na Física moderna. Admitido na Sociedade Química de Londres, o cientista tornou-se uma das maiores figuras dessa importante sociedade, especialmente depois de seu estudo sobre a natureza dos corpos simples.

     Foi Presidente da "Royal Society" (1913-1915) e de várias sociedades de cultura e consultor científico do Governo Britânico. Assistiu, por 3 anos, em seu laboratório, em Londres, à materialização integral de Katie King. Mediu, pesou e examinou meticulosamente o Espírito, constatando a realidade tangível da imortalidade da alma e o poder extraordinário que possui o Espírito, em utilizar-se da matéria física para se tornar tão real e vivo como os encarnados.
Foto 01
     Na foto nº 1 podemos ver o corpo da médium Florence Cook deitada no chão, o Espírito Katie King totalmente materializado, e William Crokes com uma luz iluminando o ambiente. Essa foto, portanto, afasta qualquer possibilidade de fraude, pois vemos a médium deitada no chão dormindo; o Espírito de Kate King em pé totalmente materializado; e William Crokes iluminando a cena com um foco de luz na mão.

CONSOLO PARA OS ENTES QUERIDOS

   No segundo objetivo das reuniões de materialização, vamos encontrar na resposta da questão 934, de O Livro dos Espíritos, os fundamentos para essa realização. Nela, os Benfeitores Espirituais, respondendo a Allan Kardec sobre a dor que atinge a todos com a perda dos entes que nos são caros, dizem em certo trecho da resposta que:

     “...Tendes, porém, uma consolação em poderdes comunicar-vos com os vossos

     amigos pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de

     outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos”.

     Nessa resposta entendemos que a comunicação com os desencarnados pode ser feita nas reuniões de materialização de espíritos, como também, hoje em dia, através da Transcomunicação Instrumental. Aliás sobre esse tipo de fenômeno relato no livro de minha autoria, Morreram e voltaram para contar ( Editora Novo Ser), o fato do grande escritor Coelho Neto ter ouvido sua neta desencarnada falar ao telefone, inclusive registrando esse acontecimento numa reportagem do Jornal do Brasil de 23 de Junho de 1923.

TISSOT VÊ A NOIVA MATERIALIZADA
Foto 02

     O pintor James Tissot (1836-1902) – foto nº 2 – foi atraído pelo fenômeno ao ler num jornal da descrição de uma sessão de materialização de espíritos. Logo em seguida, ele encontrou-se com o médium William Eglinton, o conhecido médium de efeitos físicos da idade vitoriana. Este médium nunca usava cabines, pelo contrário, assentava-se com os outros assistentes e permitia que suas mãos fossem seguras por eles.

     Numa sessão realizada em 1885, Tissot sentou-se à direita de Eglinton. Duas figuras se apresentaram à esquerda de Tissot: eram um homem e uma mulher, lado a lado. Nas mãos traziam bolas que os iluminavam perfeitamente, parecendo partir do plexo solar. Era Katherine Irene Newton, sua noiva, que tornara feliz sua vida durante seis anos, e seu guia espiritual.

    
Foto  03

 A luz emitida pelos Espíritos permitiu que Tissot gravasse os mínimos detalhes. Mal terminara a sessão, Tissot correu ao seu estúdio e debuxou o mais depressa que pôde as figuras da maravilhosa aparição. O quadro é um dos poucos, senão o único existente no mundo, com tais características – foto nº3.

CONFORTO ESPIRITUAL

A comunicação com os espíritos desencarnados, para o Espiritismo, tem duas finalidades. A primeira é a de nos mostrar o caminho do bem, para realizarmos o nosso progresso moral. A segunda é de nos consolar diante das provas da vida.

     Esse consolo recebi nos idos de 1980, em reuniões de materialização de espíritos para assistência aos enfermos. Nelas, o médium de efeitos físicos fica deitado numa cama, quando seu corpo – desmaterializando-se por ação dos instrutores espirituais – passa a fornecer ectoplasma, substância com a qual os espíritos têm a possibilidade de se materializar.

     Nessas reuniões, fui abraçado e beijado pelos espíritos materializados de meus pais e de um dos meus filhos, desencarnado de câncer, aos dois anos de idade, dos quais tive conforto e coragem para viver.

REUNIÃO PARA ASSISTÊNCIA AOS ENFERMOS

     Os fundamentos para a realização das Reuniões de Materialização para Assistência aos Enfermos vamos encontrar no capítulo 28 - Efeitos Físicos, do livro Nos Domínios da Mediunidade, quando o Instrutor Aulus, dirigindo-se a André Luiz pondera:

     “Só os doentes, por enquanto, no mundo, justificam a
nosso ver o esforço dessa espécie, junto das raras experiências,

     essencialmente respeitáveis e dignas, realizadas pelo mundo

     científico, em beneficio da Humanidade”.

         O Benfeitor Espiritual Emmanuel, também em mensagem “Nos Trabalhos de Materialização”, extraída do livro Materializações Luminosas diz textualmente:

     “...sugerimos sejam quaisquer serviços de materialização

     movimentados na direção da saúde humana. Por

     enquanto, só o esforço assistencial aos doentes justifica o

     desdobramento intensivo das nossas atividades nesse setor”.

RISCOS PARA A ORGANIZAÇÃO MEDIÚNICA

    As advertências de André Luiz e Emmanuel a respeito do esforço do plano espiritual para que a realização das reuniões de Materialização sejam canalizados para um fim sério, ou seja, o socorro aos doentes, tem por motivo que:

       “Trata-se de serviço de elevada responsabilidade, porquanto, além de exigir todas as possibilidades do aparelho mediúnico, há que movimentar todos os elementos de colaboração dos companheiros encarnados, presentes às reuniões destinadas a esses fins. Se houvesse perfeita compreensão geral, respeito aos dons da vida, e se pudéssemos contar com valores morais espontâneos e legitimamente consolidados no espírito coletivo, essas manifestações seriam as mais naturais possíveis, sem qualquer prejuízo para o médium e assistentes. Acontece, porém, que são muito raros os companheiros encarnados dispostos às condições espirituais que semelhantes trabalhos exigem. Por isso mesmo, na incerteza de colaboração eficiente, as sessões de materialização efetuam-se com grandes riscos para a organização mediúnica e requisitam número dilatado de cooperadores do plano espiritual”. (Capítulo 28, Nos Domínios da Mediunidade).

POR QUE DESAPARECERAM

     Enfim, para encerrarmos esta matéria à guisa de reflexão do por quê essas reuniões praticamente desapareceram dos Centros Espíritas, ouçamos a constatação do Benfeitor Espiritual André Luiz:

     “ ...Alguns encarnados, como habitualmente acontece, não tomam a sério as responsabilidades do assunto e trazem consigo, para as seções de materialização, emanações tóxicas, oriundas do abuso de nicotina, carne e aperitivos, além das formas-pensamentos menos adequadas à tarefa que o grupo deve realizar. Infelizmente essa é a razão!”

ONDE OS MÉDIUNS DE EFEITOS FÍSICOS PODEM ATUAR
     
     No dia 20 de julho desse ano, a convite dos dirigentes do Grupo Espírita Jesus e a Caridade, rua Pará 33, em Santos, SP, promovemos o Seminário sobre o tema: Materialização de Espíritos. No final, o confrade José da Conceição Abreu, de Santos, formulou a seguinte pergunta:

     “Com base nos seus comentários de que praticamente não existem mais Reuniões de Materialização devido à falta de responsabilidade dos seus participantes, onde os médiuns de efeitos físicos podem atuar?”

     Respondi que eles podem atuar como médiuns passistas nas Reuniões de Estudos e Passes, e das de Desobsessão nos Centros Espíritas, assim doando seus fluidos para manipulação dos benfeitores espirituais a benefício da saúde orgânica e perispiritual dos encarnados e desencarnados.

Fonte; Correio Espirita


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terça-feira, 1 de julho de 2014

MEDIUNIDADE NO TEMPO DE JESUS



Paulo da Silva Neto Sobrinho

“Se alguém julga ser profeta ou inspirado pelo Espírito, reconheça um mandamento do Senhor nas coisas que estou escrevendo para vocês” (PAULO, aos coríntios).

Introdução

A mediunidade é uma faculdade humana que consiste na sintonia espiritual entre dois seres. Normalmente, a usamos para designar a influência de um Espírito desencarnado sobre um encarnado, entretanto, julgamos que, acima de tudo, por se tratar de uma aquisição do Espírito imortal, pouco importa a situação em que se encontram esses dois seres, para que se processe a ligação espiritual entre eles.

É comum que ataques ao Espiritismo ocorram por conta desse “dom”, como se ele viesse a acontecer exclusivamente em nosso meio. Ledo engano, pois, conforme já o dissemos, é uma faculdade humana, e assim sendo, todos a possuem, variando apenas quanto ao seu grau.

Os detratores querem, por todos os meios, fazer com que as pessoas acreditem que isso é coisa nova, mas podemos provar que a mediunidade não é coisa nova e que até mesmo Jesus dela pode nos dar notícias. É o que veremos a seguir.

A mediunidade e Jesus

Quando Jesus recomenda a seus doze discípulos a divulgação de que o “reino do Céu está próximo” fica evidenciado, aos que estudaram ou vivenciam esse fenômeno, que o Mestre estava falando mesmo era da faculdade mediúnica. Entretanto, por conta dos tradutores ou dos teólogos, essa realidade ficou comprometida no texto bíblico. Entretanto, como é impossível “tapar o sol com uma peneira”, podemos perfeitamente identificá-la, apesar de todo o esforço para escondê-la.

O evangelista Mateus narra o seguinte:

Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Tenham cuidado com os homens, porque eles entregarão vocês aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles. Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações. Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês”. (10,16-20).

A primeira observação que faremos é que por ter tentado a Eva, dizem que a serpente seria o próprio satanás, entretanto, isso fica estranho, porquanto o próprio Jesus nos recomenda sermos prudentes como as serpentes. Esse fato demonstra que tal associação é apenas fruto do dogmatismo que só produz o fanatismo religioso.

Essa fala de Jesus é inequívoca quanto ao fenômeno mediúnico: “não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês”, e arremata: “Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês”. A tentativa de esconder o fenômeno fica por conta da expressão “o Espírito do Pai”, quando a realidade é “um Espírito do Pai” a mudança do artigo indefinido para o artigo definido tem como objetivo principal desvirtuar a fenomenologia em primeiro plano e em segundo, mais um ajuste de texto bíblico para apoiar a trindade divina copiada dos povos pagãos.

O filósofo e teólogo Carlos Torres Pastorino abordando a questão da mudança do artigo, diz:

“...Novamente sem artigo. Repisamos: a língua grega não possuía artigos indefinidos. Quando a palavra era determinada, empregava-se o artigo definido ‘ho, he, to’. Quando era indeterminada (caso em que nós empregamos o artigo indefinido), o grego deixava a palavra sem artigo. Então quando não aparece em grego o artigo, temos que colocar, em português, o artigo indefinido: UM espírito santo, e nunca traduzir com o definido: O espírito santo”. (Sabedoria do Evangelho, volume 1, pág 43).

Se sustentarmos a expressão “o Espírito do Pai” teremos forçosamente que admitir que o próprio Deus venha a se manifestar num ser humano. Pensamento absurdo como esse só pode ser pela falta de compreensão da grandeza de Deus. Dizem os cientistas que no cosmo há 100 bilhões de galáxias, cada uma delas com cerca de 100 bilhões de estrelas, fazendo do Universo uma coisa fora do alcance de nossa limitada imaginação, mas, mesmo que a custa de um grande esforço, vamos imaginar tamanha grandeza. Bom, façamos agora a pergunta: o que criou tudo isso? Diante disso, admitir que esse ser possa estar pessoalmente inspirando uma pessoa é fora de proposto, coisa aceitável a de povos primitivos, cujos conhecimentos não lhes permitem ir mais longe, por restrição imposta pelo seu hábitat.

A mediunidade no apostolado

Um fato, que reputamos como de inquestionável ocorrência da mediunidade, aconteceu logo depois da morte de Jesus, quando os discípulos reunidos receberam“como que línguas de fogo” e começaram a falar em línguas, de tal sorte que, apesar da heterogeneidade do povo que os ouvia, cada um entendia o que falavam em sua própria língua. Fato extraordinário registrado no livro Atos dos Apóstolos, desta forma:

“Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam. Apareceram então umas como línguas de fogo, que se espalharam e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Acontece que em Jerusalém moravam judeus devotos de todas as nações do mundo. Quando ouviram o barulho, todos se reuniram e ficaram confusos, pois cada um ouvia, na sua própria língua, os discípulos falarem”. (Atos 2, 1-6).

Aqui podemos identificar o fenômeno mediúnico conhecido como xenoglossia, que na definição do Aurélio é: A fala espontânea em língua(s) que não fora(m) previamente aprendida(s). Mas, como da vez anterior, tentam mudar o sentido, para isso alteram o artigo indefinido para o definido, quando a realidade seria exatamente que estavam “repletos de um Espírito santo (bom)”.

Fato semelhante aconteceu, um pouco mais tarde, nomeado como o Pentecostes dos pagãos:

“Pedro ainda estava falando, quando o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a Palavra. Os fiéis de origem judaica, que tinham ido com Pedro, ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo também fosse derramado sobre os pagãos. De fato, eles os ouviam falar em línguas estranhas e louvar a grandeza de Deus...” (At 10, 44-46).
Episódio que confirma que “Deus não faz acepção de pessoas” (At 10,34), daí podermos estender à mediunidade como uma faculdade exclusiva a um determinado grupo religioso, mas existindo em todos segmentos em suas expressões de religiosidade.

A mediunidade como era “transmitida”

A bem da verdade não há como ninguém transmitir a mediunidade para outra pessoa, entretanto, pelos relatos bíblicos, a imposição das mãos fazia com que houvesse sua eclosão, óbvio que naqueles que a possuíam em estado latente. Vejamos algumas situações em que isso ocorreu.

Em Atos 8, 17-18:

“Então Pedro e João impuseram as mãos sobre os samaritanos, e eles receberam o Espírito Santo. Simão viu que o Espírito Santo era comunicado através da imposição das mãos. Dêem para mim também esse poder, a fim de que receba o Espírito todo aquele sobre o qual eu impuser as mãos”.

Simão era um mago que, com suas artes mágicas, deixava o povo da região de Samaria maravilhado. Mas, ao ver o “poder” de Pedro e João, ficou impressionado com o que fizeram, daí lhes oferece dinheiro a fim de que dessem a ele esse poder, para que sobre todos os que ele impusesse as mãos, também recebessem o Espírito Santo.

Em Atos 19, 1-7:

“Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo atravessou as regiões mais altas e chegou a Éfeso. Encontrou aí alguns discípulos, e perguntou-lhes: ‘Quando vocês abraçaram a fé receberam o Espírito Santo?’ Eles responderam: ‘Nós nem sequer ouvimos falar que existe um Espírito Santo’. Paulo perguntou: ‘Que batismo vocês receberam?’ Eles responderam: ‘O batismo de João’. Então Paulo explicou: ‘João batizava como sinal de arrependimento e pedia que o povo acreditasse naquele que devia vir depois dele, isto é, em Jesus’. Ao ouvir isso, eles se fizeram batizar em nome do Senhor Jesus. Logo que Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles, e começaram a falar em línguas e a profetizar. 

Eram, ao todo, doze homens”.

Será que podemos entender que o batismo de Jesus é “receber o Espírito Santo”, conseguido pela imposição das mãos? A narrativa nos leva a aceitar essa hipótese, apenas mantemos a ressalva feita anteriormente quanto à expressão “o Espírito Santo”.

A mediunidade como os dons do Espírito

Na estrada de Damasco, Paulo, que até então perseguia os cristãos, numa ocorrência transcendente, se encontra com Jesus, passando, a partir daí, a segui-lo. Durante o seu apostolado se comunicava diretamente com o Espírito de Jesus, demonstrando sua incontestável mediunidade.

Aliás, o apóstolo Paulo foi quem mais entendeu do fenômeno mediúnico, tanto que existem recomendações preciosas de sua parte aos agrupamentos cristãos de então. Ele o chamava de “dons do Espírito”“Sobre os dons do Espírito, irmãos, não quero que vocês fiquem na ignorância” (1Cor 12,1), mostrando-se interessado em que todos pudessem conhecer tais fenômenos.
E esclarece o apóstolo dos gentios:
“Existem dons diferentes, mas o Espírito é o mesmo; diferentes serviços, mas o Senhor é o mesmo; diferentes modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos. A um, o Espírito dá a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, o mesmo Espírito dá a fé; a outro ainda, o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, o dom de falar em línguas; a outro ainda, o dom de as interpretar. Mas é o único e mesmo Espírito quem realiza tudo isso, distribuindo os seus dons a cada um, conforme ele quer”. (1 Cor 12,4-11).

Novamente, mudando-se “o Espírito” para “um Espírito”, estaremos diante da faculdade mediúnica, basta “ter olhos de ver”.

Ao que parece, naquela época, os médiuns se preocupavam mais com a xenoglossia Paulo para desfazer esse engano novamente faz outras recomendações aos coríntios (1Cor 14,1-25). Disse ele:

“...aspirem aos dons do Espírito, principalmente à profecia. Pois aquele que fala em línguas não fala aos homens, mas a Deus. Ninguém o entende, pois ele, em espírito, diz coisas incompreensíveis. Mas aquele que profetiza fala aos homens: edifica, exorta, consola. Aquele que fala em línguas edifica a si mesmo, ao passo que aquele que profetiza edifica a assembléia. Eu desejo que vocês todos falem em línguas, mas prefiro que profetizem. Aquele que profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a menos que este mesmo as interprete, para que a assembléia seja edificada...”.

Conclusão

Como apregoa a Doutrina Espírita o fenômeno mediúnico nada mais é que uma ocorrência de ordem natural. Podemos identificá-lo desde os mais remotos tempos da humanidade, e não poderia ser diferente, pois, em se tratando de uma manifestação de uma faculdade humana, deverá ser mesmo tão velha quanto a permanência do homem aqui na Terra.

Mas, infelizmente, a intolerância religiosa, a ignorância e, por vezes, a má-vontade, não permitiu que fosse divulgada da forma correta, ficando mais por conta de uma ocorrência sobrenatural, que só acontecia a uns poucos privilegiados. Coube ao Espiritismo a desmistificação desse fenômeno, bem como a sua explicação racional. Kardec nos deixou um legado importantíssimo para todos que possam se interessar pelo assunto, quando lança O Livro dos Médiuns, que recomendamos aos que buscam o conhecimento dessa fenomenologia, ainda muito incompreendida em nossos dias.

Nov/2004.

Referência bibliográfica.

  • PASTORINO, Carlos Torres, Sabedoria do Evangelho, volume 1, Revista Mensal Sabedoria, Rio, 1964.
  • Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, Paulus, São Paulo, 43ª ed. 2001.
Fonte; http://www.espirito.org.br/portal/artigos/paulosns/mediunidade-no-tempo.html

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