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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

SOBRE OS ANJOS GUARDIÃES

Terezinha Colle

Segundo a doutrina espírita, os anjos não são seres à parte, de
uma natureza especial: são Espíritos da primeira ordem, isto é,aqueles que chegaram ao estado de puros Espíritos, depois de terem passado por todas as provas1

“Há uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos, por seu encanto e por sua doçura: a dos anjos guardiães. Pensar que tendes sempre perto de vós seres que vos são superiores, que estão sempre aí para vos aconselhar, vos amparar, para vos ajudar a subir a áspera montanha do bem, que são amigos mais fiéis e mais devotados que as mais íntimas ligações que se pode contrair nesta Terra, não é uma ideia bem consoladora? Esses seres estão ao vosso lado por ordem de Deus; foi ele que os colocou perto de vós, e eles aí estão por amor a Deus e cumprem junto de vós uma bela e penosa missão. Sim, onde quer que estejais ele estará convosco: os calabouços, os hospitais, os lugares de devassidão, a solidão, nada vos separa desse amigo que não podeis ver, mas cujo suave influxo vossa alma sente, e ouve seus sábios conselhos.”2

É intrigante constatar que uma verdade tão suave e consoladora, tão importante para o progresso moral, quase não encontre eco no coração do homem. A doutrina dos Anjos guardiães é muito antiga. Ela se encontra na filosofia grega, como se pode ler na Doutrina de Sócrates e Platão: Após a nossa morte, o gênio (daimon, demônio), que nos fora designado durante a vida, leva-nos a um lugar onde se reúnem todos os que têm de ser conduzidos ao Hades, para serem julgados. As almas, depois de haverem estado no Hades o tempo necessário, são reconduzidas a esta vida em múltiplos e longos períodos.3

Eis aí a ideia de um Espírito superior designado para acompanhar as almas durante a vida, após a morte e também reconduzi-las a uma nova encarnação.

Sócrates, um dos mais sábios filósofos de que se tem notícia, consultava constantemente seu daimon, seu bom gênio, seu anjo guardião. O grande filósofo não escondia sua estreita relação com um amigo invisível.

Santo Agostinho, filósofo cristão muito respeitados ainda nos dias de hoje,dialogava com uma voz que lhe falava na acústica da alma. Diz ele, em seu Solilóquios: “Desde muito tempo eu repassava mil pensamentos diversos; constantemente e comtodos os meus esforços eu procurava saber quem eu sou, qual é meu bem, qual mal eu devo evitar, quando, de repente escutei uma voz – se era eu mesmo ou uma voz estranha surgindo em mim, eu não sei, pois é precisamente o que ardentemente eu trabalho para saber.”4

Agostinho chamou aquela voz misteriosa de Razão; estabeleceu com ela diálogos profundos e publicou-os num livro que, por sugestão dessa mesma Razão, intitulou: Solilóquios.5

“Todos os homens são médiuns; todos têm um Espírito que os dirige para o bem, quando sabem escutá-lo. Pouco importa que alguns se comuniquem diretamente com ele por uma mediunidade particular e que outros não o ouçam senão pela voz do coração e da inteligência; nem por isso ele deixa de ser o seu Espírito familiar que os aconselha. Chamai-o Espírito, razão, inteligência, é sempre uma voz que responde à vossa alma e  

vos dita boas palavras. Só que nem sempre as compreendeis. Nem todos sabem agir segundo os conselhos dessa razão, não dessa razão que se avilta e se arrasta ao invés de marchar; dessa razão que se perde em meio aos interesses materiais e grosseiros, mas dessa razão que eleva o homem acima de si mesmo; que o transporta para regiões desconhecidas, chama sagrada que inspira o artista e o poeta; pensamento divino que eleva o filósofo; sopro que arrasta os indivíduos e os povos; razão que o vulgo não pode compreender, mas que aproxima o homem da divindade mais que qualquer outra criatura; entendimento que sabe conduzi-lo do conhecido para o desconhecido e o faz executar os atos mais sublimes. Escutai, pois, essa voz interior, esse bom gênio que vos fala sem cessar e chegareis, progressivamente, a ouvir o vosso anjo da guarda que do alto do Céu vos estende as mãos.”6

Essas palavras de Channing, repassadas de sabedoria, são mais que um incentivo para que busquemos comungar constantemente com o nosso Anjo guardião. Não buscá-lo é grande ingratidão para com esse amigo solícito e para com o Criador que o colocou ao nosso lado para nos conduzir ao bem e à felicidade suprema.

Quantos tropeços não evitaríamos se buscássemos ouvir sempre os conselhos desse amigo invisível, sempre atento e disposto a nos ajudar!

Allan Kardec, mesmo com toda sua capacidade intelecto-moral, não deixou de se aconselhar sempre com seu Guia, seu Anjo guardião.

Após sua morte, seus amigos publicaram, em obras póstumas, alguns diálogos que o Mestre teve com seu Guia espiritual, já em 1856, quando Kardec iniciava suas pesquisas sobre os Espíritos. Consta que numa noite em que ele escrevia sobre a ciência espírita, sozinho em sua casa, ouviu pancadas insistentes que não sabia de onde vinham. A Sra. Allan Kardec chegou em casa e também ouviu as pancadas; ambos procuram de onde vinham, mas sem êxito. No dia seguinte, em casa do Sr. Baudin, Kardec contou o fato e pediu explicações. Um Espírito lhe disse, pela mediunidade da Sra. Baudin, que era seu Espírito familiar que desejava se comunicar com ele. Kardec então perguntou se ele poderia dizer quem era, ao que o Espírito respondeu: Ele está aqui, pergunta tu mesmo.
Eis algumas poucas passagens desses diálogos:

P. - Meu Espírito familiar, quem quer que sejais, agradeço-vos por terdes vindo me visitar. Consentiríeis em dizer-me quem sois?
R. - Para ti, eu me chamarei A Verdade, e todos os meses, aqui, durante um quarto de hora, estarei à tua disposição.
P. - Ontem, quando batestes, enquanto eu trabalhava, tínheis alguma coisa de particular a me dizer?
R. - O que eu tinha a te dizer era sobre o trabalho que tu fazias; o que tu escrevias me desagradava, e eu queira te fazer cessar.Observação - O que eu escrevia era precisamente relativo aos estudos que estava fazendo sobre os Espíritos, e suas manifestações.
P. - A vossa desaprovação era precisamente relativa ao capítulo que eu escrevia, ou sobre o conjunto do trabalho? R. – Sobre o capítulo de ontem; submeto-o ao teu juízo; relê-o esta noite; tu reconhecerás tuas faltas e as corrigirás.
P - Eu mesmo não estava satisfeito com esse capítulo e o refiz hoje. Está melhor?
R. -Está melhor, mas não bastante bom. Lê da 3ª à 30ª linha e reconhecerás um grave erro.
P. – Eu rasguei o que havia feito ontem.
R. - Não importa! O fato de teres rasgado não impede que a falta persista; relê e tu verás.
P. - O nome de Verdade que tomastes é uma alusão à verdade que eu busco?
R. - Talvez; pelo menos é um guia que te protegerá e te ajudará.
P. - Poderei evocar-vos em minha casa?
R. - Sim, para te assistir pelo pensamento; mas, para respostas escritas, em tua casa, só
daqui a muito tempo poderás obtê-las.

Observação - Com efeito, durante cerca de um ano não pude obter, em minha casa, nenhuma comunicação escrita, e cada vez que ali se encontrava um médium, do qual eu esperava obter alguma coisa, uma circunstância imprevista a isso se opunha. Eu não obtinha comunicações senão fora de minha casa.

No dia 9 de abril de 1856, novamente em casa do Sr. Baudin, Kardec teve mais um diálogo com seu Guia:

Pergunta (à Verdade) - Criticastes o trabalho que eu havia feito outro dia, e tínheis razão. Eu o reli e encontrei na 30ª linha um erro contra o qual protestastes por meio de pancadas. Isso me levou a descobrir outras faltas e a refazer o trabalho. Estais agora mais satisfeito?
R. - Acho-o melhor, mas aconselho-te que esperes um mês para divulgá-lo.
P. - Que entendeis por divulgá-lo? Não tenho, certamente, a intenção de publicá-lo ainda,
se por ventura deverei fazê-lo.
R. - Eu quis dizer mostrá-lo a estranhos. Busca um pretexto para recusá-lo aos que te
pedirem para vê-lo. Daqui até lá melhorarás o trabalho. Faço-te esta recomendação para
evitar a crítica; é de teu amor-próprio que cuido.
P. - Dissestes que sereis para mim um guia, que me ajudareis e protegereis. Compreendo essa proteção e seu objetivo, numa certa ordem de coisas, mas poderíeis me dizer se essa proteção também se estende às coisas materiais da vida?
R. - Nesse mundo, a vida material é para ser levada em conta; não te ajudar a viver seria
não te amar.7
Não se encontra aí a terna e amorosa proteção de um Anjo solícito a velar por seu protegido, até mesmo nas questões relativas à vida material?
Imaginemos como seria se Kardec não tivesse dado ouvidos ao seu Guia, que era o próprio Espírito de Verdade...

Em sua sábia humildade, o Mestre recorria sempre ao Amigo invisível, sempre presente e solícito, e assim nos legou o exemplo de como deve ser nossa relação com os nossos Anjos guardiães. Vejamos um pequeno trecho em que Kardec, em um de seus discursos aos Espíritas de Bordeaux, se refere ao seu Guia espiritual com muita naturalidade:

(...)“Sim, senhores, o fato não só é característico, mas providencial. Eis, acerca deste assunto, o que ainda ontem, antes da sessão, dizia meu guia espiritual, o Espírito de Verdade:”

“Deus marcou com o cunho de sua vontade imutável a hora da regeneração dos filhos desta grande cidade. À obra, pois, com confiança e coragem. Esta noite os destinos de seus habitantes vão começar a sair da rotina das paixões que sua riqueza e seu luxo faziam germinar como joio junto ao bom grão, para atingir, pelo progresso moral que lhe vai imprimir o Espiritismo, a altura dos destinos eternos. Tu vês que Bordeaux é uma cidade amada pelos Espíritos, pois vê multiplicar-se em seus muros os mais sublimes devotamentos da caridade, sob todas as formas. Assim, eles estavam aflitos por vê-la na retaguarda do movimento progressivo que o Espiritismo acaba de impor à Humanidade.
Mas os progressos vão ser tão rápidos, que os Espíritos bendirão o Senhor por ter-te inspirado o desejo de vir ajudá-los a entrar nesta via sagrada”8

A Doutrina Espírita é repleta de textos que nos convidam a nos aproximar de nossos Anjos guardiães. Ah, se pais e mães evocassem sempre seus Anjos, e também os Anjos aos quais Deus confiou a guarda dos Espíritos encarnados como seus filhos, para pedir-lhes conselhos sobre a melhor condução desses Espíritos, a quantos enganos e  dores não se poupariam! Certamente a missão dos Anjos guardiães seria mais amena e lograria mais êxito. Se todos os homens, não importando a classe social a que pertençam, ouvissem sempre esses Espíritos superiores, a humanidade estaria melhor, mais justa e mais feliz. E aqueles que desejam orar aos seus Anjos, e não sabem o que lhes dizer, encontrarão um modelo de prece deixado pelos Guias da humanidade, em o Evangelho segundo o Espiritismo.9

Finalizando, reproduzimos aqui um conselho de dois Anjos, amigos sempre solícitos:

“Não receeis fatigar-nos com as vossas perguntas. Ao contrário, procurai estar sempre em relação conosco. Sereis assim mais fortes e mais felizes. São essas comunicações de cada um com o seu Espírito familiar que fazem sejam médiuns todos os homens, médiuns ignorados hoje, mas que se manifestarão mais tarde e se espalharão qual oceano sem margens, levando de roldão a incredulidade e a ignorância. Homens doutos, instruí os vossos semelhantes; homens de talento, educai os vossos irmãos. Não imaginais que obra fazeis desse modo: a do Cristo, a que Deus vos impõe. Para que vos outorgou Deus a inteligência e o saber, senão para os repartirdes com os vossos irmãos, senão para fazerdes que se adiantem pela senda que conduz à bem-aventurança, à felicidade eterna?”10
  
São Luís, Santo Agostinho. TC, 18/04/2012
  
1 Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas - Vocabulário Espírita – ANJO.
2 O Livro dos Espíritos, item 495, e Revista Espírita, janeiro de 1859.
3 O Evangelho segundo o Espiritismo - Introdução - Resumo da doutrina de Sócrates e de Platão
4 Soliloques de Saint Augustin, traduite par M. Pellissier, Paris, 1853.
5 Como ela [a conversação] se passa somente entre nós, tenho intenção de a chamar e intitular: Solilóquios; a palavra é nova, e talvez bábara, mas é bem própria para mostrar o que eu quero dizer. (Soliloques de Saint Augustin, Livre II)
6 Revista Espírita, janeiro de 1861 - Ensino espontâneo dos Espíritos - A voz do anjo da guarda, e O Livro dos Médiuns - Segunda parte - Das manifestações espíritas, cap. XXXI - Dissertações espíritas - Sobre os médiuns, X.
7 Œuvres posthumes, Mon guide spirituel. Librairie des Sciences Spirites et Psychiques. Paris, 1912
8 Revista Espírita, novembro de 1861 - Banquete oferecido a Allan Kardec - Discurso e brinde do Sr. Allan Kardec.

9 O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVIII - Coletânea de preces espíritas - II - Preces por aquele mesmo que ora - Aos Anjos guardiães e aos Espíritos protetores, 11 a 14. 10 O Livro dos Espíritos, item 495, e Revista Espírita, janeiro de 1859

Fonte; Ipeak – Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec


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terça-feira, 9 de setembro de 2014

COMO ENTENDER A ORTODOXIA - PARTE I

Nelson Costa da Silva

A ignorância dos Princípios – O caminho filosófico – O crítico sério – O conceito da ortodoxia Espírita – Espíritas-espiritualistas – 
A defesa da coerência doutrinária

Segundo Allan Kardec, “a experiência nos confirma todos os dias que as dificuldades e as decepções que encontramos na prática do Espiritismo - doutrina fundada sobre a crença na existência dos Espíritos e em suas manifestações - têm sua origem na ignorância dos princípios dessa ciência.”
O Espiritismo, mesmo que alguns neguem, fez grandes progressos desde a sua divulgação para a humanidade, mas o seu maior progresso se fez a partir do momento que entrou no caminho filosófico e passou a ser apreciado por pessoas esclarecidas.

O Espiritismo não se solidariza com as extravagâncias que são cometidas em seu nome, assim também como dizia A.Kardec “como a verdadeira ciência não o é com os abusos da ignorância nem a verdadeira religião não o é com os excessos do fanatismo”.

O Espiritismo, abordando as questões mais graves da filosofia em todos os ramos da ordem social, compreendendo ao mesmo tempo o homem físico e o homem moral, é por si só toda uma ciência e uma filosofia que não se apreende em algumas horas, como qualquer outra ciência.

É crítico sério do Espiritismo e, por seus seguidores, assim considerado, somente aquele que tenha visto tudo, estudando e se aprofundando com paciência e perseverança, qualidades essas próprias de um observador consciencioso. Que demonstrasse o seu saber sobre o assunto, de idêntica forma que os mais esclarecidos dos seus seguidores e estudiosos o fizesse e, ainda assim, que tivesse alcançado os seus conhecimentos em outros lugares que não nos romances. Seria aquele a quem não se poderia apresentar nenhum postulado que ele não conhecesse, e tampouco qualquer argumento que deixasse de passar pela sua meditação. Que contestasse a base da Doutrina dos Espíritos não por meras negações ou inserções contraditórias, maculando a lógica e o crivo da razão na doutrina apresentados, mas que pudesse comprovar, enfim, causas mais lógicas daquelas que o Espiritismo apresenta.

Esse crítico ou esse inovador ainda está por vir. Se vier.

Sendo o Espiritismo toda uma ciência e toda uma filosofia, para que alguém possa conhecê-lo seriamente, a primeira condição é a dedicação a um estudo sério e compenetrado; não pode ser aprendido por curiosidade ou brincadeira. O Espiritismo aborda todas as questões que interessam aos humanos, tem um campo imenso de ensinamentos e é nas conseqüências que deve ser mais bem examinado. Crer nos Espíritos não é suficiente para autoproclamar-se espírita esclarecido.

Quando se menciona a palavra ortodoxia, está-se referindo a um conceito pronto e acabado dentro dos seus fundamentos e da sua base. E é desse conceito que todo aquele que defende a ortodoxia Espírita se vale, seguindo a rota segura preconizada nas orientações e esclarecimentos apontados no CUEE (Controle Universal dos Ensinamentos dos Espíritos).

É a partir desse conceito que todo Espírita deve buscar os meios de aprender e também ensinar. Que não se espante o Espírita com a palavra ensinar; não significa que se deva fazer do alto de uma cátedra ou de uma tribuna. Ensinar também é conversar, debater, trocar idéias, seja por explicações, seja por experiências. O desejo maior de todo aquele que queira ser um Espírita esclarecido e coerente com a doutrina é que o seu esforço alcance resultados, e é por isso que deve dar conselhos sempre proveitosos para os que queiram se instruir por si mesmos. Só assim esses encontrarão meios mais seguros de chegar ao seu objetivo: a evolução e o progresso do Espírito.

Há no meio Espírita, uma imensidão de espiritualistas. Mesmo sendo o Espírita um espiritualista de origem, aqueles não podem, ainda, serem considerados Espíritas, segundo os princípios da doutrina mencionados em O Livro dos Espíritos, Introdução, I -ESPIRITISMO E ESPIRITUALISMO -, pois que conservam os traços do apego aos rituais, aos sacramentos, à hierarquia ministerial e sacerdotal, aos avatares religiosos, às oferendas, ao misticismo e à idolatria a personagens espirituais, ainda que a Doutrina dos Espíritos esclareça a sua inconsistência para as coisas do Espírito.

Acredita-se que para se convencer alguém basta mostrar os fatos. E que esses fatos, sendo fundamentados com lógica e sustentados pelo crivo da razão, bastariam para demover ao mais ferrenho espiritualista. A experiência mostra que não é o melhor a se fazer, pois há pessoas a quem nem um argumento ou fundamentos bem sustentados são suficientes e não as convencem. Difícil saber por que isso acontece, porém é possível tecer algumas considerações explicativas que podem ser demonstradas.

Para o espiritualista-refratário, será em vão reunir todas as provas ou argumentos lógicos; ele contestará todas, porque não admite o Espiritismo, por si só. É preciso, antes de tudo, dar-lhe tempo de amadurecer os ensinamentos da Doutrina, para que possa compreender o desapego a que se acostumou durante sua vida.

Há o espiritualista-orgulhoso, e para esse não existem dúvidas, apenas a negação absoluta, à qual raciocina à sua maneira. A maioria deles teima com as suas opiniões apenas por orgulho, pois acredita, por amor-próprio, que são obrigados a persistir espiritualista. Persistem, apesar de todos os argumentos e provas lógicas contrários, porque não querem se rebaixar às evidências do raciocínio e da razão. Esses são os mais difíceis de convencer, pois muitas vezes, sob falsa aparência de sinceridade dizem: “concordo com a Doutrina, mas ela precisa se atualizar com as doutrinas milenares”. Há os que vaidosamente, como se francos fossem, dizem: “a Doutrina é limitada para a minha capacidade de compreensão”. Com essas pessoas não há nada a fazer, já que o orgulho e a vaidade sobrepõem-se ao Espiritismo.

Há, ainda, o espiritualista-indiferente. Até compreendem que são “espíritas” por indiferença, podendo-se até dizer que é “por falta de coisa melhor”. Não que sejam indiferentes de caso pensado, pois o que mais desejariam é crer integralmente e exclusivamente no Espiritismo como ele é, mas a indiferença para a leitura e para o estudo leva-os a seguirem o que lhes é apresentado. E esse é o que tem o contingente mais numeroso entre os “espíritas”.

O fato de alguém defender a ORTODOXIA (coerência) Espírita, não quer dizer que outra qualquer forma de crença deixe de ser válida afinal; cada um usa o seu conhecimento e a sua crença naquilo que mais o conforta e responde aos seus anseios de momento. Da mesma forma, não quer dizer que alguém que compreenda os fundamentos da DE e os defenda de qualquer inserção ou sincretismo de outra crença ou práticas que o Espiritismo esclarece que sejam desnecessárias para o crescimento e progresso do indivíduo, o torne um SER mais evoluído ou superior.

Todos nós estamos evoluindo e progredindo de alguma forma. Todos nós somos falíveis e deixamos transparecer, quando menos esperamos, as nossas fraquezas, notadamente as fraquezas morais.

No entanto, defender a pureza doutrinária do Espiritismo é buscar melhorar a nossa conduta como um todo. Alguns avançam, outros ainda têm um longo caminho pela frente, e nesse caminho está vencer a vaidade, o orgulho e a indiferença. Não quer dizer que sabendo quase tudo da DE em seus detalhes, que esse caminho já tenha sido percorrido.

E quanto a perceber comportamentos e posturas que não condizem com o conhecimento da Doutrina, não caberá a nós fazermos tais julgamentos de valor moral sobre ninguém, mesmo porque se estamos todos juntos, é para que possamos aprender uns com os outros.

O ideal é que cada um procure fazer a sua parte, sempre que possível. Se estivermos aptos a fazer uma análise de palavras ou escritos, que sejamos duros, porém comedidos na abordagem. Que tenhamos sempre argumentos e fundamentos que façam o outro compreender o seu erro. Somente com tolerância e paciência, mas, também, com palavras que não deixem margens a dúvidas, é que poderemos traçar um caminho mais proveitoso para todos nós seguidores do Espiritismo.

Não desistir e não desanimar. Todo trabalho para frutificar, necessita de uma boa aragem e uma boa semeadura. Muitas vezes, encontraremos intempéries morais para prejudicar nossa lavoura, mas devemos sempre persistir.

Fonte; NEFCA - NÚCLEO ESPÍRITA DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS APLICADAS


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sábado, 26 de julho de 2014

ECTOPLASMA – PARTE I

Sonia Maria

Observamos na atualidade que a doutrina codificada por Allan Kardec, tanto no Brasil quanto no Exterior, voltou-se muito mais ao que se poderia chamar de espiritismo evangélico que aos seus aspectos científicos e filosóficos. Isso causou uma redução significativa das pesquisas sobre outros temas de extrema importância para o avanço do entendimento do homem. Como consequência os materiais para pesquisas estão ficando a cada dia que passa mais raros.
Desejamos que no futuro possamos nos valer de mais pesquisadores e pessoas interessadas em demonstrar através da ciência temas de vital importância para o Espiritismo como um todo.

Uma das questões  sobre o qual necessitaríamos aportar um maior estudo científico seria o Ectoplasma ( termo dado por Charles Richet). Trata-se de uma substância fluídica sensível ao pensamento originada no citoplasma celular. É entendido muitas vezes de uma forma equivocada ou incompleta, vendo-o apenas como causante de fenômenos de materialização. Em realidade é uma composto existente nas células que quando se exterioriza permite nos comunicar com os espíritos de varias formas, pois os espíritos só podem agir na matéria através da matéria.

Aqui vamos expor uma pequena síntese do que encontramos sobre o ectoplasma, sem a pretensão de encerrar o tema, pois temos muito que estudar e pesquisar.
Derivado do Grego:  ektós= indica movimento para fora;  plasma= obra modelável, substância plástica.

Substância fundamental amorfa, secretadas por organelas celulares, principalmente pelas mitocôndrias e pelo complexo retículo plasmático, possui características químicas ímpares, sem comportamento de matéria nem de fluído, aproximando-se de um e de outro conforme a capacidade do grupo mediúnico.

Segundo o Espírito André Luiz, no livro “Nos Domínios da Mediunidade”, de Chico Xavier, “o ectoplasma está situado entre a matéria densa e a matéria perispirítica, assim como um produto de emanações da alma pelo filtro do corpo, e é o recurso peculiar não somente ao homem, mas a todas as formas da natureza. Em certas organizações fisiológicas especiais da raça humana, comparece em maiores proporções e em relativa madureza para a manifestação necessária aos efeitos físicos. É um elemento amorfo, mas de grande potência e vitalidade. Pode ser comparado a uma genuína massa protoplasmática, sendo extremamente sensível,  animado de princípios criativos que funcionam como condutores de eletricidade e magnetismo, mas que se subordinam, invariavelmente, ao pensamento e à vontade do médium que o exterioriza ou dos Espíritos desencarnados ou não que sintonizam com a mente mediúnica, senhoreando-lhe o modo de ser. Infinitamente plástico, dá forma parcial ou total às entidades que se fazem visíveis aos olhos dos companheiros terrestres ou diante da objetiva fotográfica, dá consistência aos fios, bastonetes e outros tipos de formações, visíveis ou invisíveis nos fenômenos de levitação, e substancializa as imagens criadas pela imaginação do médium ou dos companheiros que o assistem mentalmente afinados com ele”.

O ectoplasma é uma substância caracterizada como uma espécie de plasma, flexível, viscoso, incolor e inodoro, sensível ao pensamento. É uma substância que todos possuem. É eliminado por via sistêmica, não se elimina por uma só via, mas sim por todo o organismo do médium. Cada pessoa tem um tipo de ectoplasma: alfa, beta, gama, alfa1, alfa2, beta1, beta2, etc.

Existem os chamados médiuns doadores universais, que são possuidores dos 16 tipos de ectoplasma. Eles devem sistematicamente doar o ectoplasma. Quando o ectoplasma não é eliminado por esses médiuns, ele rompe as mucosas, pode levar a necrose tecidual em vias de eliminação (mucosas), desestabilização de membranas, ruptura celular e degradação por enzimas lisossomiais.

Composição do ectoplasma

Como corpo fundamental existe o fósforo. Possui também , entre outros, os elementos hidrogênio, carbono, nitrogênio, e oxigênio.

Características do Ectoplasma

Ele pode ter desde uma forma tão rarefeita, que é invisível aos olhos humanos (mas registrável por outros métodos), até o estado sólido e organizado em estruturas complexas, tais como os utilizados pelos espíritos para os fenômenos de materialização.

Entre estes dois extremos ele pode passar por estados diversos: gasoso, plasmático, flosculoso, amorfo, leitoso, filamentoso, líquido, etc. O ectoplasma é sensível à ação da luz comum, porém pode suportar bem as radiações pouco energéticas do espectro da luz visível.

Ele é dócil ao comando mental do médium e, e se esse permitir também pode ser moldado pelos espíritos, e talvez também de pessoas estranhas àquele que o produz.

Mostra-se altamente suscetível à ação dos campos organizadores biológicos, tomando as formas e características de um ser vivo completo ou peças anatômicas parciais, mas com o aspecto de objetos com vida. Com a mesma facilidade com que é emitido, o ectoplasma pode reverter ao organismo do médium, sendo por este reabsorvido.

A luz lhes é destrutiva,e, a menos que ele seja gradativamente alimentado e especialmente preparado com antecedência pelos guias, o efeito de um súbito jato de luz faz com que a substância recue para o médium, com a força de um elástico, e esta se retraindo sobre uma superfície mucosa, pode determinar uma forte hemorragia.

A qualidade do ectoplasma produzido, depende dos alimentos que ingerimos, alimentos que atuam de forma negativa seriam por ex:

- Carnes vermelhas,  de difícil metabolização, rica em lipídios saturados e adição de hormônios.

-Leites e queijos. Presença de lipídios em quantidade moderada, mas de proteínas de alto peso molecular, presença de antibióticos e pesticidas

- Chocolates e demais produtos ricos em conservantes, baixo valor nutricional, digestão lenta e efeito tóxico acumulativo

-Bebidas alcoólicas.

Fonte bibliográfica:

-  A Gênese de Allan Kardec
-  A Física da Alma (Amit Goswami )
-  Cadernos de psicofonias de Antonio Grim de 94 e 97- SBEE
-  O Livro dos Espíritos de Allan Kardec
-  O Livro dos Médiuns de Allan Kardec
-  Palestras de Ectoplasma Paulo Roberto Brero de Campos- SBEE
-  Palestra de Ectoplasma e Ectoplasmia Luis Antonio Bauer- SBEE

Fonte; http://tdmmagnetismobatuira.blogspot.com.br/


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