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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

COMO MOISÉS ATRAVESSOU O MAR VERMELHO

O filme “Êxodo”, do diretor Ridley Scott, estreia no dia 25 de dezembro no Brasil. 20th Century Fox

“Êxodo: Deuses e Reis”, o filme do diretor Ridley Scott que chega aos cinemas brasileiros em 25 de dezembro, vai mostrar, é claro, o mais famoso de todos os milagres bíblicos: a travessia do Mar Vermelho. Mas sua representação será bem diferente daquela feita no clássico “Os Dez Mandamentos”, de Cecil B. DeMille. No filme de 1956, Charlton Heston, que fez o papel de Moisés, divide o mar em duas grandes muralhas de água, entre as quais os filhos de Israel cruzam o leito seco do mar até a praia oposta. O exército do faraó persegue os fugitivos e acaba sendo engolido pelo mar, quando Moisés faz um sinal para as águas se fecharem novamente.

Scott disse que sua nova versão da história terá uma explicação mais realista e natural sobre o que aconteceu e não dependerá de Moisés para pedir a intervenção miraculosa de Deus. O diretor decidiu que as águas se “abrirão” em consequência de um tsunami provocado por um terremoto. Antes de um tsunami ser deflagrado, as águas costeiras geralmente recuam, deixando o leito do mar praticamente seco até a onda gigante chegar.

Mas há problemas com essa versão da história também. O tempo em que as águas recuam antes da chegada de um tsunami geralmente dura apenas 10 ou 20 minutos, muito pouco para que todos os filhos de Israel cruzassem o leito temporariamente seco. E também não haveria jeito de Moisés saber que um terremoto e um tsunami iriam acontecer, ao menos que Deus contasse a ele. Nesse caso, porém, a história manteria algum elemento milagroso.

Há uma explicação natural muito melhor de como uma passagem através do Mar Vermelho pode ter ocorrido. Essa teoria envolve a maré, fenômeno natural que poderia ter se encaixado perfeitamente no plano de Moisés, porque ele seria capaz de prever a sua ocorrência.

Em certos lugares do mundo, a maré pode deixar o leito do mar seco durante horas e depois voltar com ímpeto. De fato, em 1798, Napoleão Bonaparte e um pequeno grupo de soldados a cavalo cruzaram o Golfo de Suez, na ponta norte do Mar Vermelho, quase no mesmo local onde Moisés e os hebreus teriam atravessado.

Numa extensão de mais de um quilômetro de águas baixas, a maré voltou repentinamente, quase afogando Napoleão e seus soldados.

Na versão bíblica, os filhos de Israel estavam acampados na costa ocidental do Golfo de Suez quando avistaram as nuvens de poeira geradas pelas bigas do Faraó. Os hebreus estavam encurralados entre o exército do Faraó e o Mar Vermelho. Por outro lado, as nuvens de poeira foram provavelmente um sinal importante para Moisés, que pôde calcular quanto tempo o exército levaria para chegar à praia.

Na infância, Moisés havia vivido no deserto próximo e sabia onde as caravanas atravessavam o Mar Vermelho na maré baixa. Ele conhecia o céu noturno e os métodos antigos de prever a maré, baseado na localização da lua e sua fase. O faraó, ao contrário, vivia ao longo do Rio Nilo, que é conectado ao Mar Mediterrâneo, onde praticamente não há marés. Assim, o exército faraônico provavelmente tinha pouco conhecimento das marés do Mar Vermelho e de seus perigos.

Com o conhecimento das marés, Moisés pôde planejar a fuga dos hebreus. Ao escolher a lua cheia para a fuga, ele sabia que a maré baixa seria maior e o leito do mar ficaria seco por mais tempo, dando tempo para os hebreus atravessarem. A maré alta também seria maior, podendo mais facilmente submergir o exército do faraó.

O cálculo do tempo foi crucial. O último hebreu tinha que cruzar o leito seco antes da maré voltar, atraindo o exército do faraó para a leito exposto do mar, onde eles se afogariam quando as águas da maré voltassem. Se as bigas chegassem antes de a maré voltar, Moisés teria planejado alguma maneira de retardá-las. Se o exército chegasse depois de a maré ter voltado, ele teria atravessado os hebreus e depois, na próxima maré baixa, enviado alguns de seus melhores homens através do leito seco para atrair as bigas do faraó.

A Bíblia cita um forte vento leste que soprou a noite toda e afastou as águas. A física oceânica nos conta que o vento soprando sobre um trecho raso de água afasta mais as águas que um vento soprando sobre águas profundas. Se o vento, por acaso, soprou antes dos hebreus cruzarem o Mar Vermelho, ele teria ajudado ainda mais a expor o leito do mar.

Em 1798, quando Napoleão quase se afogou ao norte do Golfo de Suez, a água aumentava normalmente entre 1,5 a 2 metros na maré alta (atingindo até 3 metros com a ajuda do vento). Mas há evidências que o nível do mar era mais elevado na época de Moisés. Então, se esse foi mesmo o caso, a história real da travessia dos hebreus não precisa de muito exagero para incluir muralhas de água caindo sobre os egípcios.

Vale a pena citar outra evidência. Minha sugestão de que Moisés planejou a travessia do Mar Vermelho na maré baixa não é inteiramente nova. O escritor Eusébio de Cesareia (236 – 339 D.C.) cita duas versões da história da travessia do Mar Vermelho relatadas pelo historiador egípcio Artapanus (80 – 40 A.C.). Uma delas, contada pelo povo de Heliópolis, é semelhante ao relato da Bíblia. Mas a segunda versão, contada pelos habitantes de Memphis, diz que “Moisés, conhecendo o país, esperou a maré baixar e conduziu o povo através do mar seco”.

Se a maré realmente desempenhou um papel na travessia do Mar Vermelho por Moisés, ela pode ser considerada a mais notável e consequente previsão de maré da história.

No site Portal do Espírito encontramos um link que também deve ser avaliado.

17/12/2014
Mar Vermelho: Arqueólogos descobrem RESTOS DO EXÉRCITO EGÍPCIO do êxodo bíblico


O Ministério do Egito anunciou esta manhã que uma equipa de arqueólogos subaquáticos tinha descoberto o que resta de um grande exército egípcio do século 14 aC, na parte inferior do Golfo de Suez, a 1,5 km do litoral da cidade moderna de Ras Gharib. A equipa foi em busca dos restos de navios e artefatos antigos relacionados com a Idade da Pedra e da Idade do Bronze comércio na região do Mar Vermelho, quando tropeçou numa gigantesca massa de ossos humanos escurecidos pela idade.

Os cientistas liderados pelo Professor Abdel Muhammad Gader e associados à Faculdade de Arqueologia da Universidade do Cairo, já recuperaram
 um total de mais de 400 esqueletos diferentes, assim como centenas de armas e peças de armadura, também os restos de dois carros de guerra, espalhados uma área de aproximadamente 200 metros quadrados. Eles estimam que mais de 5000 outros organismos poderiam ter seido dispersos por uma área maior, o que sugere que um exército de grande tamanho que pereceram no lugar.


Esta lâmina magnífica de um khopesh egípcio, foi certamente a arma de um personagem importante. Ela foi descoberta perto das ruínas de um carro de guerra condecorado, sugerindo que poderia ter pertencido a um príncipe ou nobre.
Muitas pistas sobre colhidas naquele lugar levou o Professor Gader e a sua equipa a concluir que os corpos poderiam estar ligados ao famoso episódio do Êxodo. Primeiro de tudo, os soldados antigos parecem ter morrido em terra seca, uma vez que não há vestígios de barcos ou navios encontrados na área. As posições dos corpos e o facto de que eles foram presos a uma grande quantidade de argila e rocha, implicam que eles poderiam ter morrido num deslizamento de terra ou em um maremoto.


O número de corpos sugere que um grande exército antigo pereceram no site e a maneira dramática pela qual eles foram mortos, ambos parecem corroborar a versão bíblica da travessia do Mar Vermelho, quando o exército do faraó egípcio foi destruído pelo retorno das águas que por ordem de Moisés se tinha tinham separado. Esta nova descoberta certamente prova que realmente havia um exército egípcio de grande tamanho que foi destruído pelas águas do Mar Vermelho, durante o reinado do rei Akhenaton.
  
Durante séculos, o famoso relato bíblico da "travessia marítima Mar Vermelho" foi omisso pela maioria dos estudiosos e historiadores como o mais simbólico do que histórico.

Esta descoberta surpreendente traz prova científica inegável que um dos episódios mais famosos do Antigo Testamento era de fato, baseado em um evento histórico. Ele traz uma nova perspectiva sobre uma história que muitos historiadores têm considerado há anos como uma obra de ficção, e sugerindo que outros temas como as "pragas do Egito" pode de fato ter uma base histórica.

Muito mais operações de pesquisa e mais de recuperação são de se esperar no site ao longo dos próximos anos, como Professor Gader e a sua equipa já anunciaram o seu desejo de recuperar o resto dos corpos e artefactos o Professor considerou o lugar mais ricos em termos arqueológicos subaquáticos já descoberto.

Autor: Bruce Parker - The Wall Street Journal
Fonte: Jorge Nassrallah
http://www.vademecumespirita.com.br/goto/store/texto/1101/como-moises-atravessou-o-mar-vermelho

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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

DA PROIBIÇÃO DE EVOCAR OS MORTOS


                             

1. - A Igreja de modo algum nega a realidade das manifestações. Ao contrário, como vimos nas citações precedentes, admite-as totalmente, atribuindo-as à exclusiva intervenção dos demônios. É debalde invocar os Evangelhos como fazem alguns para justificar a sua interdição, visto que os Evangelhos nada dizem a esse respeito. O supremo argumento que prevalece é a proibição de Moisés. A seguir damos os termos nos quais se refere ao assunto a mesma pastoral que citamos nos capítulos precedentes: "Não é permitido entreter relações com eles (os Espíritos), seja imediatamente, seja por intermédio dos que os evocam e interrogam. A lei moisaica punia os gentios. Não procureis os mágicos, diz o Levítico, nem procureis saber coisa alguma dos adivinhos, de maneira a vos contaminardes por meio deles. (Cap. XIX, v. 31.) Morra de morte o homem ou a mulher em quem houver Espírito pitônico; sejam apedrejados e sobre eles recaia seu sangue. (Cap. XX, v. 27.) O Deuteronômio diz: Nunca exista entre vós quem consulte adivinhos, quem observe sonhos e agouros, quem use de malefícios, sortilégios, encantamentos, ou consultem os que têm o Espírito pitônico e se dão a práticas de adivinhação interrogando os mortos. O Senhor abomina todas essas coisas e destruirá, à vossa entrada, as nações que cometem tais crimes." (Cap. XVIII, vv. 10, 11 e 12.)

2. - É útil, para melhor compreensão do verdadeiro sentido das palavras de Moisés, reproduzir por completo o texto um tanto abreviado na citação antecedente. Ei-lo: 

"Não vos desvieis do vosso Deus para procurar mágicos; não consulteis os adivinhos, e receai que vos contamineis dirigindo-vos a eles. Eu sou o Senhor vosso Deus." ( Levítico, cap. XIX, v. 31.) O homem ou a mulher que tiver Espírito pitônico, ou de adivinho, morra de morte. Serão apedrejados, e o seu sangue recairá sobre eles." (Idem, cap. XX, v. 27.) Quando houverdes entrado na terra que o Senhor vosso Deus vos há de dar, guardai-vos; tomai cuidado em não imitar as abominações de tais povos; - e entre vós ninguém haja que pretenda purificar filho ou filha passando-os pelo fogo; que use de malefícios, sortilégios e encantamentos: que consulte os que têm o Espírito de Píton e se propõem adivinhar, interrogando os mortos para saber a verdade. O Senhor abomina todas essas coisas e exterminará todos esses povos, à vossa entrada, por causa dos crimes que têm cometido. ( Deuteronômio, cap. XVIII, vv. 9, 10, 11 e 12.)

3. - Se a lei de Moisés deve ser tão rigorosamente observada neste ponto, força é que o seja igualmente em todos os outros. Por que seria ela boa no tocante às evocações e má em outras de suas partes? É preciso ser conseqüente. Desde que se reconhece que a lei moisaica não está mais de acordo com a nossa época e costumes em dados casos, a mesma razão procede para a proibição de que tratamos. 

Demais, é preciso expender os motivos que justificavam essa proibição e que hoje se anularam completamente. O legislador hebreu queria que 'o seu povo abandonasse todos os costumes adquiridos no Egito, onde as evocações estavam em uso e facilitavam abusos, como se infere destas palavras de Isaías: "O Espírito do Egito se aniquilará de si mesmo e eu precipitarei seu conselho; eles consultarão seus ídolos, seus adivinhos, seus pítons e seus mágicos." (Cap. XIX, v. 3.)

Os israelitas não deviam contratar alianças com as nações estrangeiras, e sabido era que naquelas nações que iam combater encontrariam as mesmas práticas. Moisés devia pois, por política, inspirar aos hebreus aversão a todos os costumes que pudessem ter semelhanças e pontos de contacto com o inimigo. Para justificar essa aversão, preciso era que apresentasse tais práticas como reprovadas pelo próprio Deus, e dai estas palavras: - "O Senhor abomina todas essas coisas e destruirá, à vossa chegada, as nações que cometem tais crimes."

4. - A proibição de Moisés era assaz justa, porque a evocação dos mortos não se originava nos sentimentos de respeito, afeição ou piedade para com eles, sendo antes um recurso para adivinhações, tal como nos augúrios e presságios explorados pelo charlatanismo e pela superstição. Essas práticas, ao que parece, também eram objeto de negócio, e Moisés, por mais que fizesse, não conseguiu desentranhá-las dos 

costumes populares. 

As seguintes palavras do profeta justificam o asserto: - "Quando vos disserem: Consultai os mágicos e adivinhos que balbuciam encantamentos, respondei: - Não consulta cada povo ao seu Deus? E aos mortos se fala do que compete aos vivos?" (Isaías, cap. VIII, v. 19.) "Sou eu quem aponta a falsidade dos prodígios mágicos; quem enlouquece os que se propõem adivinhar, quem transtorna o espírito dos sábios e confunde a sua ciência vã." (Cap. XLIV, v. 25.) "Que esses adivinhos, que estudam o céu, contemplam os astros e contam os meses para fazer predições, dizendo revelar-vos o futuro, venham agora salvar-vos. - Eles tornaram-se como a palha, e o fogo os devorou; não poderão livrar suas almas do fogo ardente; não restarão das chamas que despedirem, nem carvões que possam aquecer, nem fogo ao qual se possam sentar. - Eis ao que ficarão reduzidas todas essas coisas das quais vos tendes ocupado com tanto afinco: os traficantes que convosco traficam desde a infância foram-se, cada qual para seu lado, sem que um só deles se encontre que vos tire os vossos males." (Cap. XLVII, vv. 13, 14 e 15.) 

Neste capítulo Isaías dirige-se aos babilônios sob a figura alegórica "da virgem filha de Babilônia, filha de caldeus". (v. 1.) Diz ele que os adivinhos não impedirão a ruína da monarquia. No seguinte capítulo dirige-se diretamente aos israelitas. "Vinde aqui vós outros, filhos de uma agoureira, raça dum homem adúltero e de 

uma mulher prostituída. - De quem vos rides vós? Contra quem abristes a boca e mostrastes ferinas línguas? Não sois vós filhos perversos de bastarda raça - vós que procurais conforto em vossos deuses debaixo de todas as frontes, sacrificando-lhes os tenros filhinhos nas torrentes, sob os rochedos sobranceiros? Depositastes a vossa confiança nas pedras da torrente, espalhastes e bebestes licores em sua honra, oferecestes sacrifícios. Depois disso como não se acender a minha indignação?" (Cap. LVII, vv. 3, 4, 5 e 6.) 

Estas palavras são inequívocas e provam claramente que nesse tempo as evocações tinham por fim a adivinhação, ao mesmo tempo que constituíam comércio, associadas às práticas da magia e do sortilégio, acompanhadas até de sacrifícios humanos. Moisés tinha razão, portanto, proibindo tais coisas e afirmando que Deus as abominava. 
Essas práticas supersticiosas perpetuaram-se até à Idade Média, mas hoje a razão predomina, ao mesmo tempo que o Espiritismo veio mostrar o fim exclusivamente moral, consolador e religioso das relações de além-túmulo. Uma vez, porém, que os espíritas não sacrificam criancinhas nem fazem libações para honrar deuses; uma vez que não interrogam astros, mortos e augures para adivinhar a verdade sabiamente velada aos homens; uma vez que repudiam traficar com a faculdade de comunicar com os Espíritos; uma vez que os não move a curiosidade nem a cupidez, mas um sentimento de piedade, um desejo de instruir-se e melhorar-se, aliviando as almas sofredoras; uma vez que assim é, porque o é - a proibição de Moisés não lhes pode ser extensiva. 
Se os que clamam injustamente contra os espíritas se aprofundassem mais no sentido das palavras bíblicas, reconheceriam que nada existe de análogo, nos princípios do Espiritismo, com o que se passava entre os hebreus. A verdade é que o Espiritismo condena tudo que motivou a interdição de Moisés; mas os seus adversários, no afã de encontrar argumentos com que rebatam as novas idéias, nem se apercebem que tais argumentos são negativos, por serem completamente falsos. A lei civil contemporânea pune todos os abusos que Moisés tinha em vista reprimir. Contudo, se ele pronunciou a pena última contra os delinqüentes, é porque lhe faleciam meios brandos para governar um povo tão indisciplinado. Esta pena, ao demais, era muito prodigalizada na legislação moisaica, pois não havia muito onde escolher nos meios de repressão. Sem prisões nem casas de correção no deserto, Moisés não podia graduar a penalidade como se faz em nossos dias, além de que o seu povo não era de natureza a atemorizar-se com penas puramente disciplinares. Carecem portanto de razão os que se apóiam na severidade do castigo para provar o grau de culpabilidade da evocação dos mortos. Conviria, por consideração à lei de Moisés, manter a pena capital em todos os casos nos quais ele a prescrevia? Por que, então, reviver com tanta insistência este artigo, silenciando ao mesmo tempo o principio do capítulo que proíbe aos sacerdotes a posse de bens terrenos e partilhar de qualquer herança, porque o Senhor é a sua própria herança? (Deuteronômio, cap. XXVIII, vv. 1 e 2.)


5. - Há duas partes distintas na lei de Moisés: a lei de Deus propriamente dita, promulgada sobre o Sinal, e a lei civil ou disciplinar, apropriada aos costumes e caráter do povo. Uma dessas leis é invariável, ao passo que a outra se modifica com o tempo, e a ninguém ocorre que possamos ser governados pelos mesmos meios por que o eram os judeus no deserto e tampouco que os capitulares de Carlos Magno se moldem à França do século XIX. Quem pensaria hoje, por exemplo, em reviver este artigo da lei moisaica: "Se um boi escornar um homem ou mulher, que disso morram, seja o boi apedrejado e ninguém coma de sua carne; mas o dono do boi será julgado inocente"? ( Êxodo, cap. XXI, vv. 28 e seguintes.) Este artigo, que nos parece tão absurdo, não tinha, no entanto, outro objetivo que o de punir o boi e inocentar o dono, equivalendo simplesmente à confiscação do animal, causa do acidente, para obrigar o proprietário a maior vigilância. A perda do boi era a punição que devia ser bem sensível para um povo de pastores, a ponto de dispensar outra qualquer; entretanto, essa perda a ninguém aproveitava, por ser proibido comer a carne. Outros artigos prescrevem o caso em que o proprietário é responsável. 

Tudo tinha sua razão de ser na legislação de Moisés, uma vez que tudo ela prevê em seus mínimos detalhes, mas a forma, bem como o fundo, adaptavam-se às circunstâncias ocasionais Se Moisés voltasse em nossos dias para legislar sobre uma nação civilizada, decerto não lhe daria um código igual ao dos hebreus.

6. - A esta objeção opõem a afirmativa de que todas as leis de Moisés foram ditadas em nome de Deus, assim como as do Sinal. Mas julgando-as todas de fonte divina, por que ao decálogo limitam os mandamentos? Qual a razão de ser da diferença? Pois não é certo que se todas essas leis emanam de Deus devem todas ser igualmente obrigatórias? E por que não conservaram a circuncisão, à qual Jesus se submeteu e não aboliu? Ah! esquecem que, para dar autoridade às suas leis, todos os legisladores antigos lhes atribuíam uma origem divina. Pois bem: Moisés, mais que nenhum outro, tinha necessidade desse recurso, atento o caráter do seu povo; e se, a despeito disso, ele teve dificuldade em se fazer obedecer, que não sucederia se as leis fossem promulgadas em seu próprio nome! Não veio Jesus modificar a lei moisaica, fazendo da sua lei o código dos cristãos? Não disse ele: - "Vós sabeis o que foi dito aos antigos, tal e tal coisa, e eu vos digo tal outra coisa?" Entretanto Jesus não proscreveu, antes sancionou a lei do Sinai, da qual toda a sua doutrina moral é um desdobramento. Ora, Jesus nunca aludiu em parte alguma à proibição de evocar os mortos, quando este era um assunto bastante grave para ser omitido nas suas prédicas, mormente tendo ele tratado de outros assuntos secundários.
7. - Finalmente convém saber se a Igreja coloca a lei moisaica acima da evangélica, ou por outra, se é mais judia que cristã. Convém também notar que, de todas as religiões, precisamente a judia é que faz menos oposição ao Espiritismo, porquanto não invoca a lei de Moisés contrária às relações com os mortos, como fazem as seitas cristãs.
8. - Mas temos ainda outra contradição: - Se Moisés proibiu evocar os mortos, é que estes podiam vir, pois do contrário inútil fora a proibição. Ora, se os mortos podiam vir naqueles tempos, também o podem hoje; e se são Espíritos de mortos os que vêm, não são exclusivamente demônios. Demais, Moisés de modo algum fala nesses últimos. É duplo, portanto, o motivo pelo qual não se pode aceitar logicamente a autoridade de Moisés na espécie, a saber: - primeiro, porque a sua lei não rege o Cristianismo; e, segundo, porque é imprópria aos costumes da nossa época. Mas, suponhamos que essa lei tem a plenitude da autoridade por alguns outorgada, e ainda assim ela não poderá, como vimos, aplicar-se ao Espiritismo. É verdade que a proibição de Moisés abrange a interrogação dos mortos, porém de modo secundário, como acessória às práticas da feitiçaria. O próprio vocábulo interrogação, junto aos de adivinho e agoureiro, prova que entre os hebreus as evocações eram um meio de adivinhar; entretanto, os espíritas só evocam mortos para receber sábios conselhos e obter alivio em favor dos que sofrem, nunca para conseguir revelações ilícitas. Certo, se os hebreus usassem das comunicações como fazem os espíritas, longe de as proibir, Moisés acoroçoá-las-ia, porque o seu povo só teria que lucrar.
9. - É certo que alguns críticos jucundos ou mal-intencionados têm descrito as reuniões espíritas como assembléias de necromantes ou feiticeiros, e os médiuns como astrólogos e ciganos, isto porque talvez quaisquer charlatães tenham afeiçoado tais nomes às suas práticas, que o Espiritismo não pode, aliás, aprovar. Em compensação, há também muita gente que faz justiça e testemunha o caráter essencialmente moral e grave das reuniões sérias. Além disso, a Doutrina, em livros ao alcance de todo o mundo, protesta bem alto contra os abusos, para que a calúnia recaia sobre quem merece.
10. - A evocação, dizem, é uma falta de consideração para com os mortos, cujas cinzas devem ser respeitadas. Mas quem é que diz tal? São os antagonistas de dois campos opostos, isto é, os incrédulos que nas almas não crêem, e os crédulos que pretendem que só os demônios, e não as almas, podem vir. Quando a evocação é feita com recolhimento e religiosamente; quando os Espíritos são chamados, não por curiosidade, mas por um sentimento de afeição e simpatia, com desejo sincero de instrução e progresso, não vemos nada de irreverente em apelar-se para as pessoas mortas, como se fizera com os vivos. Há, contudo, uma outra resposta peremptória a essa objeção, e é que os Espíritos se apresentam espontaneamente, sem constrangimento, muitas vezes mesmo sem que sejam chamados. Eles também dão testemunho da satisfação que experimentam por comunicar-se com os homens, e queixam-se às vezes do esquecimento em que os deixam. Se os Espíritos se perturbassem ou se agastassem com os nossos chamados, certo o diriam e não retornariam; porém, nessas evocações, livres como são, se se manifestam, é porque lhes convém.

11. - Ainda uma outra razão é alegada: - As almas permanecem na morada que a justiça divina lhes designa - o que equivale dizer no céu ou no inferno. Assim, as que estão no inferno, de lá não podem sair, posto que para tanto a mais ampla liberdade seja outorgada aos demônios. As do céu, inteiramente entregues à sua beatitude, estão muito superiores aos mortais para deles se ocuparem, e são bastantemente felizes para não voltarem a esta terra de misérias, no interesse de parentes e amigos que aqui deixassem. Então essas almas podem ser comparadas aos nababos que dos pobres desviam a vista com receio de perturbar a digestão? Mas se assim fora essas almas se mostrariam pouco dignas da suprema bem-aventurança, transformando-se em padrão de egoísmo! 

Restam ainda as almas do purgatório, porém, estas, sofredoras como devem ser, antes que doutra coisa, devem cuidar da sua salvação. Deste modo, não podendo nem umas nem outras almas corresponder ao nosso apelo, somente o demônio se apresenta em seu lugar. Então é o caso de dizer: se as almas não podem vir, não há de que recear pela perturbação do seu repouso.

12. - Mas aqui reponta uma outra dificuldade. Se as almas bem-aventuradas não podem deixar a mansão gloriosa para socorrer os mortais, por que invoca a Igreja a assistência dos santos que devem fruir ainda maior soma de beatitude? Por que aconselha invocá-los em casos de moléstia, de aflição, de flagelos? Por que razão e segundo essa mesma Igreja os santos e a própria Virgem aparecem aos homens e fazem milagres? Estes deixam o céu para baixar à Terra; entretanto os que estão menos elevados não o podem fazer!
13. - Que os cépticos neguem a manifestação das almas, vá, visto que nelas não acreditam; mas o que se torna estranhável é ver encarniçar-se contra os meios de provar a sua existência, esforçando-se por demonstrar a impossibilidade desses meios, aqueles mesmos cujas crenças repousam na existência e no futuro das almas! Parece que seria mais natural acolherem como benefício da Providência os meios de confundir os cépticos com provas irrecusáveis, pois que são os negadores da própria religião. Os que têm interesse na existência da alma deploram constantemente a avalancha da incredulidade que invade, dizimando-o, o rebanho de fiéis: entretanto, quando se lhes apresenta o meio mais poderoso de combatê-la, recusam-no com tanta ou mais obstinação que os próprios incrédulos. Depois, quando as provas avultam de modo a não deixar dúvidas, eis que procuram como recurso de supremo argumento a interdição do assunto, buscando, para justificá-la, um artigo da lei moisaica do qual ninguém cogitara, emprestando-lhe, à força, um sentido e aplicação inexistentes. E tão felizes se julgam com a descoberta, que não percebem que esse artigo é ainda uma justificativa da Doutrina Espírita.
14. - Todas as razões alegadas para condenar as relações com os Espíritos não resistem a um exame sério. Pelo ardor com que se combate nesse sentido é fácil deduzir o grande interesse ligado ao assunto. Daí a insistência. Em vendo esta cruzada de todos os cultos contra as manifestações, dir-se-ia que delas se atemorizam. O verdadeiro motivo poderia bem ser o receio de que os Espíritos muito esclarecidos viessem instruir os homens sobre pontos que se pretende obscurecer, dando-lhes conhecimento, ao mesmo tempo, da certeza de um outro mundo, a par das verdadeiras condições para nele serem felizes ou desgraçados. A razão deve ser a mesma por que se diz à criança: - "Não vá lá, que há lobisomens." Ao homem dizem: - "Não chameis os Espíritos: - São o diabo." - Não importa, porém: - impedem os homens de os evocar, mas não poderão impedi-los de vir aos homens para levantar a lâmpada de sob o alqueire. O culto que estiver com a verdade absoluta nada terá que temer da luz, pois a luz faz brilhar a verdade e o demônio nada pode contra esta.
15. - Repelir as comunicações de além-túmulo é repudiar o meio mais poderoso de instruir-se, já pela iniciação nos conhecimentos da vida futura, já pelos exemplos que tais comunicações nos fornecem. A experiência nos ensina, além disso, o bem que podemos fazer, desviando do mal os Espíritos imperfeitos, ajudando os que sofrem a desprenderem-se da matéria e a se aperfeiçoarem. Interdizer as comunicações é,
portanto, privar as almas sofredoras da assistência que lhes podemos e devemos dispensar.
As seguintes palavras de um Espírito resumem admiravelmente as conseqüências da evocação, quando praticada com fim caritativo: "Todo Espírito sofredor e desolado vos contará a causa da sua queda, os desvarios que o perderam. Esperanças, combates e terrores; remorsos, desesperos e dores, tudo vos dirá, mostrando Deus justamente irritado a punir o culpado com toda a severidade. Ao ouvi-lo, dois sentimentos vos acometerão: o da compaixão e o do temor! compaixão por ele, temor por vós mesmos. E se o seguirdes nos seus queixumes, vereis então que Deus jamais o perde de vista, esperando o pecador arrependido e estendendo-lhe os braços logo que procure regenerar-se. Do culpado vereis, enfim, os progressos benéficos para os quais tereis a felicidade e a glória de contribuir, com a solicitude e o carinho do cirurgião acompanhando a cicatrização da ferida que pensa diariamente." (Bordéus, 1861.)

O Céu e o Inferno
CAPÍTULO XI - Da proibição de evocar os mortos 155

Primeira parte

ALLAN KARDEC