domingo, 5 de junho de 2016

Emancipação da Alma – Morte Aparente


Adilson Mota
adilsonmota1@gmail.com

Certos povos do oriente se dedicam milenarmente a certas práticas que para a mentalidade médica ocidental não passa de expressões de anormalidade, sendo passíveis de tratamento. A morte aparente é um desses fenômenos que impressionam pelo inusitado em que, como o termo diz, o indivíduo mostra-se com todas as aparências da morte. O que para os iniciados orientais é natural e controlável, para nós ocidentais ainda soa como algo extraordinário que assusta ou deslumbra.

Os estados letárgicos avançados podem levar ao fenômeno de quase morte onde o sensitivo voluntária ou involuntariamente atinge um grau elevado de transe fazendo mas vezes com que as batidas do coração e a respiração não sejam mais sentidas. O Espírito ainda permanece ligado ao corpo, mas a vida fica por um fio.

É do conhecimento popular os casos de pessoas que eram enterradas vivas, pois ao se abrir o caixão, encontrava-se o defunto ou o seu esqueleto em posição diversa daquela na qual foi enterrado. Isso se dava numa época e região em que os conhecimentos médicos ainda não tinham alcançado o desenvolvimento moderno.

No Evangelho de João encontramos um exemplo de quase morte no sepultamento de Lázaro.

Estava, porém, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta.

E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com unguento, e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava enfermo.

Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas.

E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.

Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono.

Chegando, pois, Jesus, achou que já havia quatro dias que estava na sepultura.

(Ora Betânia distava de Jerusalém quase quinze estádios.)

E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem e vê.

E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro, sai para fora.

E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, deixai-o ir.

(João, XI, 1-4, 11, 17, 18, 34, 43, 44)

Logicamente, Lázaro não estava morto, pois nesse caso os elementos orgânicos já se encontrariam esparsos pela natureza impossibilitando o retorno à vida. Jesus usou da sua autoridade moral e força magnética conclamando Lázaro a retomar ao corpo, o que ele obedece de pronto. Para a época, este feito de Jesus era um verdadeiro milagre de ressurreição. Os conhecimentos magnéticos esclarecem a questão mostrando que a vontade irresis-tível do Mestre restituiu as ligações vitais que haviam se afrouxado entre o Espírito e o corpo, não permitindo que o fenômeno se desenvolvesse em direção à morte.

O fenômeno de quase morte pode ser realizado voluntariamente por pessoas de grande experiência, treinadas para tal, que conseguem emancipar-se do corpo físico e voltar ao estado de vigília de maneira programada, revelando uma grande autodisciplina.

Fonte: Jornal Vortice ANO VIII, Nº 12 – Maio – 2016


Emancipação da Alma – Catalepsia


Adilson Mota
adilsonmota1@gmail.com

A catalepsia é bastante parecida com a letargia. Nas duas há uma falta de capacidade do sensitivo em exercer um controle sobre os músculos. O que difere uma faculdade da outra é que na primeira há um enrijecimento muscular, enquanto que na última ocorre um “amolecimento do corpo”. Há ainda outra diferença, apesar de não ser absoluta: a letargia se apresenta, geralmente, no corpo inteiro e a catalepsia apenas em parte desse.

Na catalepsia também há perda de consciência corporal quanto à parte afetada, insensibilidade ao toque e à dor, enquanto o Espírito permanece desprendido, mas acompanhando de perto o que ocorre na sua contraparte biológica, se isso for do seu interesse. Poderá assim ouvir e ver as pessoas próximas, sem, contudo, poder respondê-las, já que não consegue manejar normalmente o corpo físico.

Com facilidade encontramos na internet imagens de pessoas cata-lépticas cujo enrijecimento corporal extremo faculta que se possa posicionar-se sobre o seu tronco sem conseguir vergá-lo. Ou ainda colocar pedras sobre o seu abdome e quebrá-las com uma pesada ferramenta sem que o sujet esboce a menor reação de dor ou de desconforto. Tudo isso enquanto ela está colocada sobre um suporte apenas pelas extremidades, cabeça e pés, como na figura abaixo.

O magnetismo tem uma intensa participação nesse fenô-meno. Sendo ele o intermediário entre o pensamento do Espírito e a manifestação a nível biológico, pode ele, pelo fato do Espírito se afastar temporariamente do corpo, deixar de intermediar a relação entre os dois gerando a reação cataléptica ou letárgica, como vimos na edição passada. Ou ainda, desejando o Espírito isolar-se do corpo, pode produzir uma modificação na estrutura magnética tornando-a momentaneamente incapaz de exercer qualquer controle sobre o organismo físico.

Desta forma, inúmeras experiências foram realizadas com catalépticos. Uma delas consiste em colocá-lo de pé e pedir-lhe que erga um braço. Depois, alguém tenta com todas as forças fazer o braço abaixar-se, o que só se consegue com muita dificuldade podendo mesmo causar danos ao seu sistema musculoesquelético e gerar dores que só serão sentidas após o transe.


A catalepsia pode ocorrer espontaneamente (sem que o indivíduo se dê conta), pode ser provocada voluntariamente, o que é mais raro, ou ainda através de um magnetizador. Nesse último caso, o magnetizador consegue comandar o sensitivo, colocando-o em transe cataléptico e retirando-o do mesmo à vontade. Pode conduzir experiências para estudos fisiológicos ou psicológicos, bem como utilizar as suas faculdades para investigações que ultrapassam as percepções dos sentidos físicos, explorando as percepções espirituais do sujet. Digite a equação aqui.

Fonte: Jornal Vortice ANO VIII, Nº 10 - Março– 2016


Emancipação da Alma – Letargia

Adilson Mota
adilsonmota1@gmail.com

E eis que chegou um dos principais da sinagoga, por nome Jairo, e, vendo-o, prostrou-se aos seus pés, e rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos, para que sare, e viva. E foi com  ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava. Estando ele ainda falando, chegaram alguns dos principais da sinagoga, a quem disseram: A tua filha está morta; para que enfadas mais o Mestre? E Jesus, tendo ouvido estas palavras, disse ao principal da sinagoga: Não temas, crê somente. E não permitiu que alguém o seguisse, a não ser Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago. E, tendo chegado à casa do principal da sinagoga, viu o alvoroço, e os que choravam muito e pranteavam. E, entrando, disse-lhes: Por que vos alvoroçais e chorais? A menina não está morta, mas dorme. E riam-se dele; porém ele, tendo-os feito sair, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que com ele estavam, e entrou onde a menina estava deitada. E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi; que, traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te. E logo a menina se levantou, e andava, pois já tinha doze anos; e assombraram-se com grande espanto. E mandou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e disse que lhe dessem de comer. (MARCOS, V, 35-43)

Este texto extraído do Novo Testamento retrata um fato que é de certo modo comum, o da morte aparente. Jairo e seus familiares, sem conhecimento do  que ali se afigurava, achavam que a menina estivesse morta. Jesus, ercebendo o que realmente ocorria, informa-lhes que a menina está apenas dormindo. Operando o seu maravilhoso magnetismo, faz com que a criança retorne do seu "sono", levando os presentes ao assombro, imaginando uma verdadeira ressurreição.



Na classificação espírita este fenômeno é conhecido como  letargia. O indivíduo sai da consciência de vigília havendo a perda temporária da sensibilidade e do movimento. Em processo avançado, o corpo toma as aparências da morte.

Antes do desenvolvimento da ciência médica e da constatação da veracidade desses fatos, vários relatos falam de pessoas que foram enterradas vivas, o que pôde ser verificado quando da remoção dos ossos, onde estes foram encontrados em posição diferente daquela em que o cadáver foi enterrado.

A pessoa pode ficar nesse estado durante dias e exalar, inclusive, um odor de decomposição do corpo. Isto não significa que esteja morta e o Espírito desligado definitivamente da matéria. Foi o que aconteceu com Lázaro, no relato de João (capítulo XI do Evangelho).

A ciência oficial, ao buscar explicações estritamente materiais para estes acontecimentos, não consegue elaborar soluções que consigam justificá-los de forma satisfatória. A Doutrina Espírita, porém, como ciência do Espírito, tem na emancipação da alma os elementos que nos colocam no caminho do entendimento.

Nesse estado [emancipação, grande sobreexcitação ou preocupação], o Espírito não pensa no corpo e, em sua febril atividade, atrai a si, por assim dizer, o fluido perispiritual que, retirando-se da superfície, produz aí uma insensibilidade momentânea. Poder-se-ia também admitir que, em certas circunstâncias, no próprio fluido perispiritual uma modificação molecular se opera, que lhe tira temporariamente a propriedade de transmissão.(...) Efeito análogo, porém mais pronunciado, se verifica nalguns sonâmbulos, na letargia e na catalepsia. (A GÊNESE, cap. XIV Catalepsia. Ressurreições, Allan Kardec)

A letargia é um estado de emancipação da alma. Esta desprende-se parcialmente do corpo ocasionando uma relativa dificuldade do organismo físico receber e executar os comandos transmitidos pelo Espírito. Isso também contribui para gerar a insensibilidade que em alguns pode ser bem acentuada. O Espírito não perde a consciência, pelo contrário, maior consciência tem das coisas, além de manter a percepção do que ocorre ao redor podendo ouvir e ver, sem contudo conseguir comunicar-se com as pessoas presentes.


Fonte: Jornal Vortice ANO VIII, Nº 05 Fevereiro– 2016


sábado, 4 de junho de 2016

História da Era Apostólica - Racionalismo


“Como apreciar os racionalistas que se orgulham de suas realizações terrestres, nas quais pretendem encontrar valores finais e definitivos?

– Quase sempre, os que se orgulham de alguma coisa caem no egoísmo isolacionista que os separa do plano universal, mas, os que amam o seu esforço nas realizações alheias ou a continuidade sagrada das obras dos outros, na sua atividade própria, jamais conservam pretensões descabidas e nunca restringem sua esfera de evolução, porquanto as energias profundas da espiritualidade lhes santificam os esforços sinceros, conduzindo-os aos grandes feitos através dos elevados caminhos da inspiração.”1

HAROLDO DUTRA DIAS

A Segunda Fase do estudo da vida de Jesus, resultado do Iluminismo, é marcada pelas características daquele movimento – Racionalismo, Empirismo, oposição aos dogmas da Igreja – e pode muito bem ser compreendida como a primeira etapa2 da abordagem científica dos textos bíblicos.

Albert Schweitzer3 divide esse período (Segunda Fase) em quatro etapas distintas: a) Inicial (H. S. Reimarus), 2a) Racionalismo primitivo (J. J.Hess, F.V. Reinhardt, J. A. Jakobi e J. G.Herder), 3a) Racionalismo pleno (H. E. G. Paulus, K. A. Hase, F. E. D. Schleiermacher), 4a) Final (David. F. Strauss). Os dois autores principais deste período, sem dúvida, são H. S. Reimarus e David F. Strauss, responsáveis pelo surgimento e pelo encerramento deste Movimento. 


Em edições anteriores, apresentamos um breve resumo da contribuição de Reimarus ao estudo dos textos evangélicos, salientando seu caráter inovador, em razão de ter adotado uma perspectiva puramente histórica no tratamento do tema, e destacando suas duas preciosas contribuições: a divisão metodológica entre o “Jesus histórico” e o “Cristo da fé”, e a proposição de que a pregação de Jesus só pode ser compreendida a partir do contexto da religião judaica do seu tempo.

Por outro lado, urge esclarecer que, simultaneamente ao lançamento dos “fragmentos de wolffenbüttel”,4 houve uma profusão de publicações conhecidas como “Vidas de Jesus do Racionalismo Primitivo” (2a etapa), sobre as quais discorreremos nesta edição.

O Racionalismo primitivo coloca-se entre o sobrenaturalismo ingênuo, que confia cegamente no dogma embora seja receptivo aos aspectos espirituais da vida, e o racionalismo pleno, que aceita apenas os aspectos racionais da religião com absoluta exclusão do elemento espiritual.

Na avaliação de Schweitzer, as melhores características do Racionalismo primitivo são a ingenuidade e a honestidade. É digno de nota o esboço desta etapa traçado pelo ilustre autor:5

As primeiras Vidas de Jesus racionalistas estão, de um ponto de vista estético, entre as menos agradáveis de todas as produções teológicas. O sentimentalismo de suas representações não tem limites. Sem limite também, e ainda mais inaceitável, é a falta de respeito para com a linguagem de Jesus. Ele tem que falar de uma forma racional e moderna, e portanto todas as suas falas são reproduzidas num estilo da mais polida modernidade. Nenhuma frase foi deixada como foi falada; todas elas são feitas em pedaços, parafraseadas, expandidas, e, algumas vezes, com o fim de torná-las realmente vívidas; elas são refundidas no molde do diálogo livremente inventado. Em todas estas Vidas de Jesus, nem uma só de suas falas mantém sua forma autêntica. E, no entanto, não podemos ser injustos com os seus autores. O que eles pretendiam era trazer Jesus para perto do próprio tempo deles, e assim fazendo tornaram-se os pioneiros do estudo histórico de Sua vida. Os defeitos de suas obras, em relação ao senso estético e ao fundo histórico, são suplantados pela atratividade do pensamento propositado e não preconceituoso que aqui desperta, espreguiça-se e começa a mover--se com liberdade.6

Os autores da Segunda Fase esforçam-se por libertar a mensagem do Cristo dos séculos de dogma e superstições que a encobriram. No entanto, a proposital exclusão do elemento espiritual bem como a confiança cega na incipiente ciência da época nos transmite a impressão de que houve apenas a troca do dogmatismo religioso pelo dogmatismo científico. 

Encerrando esse período, surge a figura de David F. Strauss, o mais renomado expoente do Racionalismo pleno. Na sua concepção, todos os elementos extraordinários da vida de Jesus devem ser categorizados à conta de mitos.

Partindo do estudo comparativo das religiões, Strauss procura identificar nas arrativas evangélicas grandes temas míticos, também presentes nas demais religiões do Orbe, imprimindo às suas avaliações um cunho fortemente psicológico.

A proliferação de biografias liberais de Jesus no século XIX, incluindo os nomes de David F. Strauss (1808-1874), de Ernest Renan (1823-1892), de H. H. Holtzmann (1832-1910) e de Johannes V. Weiss (1863-1914), revela que o ideal da objetividade e da isenção, tão proclamado pelo Racionalismo, nunca foi atingido.

Albert Schweitzer7 formula dura crítica à concepção que orientou a investigação realizada pelos autores do século XIX, revelando a fragilidade e a inconsistência das “vidas de Jesus” escritas no espírito do liberalismo da época. Ficou demonstrado que cada autor retratava Jesus à sua própria imagem.

O conhecimento desses fatos serve de alerta, sobretudo para os espíritas, competindo-nos examinar as pesquisas dos estudiosos do mundo com atenção e cuidado, mas sempre cotejando suas conclusões com a revelação espiritual. Em suma, urge reconhecer o cará caráter eminentemente subjetivo da ciência humana, ainda distante das equações definitivas no que respeita ao estudo dos textos sagrados.

Consoante às orientações do Benfeitor Emmanuel no lide deste artigo:


 [...] os que amam o seu esforço nas realizações alheias ou a continuidade sagrada das obras dos outros, na sua atividade própria, jamais conservam pretensões descabidas e nunca restringem sua esfera de evolução, porquanto as energias profundas da espiritualidade lhes santificam os esforços sinceros, conduzindo-os aos grandes feitos através dos elevados caminhos da inspiração.8

Assim, fugindo de toda extravagância intelectual, mantendo a humildade, vivenciando o ensino do Mestre, aprimorando a capacidade de análise através do estudo metódico e consistente, nos habilitamos ao recebimento da inspiração superior, que nos conduz, invariavelmente, ao porto seguro da verdade.

Fonte: Reformador Ano 125 / Dezembro, 2007 / N o 2.145

Referências:

1XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Questão 203.
2A maior parte dos estudiosos do tema prefere chamar o período inaugurado por H. S. Reimarus de Primeira Fase, já que desconsideram toda a produção do supranaturalismo. Em certo sentido, estão corretos  já que não se pode falar em “busca do Jesus histórico”, antes do trabalho daquele autor. Todavia, como pretendemos traçar um esboço do estudo da figura de Jesus, em sentido amplo, preferimos incluir o período anterior ao Iluminismo.
3SCHWEITZER, Albert. A busca do Jesus histórico. São Paulo: Novo Século, 2003.32 478 Reformador • Dezembro 2007
4Nome dado aos sete fragmentos escritos por H. S. Reimarus, publicados por reformador dezembro 2007 - b.qxp 23/1/2008 14:15 Page 32 Gothold Ephraim Lessing, em 1778, na Alemanha.
5Albert Schweitzer (1875-1965) foi organista concertista de fama, teórico da música, pastor e pregador, professor de Teologia, diretor de um seminário teológico, médico, humanista, e ganhador do Prêmio Nobel da Paz.
6SCHWEITZER, Albert. A busca do Jesus histórico. São Paulo: Novo Século, 2003. Cap. III, p. 39.
8XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Questão 203.



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quarta-feira, 13 de abril de 2016

Emancipação da Alma - Sensibilidade X Insensibilidade

Adilson Mota
adilsonmota1@gmail.com

Um dos fenômenos mais extraordinários que se pode verificar através de um estado de emancipação da alma é o da insensibilidade física. Não é todo estado de emancipação que pode provocar essa situação, nem qualquer indivíduo. Porém, quando se manifesta, chama sempre a atenção pelo inusitado. Escreveu Deleuze em seu livro Instruções Práticas sobre o Magnetismo que “entre os fenômenos que frequentemente tem apresentado o sonambulismo há do qual se pode tirar, em certas circunstâncias, a maior vantagem: tal é o da insensibilidade absoluta. Tem-se visto sonâmbulos a quem se pode beliscar e espetar com força sem que o sentisse”. 

Por outro lado, sabe-se o quanto certos indivíduos em estado de transe se tornam sensíveis num sentido especial. Percebem os sentimentos e intenções das pessoas à sua volta que lhe produzem sensações agradáveis ou desagradáveis de conformidade com o que vai no íntimo delas. A presença de curiosos ou opositores pode causar mal-estar e obstar o bom funcionamento das suas faculdades psíquicas.

Na mesma obra abordou Deleuze essa questão da seguinte forma: “Afastareis todas as testemunhas inúteis, todos os curiosos, e em especial os incrédulos”.

Se alguém entra no ambiente de experiências de inopino, isso pode causar impressões que através das vibrações emitidas atrapalham o processo de emancipação da alma e provocam certos distúrbios ao fenômeno e seus resultados. Há aqueles que sentem com facilidade a emanação fluídica das pessoas e coisas ao seu redor devido a uma extrema sensibilidade magnética que possuem nesse estado. Nesses casos não é necessário dizer que o toque direto deve ser evitado por quem não o induziu ao transe. 

A despeito dessa extraordinária sensibilidade e percepção, há aqueles que desenvolvem a capacidade de insensibilizar-se fisicamente. Mantém a sensibilidade da alma, mas não são afetados através dos sentidos. O tato foi anulado, assim como a audição, a visão e o olfato. 

A esse respeito assim se expressou o Barão du Potet em seu livro Tratado Completo de Magnetismo Animal: 

Donde vem esse poder incomensurável do magnetismo que chega a suspender a sensibilidade durante as operações mais dolorosas e que permite aos instrumentos lacerar as carnes, cortá-las e queimá-las sem que o paciente emita um grito, sem que ele enfim sinta uma única das angústias e, digo mais, sem que ele tenha uma pulsação a mais do que no seu estado de calma? 

Mais adiante o Barão relata uma das cirurgias praticada em Cherbourg, de glândulas cancerosas, pelo Dr. Loysel assistido pelo Sr. Gibon, médico-cirurgião. A cirurgia, ocorrida em 19 de setembro de 1846 teve os dados extraídos dos autos do relatório e foi assistida por mais 50 pessoas. Citamos apenas alguns trechos.

 “Às duas horas e quarenta minutos, a paciente foi magnetizada e adormecida pelo Sr. L. Durand, de uma distância de dois metros e em menos de três segundos. Então o cirurgião, para se assegurar da insensibilidade da doente, perfurou-a bruscamente e por repetidas vezes com um longo estilete na carne do pescoço; um frasco de amoníaco concentrado foi colocado sobre o nariz da paciente. Esta permanece imóvel; nenhuma sensação é percebida, nenhuma alteração se mostra sobre sua feição e nem uma única impressão de fora chega até ela.” 

[...] 

“Por toda a duração da operação, a Srta. Le Marchand permaneceu calma e insensível; nenhuma emoção a agitou; nenhuma contração muscular aconteceu, mesmo quando o bisturi penetrou na carne; ela estava como uma estátua; enfim, a insensibilidade era absoluta.” 

Terminada a cirurgia, dizem os autos, a paciente sorria sem nenhuma lembrança do que tinha ocorrido, com o semblante a demonstrar calma e bem-estar.

Aumento da sensibilidade psíquica e redução da sensibilidade física fazem parte dos fenômenos de emancipação da alma, dos quais ainda pouco se conhece necessitando de estudos e pesquisas para descobrirmos toda a sua aplicabilidade.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Emancipação da Alma - O Sono E Os Sonhos II

 Os sonhos representam as vivências do Espírito nos momentos em que o corpo adormece e libera aquele parcialmente das amarras da matéria física. Nesse estado, a alma encontra-se mais livre e em condições melhores para utilizar as suas faculdades com maior amplitude. “O sonho é a lembrança do que o vosso Espírito viu durante o sono”*, escreveu Kardec. Às vezes os sonhos são lembrados com precisão, às vezes parece que foram apagados da mente. De outras, vão se desva-necendo com o passar dos minutos ou das horas, após o sujeito ter despertado no corpo.

Quanto mais profundo o sono, maior pode ser o desprendimento do Espírito. Isto significa que as suas andanças fora do corpo sofrem me-nos influência da matéria ao mesmo tempo em que ficam menos grava-das no cérebro físico, pois não foram captadas através dos sentidos corporais.

Por vezes, os sonhos se mostram simbólicos. Para entendermos o porquê disso, é preciso lembrar que há uma diferença vibratória muito grande entre o Espírito, que é muito sutil, e o corpo, que é muito denso. Assim sendo, o que se passa ao nível do Espírito não consegue ser registrado de forma eficiente e completa pelos mecanismos biológicos. Daí, surge um simbolismo como se fosse um recurso de conversão a fim de que fique marcado no cérebro físico aquilo que foi experienciado pela alma.

Dito isso, podemos entender que não existe interpretação dos sonhos como vulgarmente se pensa. Cada símbolo utilizado é particular, não tem uma conotação genérica, “(...) de modo que é absurdo acreditar-se que sonhar com tal coisa anuncia tal outra”.** Além disso, os sonhos podem ser confusos quando se misturam imagens do passado com o presente, a visão do Espírito fora do corpo com as suas preocupações do dia a dia, ou quando as lem-branças são fragmentadas, como se faltassem pedaços. É comum não ficar impresso no sonho o momento em que o Espírito se au-senta do corpo e quando a ele retorna. Assim, se tornam ininte-ligíveis os sonhos. De qualquer modo, na maioria das vezes, não importa saber o que significam os sonhos que tivemos ou o que fizemos quando semidesligados do corpo. Se recebemos orienta-ções dos Bons Espíritos e não lembramos, que elas fiquem guarda-das no nosso íntimo e que consigam ser colocadas em prática quan-do necessário, que alimentem a alma com uma luz nova a clarear a nossa inteligência na direção do bem.

O sono e os sonhos são fases do processo geral de emancipação da alma. São momentos de refrigério em que podemos nos encontrar com seres melhores que nós ou aliviar a saudade que sentimos daqueles que já partiram. É como uma oportunidade de suavizar a “dureza” da vida material que Deus permite esses momentos fora do corpo físico.

Referências:

* O Livro dos Espíritos, questão 402.
** O Livro dos Espíritos, questão 404.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Emancipação da Alma - O Sono E Os Sonhos

Adilson Mota
adilsonmota1@gmail.com

O estado de emancipação da alma mais comum é o do sono. Os sonhos são uma consequência do ato de dormir e que ocorre dentro de certas condições. Quando se dorme o Espírito desprende-se parcialmente do corpo e, aproveitando os momentos de liberdade, busca aquilo que constitui a sua fonte de prazer, seja no bem, na frivolidade ou na maldade. Reduzidas as atividades corporais, as ligações entre o Espírito e o corpo relaxam-se e o primeiro pode gozar de uma relativa liberdade, tanto maior quanto mais condições o corpo ofereça para esse desprendimento e a depender de certas disposições do Espírito.

Estando adormecido o corpo, o gasto de energia se torna bastante reduzido, só o suficiente para a manutenção das funções basais. Desse modo, as energias absorvidas durante o sono tendem a reabastecer o organismo físico para a continuação da vida na matéria e o exercício das suas atividades.

Durante o sono, a alma pode entrar em contato com outros Espíritos encarnados ou desencarnados. Pode retemperar-se das lutas diárias através do contato com o Mundo Espiritual e adquirir novas forças para a continuidade da sua tarefa aqui na Terra. Pode também receber orientações para uma melhor condução da sua existência física. Muitas vezes procura ou é  procurado por parentes e amigos que já desencarnaram, o que o faz sentir-se mais consolado e alivia a saudade. Planos reencarnatórios podem ser elaborados, além de programas de tarefas ou missões presentes ou futuras com a colaboração de outros Espíritos. Encontros com obsessores também são passíveis de ocorrer, alimentando a perseguição fora do corpo, bem como reuniões macabras com o intuito de formular e acompanhar planos de maldades individuais ou coletivas.

De acordo com os pendores, cada um procura o ambiente com o qual se afiniza. Alguns procuram por antigos amores ou ódios de encarnações passadas, elementos com os quais conviveram e criaram laços que se estendem no tempo. Outros frequentam festas e reuniões mundanas misturando-se aos encarnados em estado de vigília e aos desencarnados que se satisfazem nesses ambientes. Assim, cada um se alimenta, nos instantes de emancipação através do sono, das energias com as quais se sintoniza. A elevação ou a decadência é algo que vive dentro de cada um, devendo esforçarmos-nos para nos liberar daquilo que represente atraso e desenvolvendo o Espírito no sentido do bem em nós.

Os sonhos representam as mais das vezes fragmentos daquilo que foi vivenciado durante o desprendimento. O pouco desenvolvimento das  faculdades da alma torna-os geralmente incompletos e confusos. Às vezes se mostram simbólicos e podem misturar-se com imagens relacionadas às preocupações do dia a dia. Raramente lembramos completamente do que sonhamos. Quanto mais profundo o sono, mais difícil será recordar-se, ao acordar, do que ocorreu, já que as vivências fora do corpo mais impressionam o sistema nervoso quanto menos desenvolvido for o estado de emancipação.


Até o próximo artigo em que continuaremos abordando sobre o sono e os sonhos.