terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A VONTADE E O PODER DO MAGNETIZADOR

 Sabe-se que papel capital desempenha a vontade em todos os fenômenos do magnetismo. (...) A vontade é atributo essencial do Espírito, isto é, do ser pensante – Allan Kardec

Quando Jesus caminhou sobre as águas seguindo em direção ao barco onde se encontravam alguns dos seus discípulos, ele exercitava naquele momento o poder da sua fé. Essa fé se baseou em dois aspectos: querer e confiar. Um querer com firmeza não representando um desejo superficial, mas sim um movimento dinâmico que vem de dentro com força e convicção. Já a confiança seria a certeza da realização de algo, sem brechas para dúvidas. Isso pode ser resumido em uma palavra: vontade.

A vontade é um dos principais mecanismos utilizados pelo magnetizador. Sendo atributo da alma, a vontade se desenvolve através da reflexão e do exercício diário. Percebe-se facilmente uma pessoa sem vontade. Nos atos do dia-a-dia geralmente é alguém que não consegue levar adiante aquilo a que se propõe. Se planeja realizar algo, os menores empecilhos que surjem no seu caminho são suficientes para detê-lo, devido à falta de confiança na capacidade de atingi-lo. Muda constantemente de foco, por não conseguir fixar sua atenção em uma só coisa por muito tempo, graças à falta de perseverança e coragem, acabando por se cansar facilmente e deixando sempre os projetos inacabados. Não sustenta os seus planos por não ter um querer treinado para identificar os seus reais objetivos.

O magnetizador poderá desenvolver a sua vontade através do esforço, na realização das diversas atividades cotidianas, mesmo daquelas de pequeno porte, sendo de especial valor as de caráter repetitivo e massante, as quais exigem uma maior cota de
perseverança e de concentração.

Este exercício será de enorme valia no trabalho de magnetização ou de passes onde é exigido do aplicador uma certa dose de concentração, além do desenvolvimento da vontade no sentido de querer atingir a cura e acreditar na possibilidade da mesma.

O poder do magnetizador está na razão direta da sua força de vontade, disse Allan Kardec (O Livro dos Médiuns). A vontade deve ser a impulsionadora das energias curativas. Muitos passistas ainda acham que para emitir os fluidos, basta estender as mãos e que assim se determina a fluidificação, quando na verdade é a nossa mente que dá o comando.

Às vezes as energias fluem de forma automática, entretanto, é preciso cuidado com esse automatismo, pois uma energia não controlada conscientemente pode gerar certas dificuldades tanto para o paciente quanto para o passista. O magnetizador deve assumir uma postura ativa fazendo uso da sua vontade para que a transmissão energética se dê de forma harmoniosa com relação ao momento adequado, ao direcionamento e à quantidade de fluidos.

Além disso, a vontade sincera de auxiliar o paciente, o querer profundo e a confiança na cura, apesar de não poder garanti-la, fazem parte da mente do bom magnetizador.

“Daí decorre que aquele que a um grande poder fluídico normal junta ardente fé, pode, só pela força da sua vontade dirigida para o bem, operar esses singulares fenômenos de cura e outros, tidos antigamente por prodígios, mas que não passam de efeito de uma lei natural.” – Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo. 

SONAMBULISMO E MAGNETISMO

Quando se fala em sonambulismo logo se vem à mente a idéia de pessoas que caminham pela casa, usam o banheiro, conversam, comem ou mesmo saem de casa, tudo isto enquanto dormem. Este fenômeno é tido pela Medicina como “parassonia”, ou seja, fenômeno que acompanha o sono e envolve atividade muscular esquelética ou mudanças do sistema nervoso autônomo, ou ambas (segundo o Dr. José Roberto Pereira Santos, em matéria publicada na Folha Espírita de março de 2005).

Estes são sinais de uma faculdade que pode ir muito mais além. Se o sonambulismo rudimentar, como descrito acima, pode servir de estudo a respeito das possibilidades psicofisiológicas humanas, há outras características do sonâmbulo necessitando de pesquisa como a capacidade de ver à distância ou através de corpos opacos, ler pensamentos, descrever enfermidades suas ou de outras pessoas, receitar medicamentos ou formas de cura, ter premonições, etc

Bem estudada por Allan Kardec na Doutrina Espírita, a faculdade sonambúlica seria ainda uma forma de se comprovar a existência da alma e a sua independência com relação ao corpo. Em matéria veiculada na Revista Espírita de julho de 1863 sob o título “Dualidade do Homem Provada pelo Sonambulismo”, o codificador assim se expressou: “A visão à distância, as impressões que o sonâmbulo sente segundo o meio que vai visitar, provam que uma parte de seu ser é transportada; ora, uma vez que não é seu corpo material, visível, que não muda de lugar, esse não pode ser senão o corpo fluídico, invisível e sensitivo. Não é o fato mais patente da dupla existência corpórea e espiritual?”.

Vamos encontrar também as idéias dos Amigos Invisíveis, em O Livro dos Espíritos, os quais nas respostas às questões formuladas por Kardec, nos colocam, de forma lógica, no caminho do entendimento a respeito do assunto. Não nos deteremos em maiores detalhes para não tornar muito longa a nossa dissertação, mas deixamos ao leitor o incentivo para buscar a obra e verificar o tema na íntegra.

O Codificador inseriu o sonambulismo entre os fenômenos de emancipação da alma,
capacidade que todos os encarnados têm de, em certos momentos especiais, libertar-se temporária e parcialmente dos laços que prendem o Espírito à matéria. Isso pode ocorrer durante o sono, um simples cochilo, um estado de transe ou ainda em um coma. Todas as oportunidades que surjam, o Espírito aproveita para aurir de uma certa liberdade fora do corpo que para ele representa uma prisão limitandolhe as faculdades (O Livro dos Espíritos, questão 407).

No sonambulismo natural ou provocado por efeito de emissão magnética, o Espírito consegue deslocar-se a outros lugares, penetrar os pensamentos alheios de encarnados e desencarnados por um contacto dos fluidos que compõem os perispíritos (O Livro dos Espíritos, questão 455) e ainda expressar conhecimentos que podem estar muito além da sua capacidade intelectual na presente encarnação. É que os sonâmbulos, em existências passadas, podem ter adquirido conhecimentos que na atual existência não têm a possibilidade de despertar devido às circunstâncias que se apresentam (influência do meio em que vivem, falta de acesso à educação escolar, etc.).

Entretanto, liberando-se parcialmente do corpo físico, reduzindo as limitações impostas pelo organismo material, encontra o meio para expressar os conhecimentos que se encontram gravados na sua memória perispiritual. De outra sorte, ocorrendo o desprendimento do Espírito do sonâmbulo, este pode sentir a presença, ver e ouvir outros Espíritos transmitindo-lhe mensagens, sendo o sonâmbulo, neste caso, o veículo das comunicações, o que o torna um médium sonâmbulo.

Pouco estudado na atualidade, o sonambulismo serviu muitas vezes aos magnetizadores como forma de diagnóstico e indicação de tratamento de pessoas enfermas. Numerosos exemplos foram descritos por Kardec nas suas obras e, antes dele, esta característica da faculdade já era bastante conhecida e estudada pelos seguidores de Mésmer.

Diversos magnetizadores descrevem em suas obras as experiências realizadas, bem como os procedimentos sonambúlicos levados a efeito durante as magnetizações.

Em “Magnetismo Curativo”, Alphonse Bué relata um caso de cura onde a paciente, de nome Blanche H.,24 anos, era sonâmbula e como tal participou ativamente de todo o tratamento magnético. “...
Não somente a minha sonâmbula tinha seguido passo a passo a marcha da sua moléstia, determinar-lhe a origem e natureza, ver o estado dos órgãos e predizer a época das suas crises, como ainda, embora não tivesse conhecimento algum da medicina homeopática, havia indicado os remédios que convinham ao seu estado e deviam favorecer a cura”.

Na mesma obra, o autor apresenta o tratamento de Luíza C., que há doze anos sofria de atrofia muscular progressiva. Diz Bué: “Luíza, em sono magnético, seguia diariamente este trabalho de reorganização da Natureza, com interesse crescente; como via perfeitamente o interior do corpo, tinha prazer em pôr-me ao corrente das flutuações que o tratamento imprimia ao seu estado; o que lhe chamava principalmente a atenção era o aspecto dos seus músculos. Não possuindo nenhuma noção de anatomia, limitava-se simplesmente a explicar-me a seu modo aquilo que via”.

Pôde também descrever a vida voltando gradativamente aos seus músculos, bem como a crise próxima da qual sairia melhor. Sendo o Magnetismo e o Espiritismo ciências irmãs, como escreveu Allan Kardec, vale a pena estudar mais a respeito do sonambulismo e, quem sabe, utilizando-o junto aos trabalhos de magnetização, aproveitando os diversos recursos que ele oferece, contribuir mais decisivamente para a saúde e o bem estar do próximo.

JORNAL VÓRTICE ANO I, N.º 02 - JULHO – 2008


Leitura Recomendada;
  
OS FLUIDOS (A GÊNESE, CAPÍTULO XIV)
OS CORPOS SUTIS NA OBRA DE KARDEC
O FLUIDO VITAL E O DUPLO ETÉRICO
DOS CORPOS ESPIRITUAIS (A VISÃO DE ANDRÉ LUIZ)
FLUIDO MENTAL - MATÉRIA MENTAL
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A “FREQÜÊNCIA” DOS PENSAMENTOS – CARLOS TORRES PASTORINO
O PODER DO PENSAMENTO
A FORÇA PSÍQUICA. OS FLUIDOS. O MAGNETISMO
O CORPO É UM REFLEXO DA MENTE
A DISCIPLINA DO PENSAMENTO E A REFORMA DO CARÁTER
O PENSAMENTO –“As Potências da Alma”

Um comentário:

  1. Diversos pesquisadores da atualidade buscam através de métodos sofisticados estudarem a mente e comprovarem a existência da Alma. Médicos brasileiros lutam pelo ineditismo de uma façanha tecnológica para confirmarem o mundo espiritual
    Sem demérito a esse esforço eu, particularmente, tenho defendido em artigos e livros que o melhor método de estudo já nos foi sugerido por Kardec sempre que ensina sobre a Emancipação da Alma - escrevi um livro sobre Mesmer e Kardec - um, continuação do outro, magnetismo e espiritismo com princípios filosóficos e científicos idênticos, crise sonambúlica e mediunidade, fenômenos paralelos, desdobramento sonambúlico e emancipação da Alma - nesse estado de desprendimento é que se revelam todos os graus, do mais simples ao mais superlativo dos fenómenos espírita
    Nubor Facure

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