sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A MEDIUNIDADE DE SANTA BRÍGIDA

O escritor espírita Clóvis Tavares, em seu livro Mediunidade dos Santos*, faz um relato minucioso da mediunidade de Santa Brígida, que esteve reencarnada no período de 1302 a 1373

SEVERINO BARBOSA
A excepcional médium católica, além de dotada de diversas faculdades mediúnicas, tais como vidência, clarividência, xenoglossia, psicofonia e outras, uma se apresentava com destaque especial: a psicografia.
Através dessa última faculdade, os Espíritos escreviam livros e cartas dirigidas não apenas aos bispos, cardeais e papas da Igreja Católica, mas também aos reis e tantas outras autoridades civis e militares da sua época.
Segundo o autor de Mediunidade dos Santos, no auge da chamada Guerra dos Cem Anos, entre a França e a Inglaterra, a médium recebeu uma mensagem com expressões severas, de um Espírito que, segundo ela, era o próprio Cristo, dirigida ao Papa Clemente VI, bem como outras mensagens aos reis daquelas duas nações  européias, aconselhando-os a pôr um ponto final no grande conflito entre elas.
Todavia, como se tratava de conselhos em forma de mensagens vindas do outro mundo,  através do processo mediúnico, nem o Papa nem os reis, radicalmente preconceituosos, atenderam  aos apelos da Espiritualidade Superior, embora a médium tenha sido a venerável (depois canonizada) Santa Brígida de Vadstena.
De acordo com Clóvis Tavares, que fundamentou sua obra (reputo-a de boa qualidade doutrinária) em competentes biógrafos daquela santa-médium-católica, um acontecimento curioso envolveu a psicografia de um dos livros mediúnicos da irmã Brígida, ao qual intitulou Sermo Angelicus.
A convite, ela estava em Roma no ano 1350. O Cardeal Hugo de Beaufort, irmão do Papa Clemente VI, ofereceu-lhe hospedagem no palácio da famosa cidade dos Césares. E durante o período de sua permanência na capela do palácio, a médium psicografou grande quantidade de mensagens do outro mundo e sempre confirmava perante os seus superiores hierárquicos que tais mensagens lhe eram ditadas por um anjo.
É bem possível que no início de sua mediunidade Santa Brígida, de sólida formação católica,
atribuísse o fenômeno a outras causas, uma delas, por exemplo, o demônio. Mas não podia ser este, uma vez que as mensagens psicográficas possuíam excelente conteúdo moral, com conselhos para perdoar, esquecer ingratidões, pacificar, tolerar, não se vingar, etc.
Por conseguinte, as comunicações não eram de procedência satânica, porque satanás, sendo a personificação das trevas, simbolicamente falando, não ensina a prática do bem. O demônio, sendo o representante do mal, não passa de árvore má que, conseqüentemente, não produz bons frutos.
Os analistas espíritas, dissecando as potencialidades mediúnicas da madre Santa Brígida, concluíram que ela tem muita semelhança com os médiuns espíritas.
Esse fato, porém, não é de causar surpresa, porque a mediunidade propriamente dita, que é a dita, que é a faculdade natural de qualquer ser humano se comunicar com os habitantes
do mundo invisível, não foi uma descoberta do Espiritismo, nem privilegia os espíritas
com a graça de receberem (apenas eles e ninguém mais) os Espíritos.
Não foi a Doutrina que criou a mediunidade, tampouco Allan Kardec, e menos ainda os espíritas; a faculdade é inerente à criatura humana, tanto quanto a inteligência. E desse modo, todos somos médiuns: católicos, protestantes, umbandistas, judeus, muçulmanos, hindus, fariseus, cristãos, espíritas, materialistas, ateus, crianças, adultos, velhos,mulheres e homens.
Como bem assevera Kardec, em sua obra O Livro dos Médiuns, todas as criaturas humanas possuem os germens da mediunidade, possibilitando-as, assim, a se comunicarem com os habitantes do mundo invisível, que permanentemente nos cercam.
Os biógrafos de Santa Brígida afirmam que, no seu processo de canonização, ela foi chamada, em italiano, de corriere al servizio di un grande signore; traduzindo para o português: “correio a serviço de um grande senhor”. Isto significa dizer, portanto, que a própria Igreja de Roma reconheceu como verdadeiras as faculdades mediúnicas de Santa Brígida.
E não podia ser diferente porque, respeitáveis autoridades do clero, antigas e modernas, sempre manifestaram interesse pelo fenômeno mediúnico. Entre as quais, por exemplo, o Monsenhor Ascânioio Brandão, que obteve expresso consentimento da Igreja para traduzir,
da língua francesa para a portuguesa, uma obra muito interessante, que recebeu o título de
O Manuscrito do Purgatório.
 Esse livro, mediúnico-católico, é composto de grande quantidade de mensagens ditadas por Espíritos perturbados que, quando aqui na Terra, foram autoridades eclesiásticas que não cumpriram com seus deveres religiosos. Tratase de obra mediúnica de grande valor, e a médium psicógrafa foi uma madre que recebeu as mensagens em um convento da França, no período de 1874 a 1890.
O Manuscrito do Purgatório foi publicado pelas Edições Paulinas e tem o parecer do seu tradutor, Monsenhor Ascânio Brandão, que, entre outras coisas, afirma: (...) aparição é uma manifestação do outro mundo, de alguém que nos vem dizer o que lá se passa.
Até parece um espírita!
Temos na própria Bíblia diversos exemplos de mediunidade.
João, autor do quarto Evangelho e médium do Apocalipse, era dotado de várias faculdades mediúnicas. Além de sair do corpo para realizar viagens espirituais, ele era vidente, audiente, clarividente, psicógrafo, etc. Após receber, pela mediunidade, na Ilha de Pátmos, a grande mensagem chamada Apocalipse, disse: Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas. E, quando as ouvi e vi, prostrei-me ante os pés do anjo que me mostrou essas coisas, para adorá-lo. (Apocalipse, 22:8.)
Mais outra afirmativa de João Evangelista: Achei-me em Espírito, no dia do Senhor, e ouvi por detrás de mim grande voz, como de trombeta, dizendo: “O que vês, escreve em livro e manda-o às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laudicéia”. (Apocalipse, 1:9-11.)
Como se percebe, havia um bom relacionamento entre o médium João e os Espíritos elevados.
A médium católica Santa Brígida, no exercício consciente das suas faculdades mediúnicas, procedia semelhantemente ao apóstolo João Evangelista. Também ela recebeu do Além-túmulo diversas cartas-mensagens e as remeteu aos sete bispos da Suécia.
Através do mesmo processo mediúnico, teve visões e narrou -as em livro, que recebeu o título
de O Livro das Revelações. Essa obra mediúnica católica foi psicografada em língua sueca, cujo texto original se compõe de 14.000 (quatorze mil) palavras; na tradução do idioma sueco para o latim passou para 16.000 (dezesseis mil) palavras.
Santa Brígida era médium tão respeitada no seio da Igreja Católica do seu tempo, que os fiéis a procuravam para, por meio da mediunidade, obter informações sobre os seus parentes desencarnados. Ela correspondia e, além disso, dava instruções de como os parentes deveriam proceder, através de orações, para o alívio dos sofrimentos das criaturas do outro mundo.
Conta-nos também o autor de Mediunidade dos Santos que a médium Santa Brígida, a  despeito da reprovação da maioria das autoridades do clero, os chamados ortodoxos, declarava abertamente e sem rodeios ser porta-voz dos Espíritos. E quando se achava doente, sem condições para psicografar, ditava as mensagens, palavra a palavra, solenemente, ao seu confessor.
Esse fenômeno não é de causar surpresa, porque ocorrência similar experimentaram o profeta Moisés, ao receber os Dez Mandamentos da Lei de Deus, e o profeta Maomé, ao escrever, sob influência espiritual, o Alcorão ou Corão, livro sagrado dos muçulmanos.
Por tudo isso se vê que a mediunidade  mediunidade  meio de comunicação dos Espíritos com os homens  está no contexto da própria Natureza.
Assim, a mediunidade não está absolutamente localizada, ou seja, não é propriedade de ninguém, tampouco é exclusiva de religião ou de doutrina alguma. Porque os Espíritos, onde quer que existam médiuns, se manifestam, tanto nas tendas dos pajés, no seio das tribos mais primitivas, como nas mesquitas dos muçulmanos, nas sinagogas dos judeus, nos templos das religiões orientais, nas igrejas católicas e protestantes, nas casas espíritas, nos terreiros de umbanda, no candomblé, nos recintos e ambientes ateus e materialistas.

Certamente, a médium católica Santa Brígida estava consciente dessa realidade.

Revista Reformador / Março, 2006 / N o 2.124


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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

FENÔMENOS ESPERADOS

Ana Vargas
anavargas.adv@uol.com.br

Uma das surpresas dos magnetizadores iniciantes é que, com frequência, deparam-se com relatos inusitados dos atendidos. Ora alguém balança ou tem movimentos pendulares involuntários, ora se assusta com a sensação de peso nas pernas ou nos braços que “parece”
imobilizá-lo, bocejos, sonolência, tontura e outros podem rir ou chorar. O que é isso? Como agir? O que dizer?
E principalmente: o que eu fiz errado? Por que isso está acontecendo?

São pensamentos que atingem magnetizador e magnetizado e interferem no atendimento, muitas vezes, anulando a ação benéfica quando se deixam dominar pela ansiedade, o medo e a dúvida, perdendo a calma imprescindível ao trabalho. E isso porque temos, muitas vezes, como crença que o passe não produz sensações físicas, apenas emocionais de bem-estar e que um atendido não pode registrar sensações como as acima enumeradas que, óbvio, a responsabilidade é do passista que não sabe o que está fazendo, ou então a pessoa é obsidiada.

Pois é, nem uma nem outra dessas colocações correspondem ao conhecimento do que seja movimentar energia magnética através de passes. O magnetismo produz efeitos físicos e morais, pura e simplesmente, decorrentes da sua aplicação. Não tem outro significado além de reação natural.

O Barão du Potet, no livro Manual do Estudante Magnetizador esclarece ao aprendiz de magnetismo a respeito desses fenômenos.
Qualifica como efeitos físicos todas as modificações causadas por um agente magnético sobre os corpos. Entre estes os mais frequentes são: espasmos, atrações (quando o magnetismo percorre o sistema nervoso do atendido, ele tem movimento involuntário em direção ao magnetizador), e por esse efeito também haverá o movimento pendular ou sensação de tontura, a catalepsia (enrijecimento total ou parcial do corpo; a catalepsia magnética é um estado de contração muscular que pode ocorrer espontaneamente durante o atendimento ou ser provocado pelo magnetizador; ocorre quando há acumulo de fluido no cérebro e pela ação da vontade), imobilidade, insensibilidade e, por fim, pode ocorrer exaltação da sensibilidade sendo possível fenômeno de visão à distância, por exemplo.

Qual a utilidade desses fenômenos? Não são terapêuticos nem servem à investigação psíquica, então os magnetizadores clássicos os observaram e estudaram empregando-os em seus saraus como demonstrações da ação magnética. Alguns deles, como a catalepsia, a insensibilidade e a exaltação podem provocar inconvenientes e perigos e somente recomendavam fossem realizados por magnetizadores experientes.

Até hoje esses fenômenos servem para impressionar. Os magnetizadores espíritas não promovem mais saraus para popularizar esse conhecimento, no entanto em algumas manifestações mediúnicas esses fenômenos ocorrem, sendo típicos daqueles espíritos que desejam causar medo e demonstrar poder, que torcem e retorcem os médiuns, parecendo desfigurá- los. Pura ação magnética espiritual sobre um encarnado. Encontramos esses fenômenos nas “cirurgias espirituais”, em que mesmo com emprego de cortes e objetos, não há dor, nem infecção, e a região fica insensível. Basta conhecê-los para identificá-los e não mais temê-los em uma série de situações. Conhecereis a verdade e ela vos libertará, ensinou Jesus. Pensamento válido para tudo na vida, e mais ainda quando se estuda uma lei universal natural como o magnetismo. Saber o que ele pode produzir e como dissipar esse efeito liberta do medo e da superstição.
Porém, na prática dos atendimentos magnéticos, a intensidade desses efeitos é relativamente pequena. Eles são comuns, mas inesperados pelas pessoas, daí a importância de adverti-las no início do tratamento de que essas ocorrências são normais e não devem causar preocupação, pois tendem a desaparecer naturalmente na continuidade do atendimento ou poucos minutos após seu término.

Da mesma forma, é imprescindível dar conhecimento teórico e prático (propiciando a observação in loco) aos iniciantes desses fenômenos evitando que se assustem e interrompam o atendimento, o que ocasionaria danos ao paciente.

Entre os efeitos morais encontram-se o sonambulismo e o êxtase. A grande diferença entre estes e os precedentes é que estes atuam sobre o espírito, enquanto aqueles atuavam sobre o corpo. Há excelente material sobre sonambulismo nas edições anteriores do Vórtice e podem ser acessadas pela internet, valendo consultá-las, por isso não nos prolongaremos nesse tópico. Somente lembrando que o magnetismo tem propriedade soporífera, por isso é comum as pessoas declararem que dormem bem após o passe, e bebês são levados ao atendimento quando não conseguem dormir e isso se regulariza prontamente. Assim, nada anormal ou preocupante se o atendido adormecer durante o passe, efeito natural, bastará despertá-lo com um sopro frio no frontal e voz serena.
                                “O êxtase de Santa Teresa”,
                                obra barroca produzida por
                                                  Bernini”


O êxtase, já é um fenômeno mais complexo. É a chamada morte sem morte, um arrebatamento da alma, é um estado em que a alma se emancipa parcialmente do corpo, recupera suas percepções espirituais. Ele pode causar histeria e tensão. O êxtase magnético se caracteriza pela privação total de comunicação entre o magnetizador e o magnetizado; a vontade do magnetizador sobre o sujeito tem ação limitada; o extático tem visão e conhecimento de lugares afastados durante a crise; em êxtase completo ele sofre diminuição do ritmo cardíaco e da temperatura corporal e ao acordar lembra por pouco tempo do que viu. Fato raro, ao menos eu nunca presenciei esse episódio seja provocado ou de forma espontânea.

Se ou quando ocorrerem algum desses fenômenos em um atendimento não se assuste, são naturais, e é sempre bom conhecê-los e informar sua existência aos pacientes, evitando a proliferação de superstições e medos injustificados.□


“Da mesma forma, é imprescindível dar conhecimento teórico e prático (propiciando a observação inloco) aos iniciantes desses fenômenos evitando que se assustem e interrompam o atendimento, o que ocasionaria danos ao paciente.”


JORNAL VÓRTICE ANO V, N.º 12 - MAIO - 2013


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PALAVRAS DO CODIFICADOR - MEDIUNIDADE CURADORA

REVISTA ESPÍRITA SETEMBRO DE 1865

O conhecimento da mediunidade curadora é uma das conquistas que devemos ao Espiritismo; mas o Espiritismo, que começa, ainda não pode ter dito tudo; não pode, de um só golpe, mostrar-nos todos os fatos que abarca; diariamente os mostra novos, dos quais decorrem novos princípios, que vêm corroborar ou completar os que já conhecíamos, mas precisamos de tempo material para tudo. A mediunidade curadora deveria ter a sua vez; embora parte integrante do Espiritismo, ela é, por si só, toda uma ciência, porque se liga ao magnetismo, e não só abarca todas as doenças propriamente ditas, mas todas as variedades, tão numerosas e tão complexas, das obsessões, que, por seu turno, também influem sobre o organismo. Não é, pois, em poucas palavras que se pode desenvolver um assunto tão vasto. Nele trabalhamos, como em todas as outras partes do Espiritismo; mas como aí nada queremos introduzir por nossa própria conta e que seja hipotético, procedemos pela via da experiência e da observação. Como os limites deste artigo não nos permitem dar-lhe o desenvolvimento que comporta, resumimos alguns dos princípios fundamentais que a experiência consagrou.

1. – Os médiuns que obtêm indicações de remédios, da parte dos Espíritos, não são aquilo que chamamos médiuns curadores, pois não curam por si mesmos; são simples médiuns  escreventes, que têm uma aptidão mais especial que outros para esse gênero de omunicações e que, por esta razão, podem ser chamados médiuns consultores, como outros são médiuns poetas ou desenhistas. A mediunidade curadora é exercida pela ação direta do médium sobre o doente, com o auxílio de uma espécie de magnetização de fato ou de pensamento.

2. – Quem diz médium diz intermediário. Há uma diferença entre o magnetizador propriamente dito e o médium curador: o primeiro magnetiza com seu fluido pessoal, e o segundo com o fluido dos Espíritos, ao qual serve de condutor. O magnetismo produzido pelo
fluido do homem é o magnetismo humano; o que provém do fluido dos Espíritos é o magnetismo espiritual.

3. – O fluido magnético tem, pois, duas fontes bem distintas: os Espíritos encarnados e os Espíritos desencarnados. Essa diferença de Origem  produz uma grande diferença na qualidade do fluido e nos seus efeitos. O fluido humano está sempre mais ou menos impregnado das impurezas físicas e morais do encarnado; o dos Espíritos bons é necessariamente mais puro e, por isto mesmo, tem propriedades mais ativas, que levam a uma cu ra mais rápida. Mas, passando através do encarnado, pode alterar-se, como acontece com a água límpida ao passar por um vaso impuro, e como sucede com todo remédio, se permanecer num vaso sujo, perdendo, em parte, suas propriedades benéficas. Daí, para todo  verdadeiro médium curador, a necessidade absoluta de trabalhar a sua depuração, isto é, o seu melhoramento moral, segundo o princípio vulgar: limpai o vaso antes de vos servirdes dele, se quiserdes ter algo  de bom. Só isto basta para mostrar que não é qualquer um que pode ser médium curador, na verdadeira acepção da palavra.

4. – O fluido espiritual será tanto mais depurado e benfazejo quanto mais o Espírito que o fornece for mais puro e mais desprendido da matéria. Concebe-se que o dos Espíritos inferiores deva aproximar-se do do homem e possa ter propriedades maléficas, se o Espírito for impuro e animado de más intenções. Pela mesma razão, as qualidades do fluido humano apresentam matizes infinitos, conforme as qualidades físicas e morais do indivíduo. É evidente que o fluido emanado de um corpo malsão pode inocular princípios mórbidos no magnetizado. As qualidades morais do magnetizador, isto é, a pureza de intenção e de sentimento, o desejo ardente e desinteressado de aliviar o semelhante, aliados à saúde do corpo, dão ao fluido um poder reparador que pode, em certos indivíduos, aproximar-se das qualidades do fluido espiritual. Seria, pois, um erro considerar o magnetizador como simples máquina de transmissão fluídica. Nisto, como em todas as coisas, o produto está na razão do instrumento e do agente produtor. Por estes motivos, seria imprudência submeterse à ação magnética do primeiro desconhecido. Abstração feita dos conhecimentos práticos indispensáveis, o fluido do magnetizador é como o leite de uma nutriz: salutar ou insalubre.

5. – Sendo o fluido humano menos ativo, exige uma magnetização continuada e um verdadeiro tratamento, por vezes muito longo. Gastando o seu próprio fluido, o magnetizador se esgota, pois dá de seu próprio elemento vital; é por isto que ele deve, de vez em quando, recuperar suas forças. O fluido espiritual, mais poderoso, em face de sua pureza, produz efeitos mais rápidos e, muitas vezes, quase instantâneos. Como esse fluido não é o do magnetizador, resulta que a fadiga é quase nula.

6. – O Espírito pode agir diretamente, sem intermediário, sobre um indivíduo, como foi constatado em muitas ocasiões, seja para o aliviar e o curar, se possível, seja para produzir o sono sonambúlico. Quando age por um intermediário, é o caso da mediunidade curadora.
  
7. – O médium curador recebe o influxo fluídico do Espírito, ao passo que o magnetizador haure tudo de si mesmo. Mas os médiuns curadores, na estrita acepção do termo, isto é, aqueles cuja personalidade se apaga completamente diante da ação espiritual, são extremamente raros, porque essa faculdade, elevada ao mais alto grau, requer um conjunto
de qualidades morais, raramente encontradas na Terra; só estes podem obter, pela imposição das mãos, essas curas instantâneas que nos parecem prodigiosas. Pouquíssimas pessoas podem pretender este favor. Sendo o orgulho e o egoísmo as principais fontes das imperfeições humanas, daí resulta que os que se vangloriam de possuir esse dom, que por toda parte vão enaltecendo as curas maravilhosas que fizeram, ou que dizem ter feito, que buscam a glória, a reputação ou o lucro, estão nas piores condições para o obter, porque essa faculdade é privilégio exclusivo da modéstia, da humildade, do devotamento e do desinteresse. Jesus dizia àqueles a quem havia curado: Ide dar graças a Deus e não o digais a ninguém.

8. – Sendo, pois, a mediunidade curadora pura uma exceção aqui na Terra, resulta quase sempre uma ação simultânea do fluido espiritual e do fluido humano; ou seja: os médiuns
curadores são todos mais ou menos magnetizadores, razão por que agem conforme os processos magnéticos. A diferença está na predominância de um ou de outro fluido, e na
maior ou menor rapidez da cura. Todo magnetizador pode tornar-se médium curador, se souber fazer-se assistir por Espíritos bons. Neste caso os Espíritos lhe vêm em ajuda,
derramando sobre ele seu próprio fluido, que pode decuplicar ou centuplicar a ação do fluido puramente humano.

9. – Os Espíritos vêm aos que querem; não os pode constranger  nenhuma vontade; eles se rendem à prece, se esta for fervorosa, sincera, mas nunca por injunção. Disto resulta que a vontade não pode dar a mediunidade curadora e ninguém pode ser médium curador com desígnio premeditado.  Reconhece-se o médium curador pelos resultados que obtém, e não por sua pretensão de o ser.

10. – Mas se a vontade é ineficaz quanto ao concurso dos Espíritos, é onipotente para imprimir ao fluido, espiritual ou humano, uma boa direção e uma energia maior. No homem indolente e distraído, a corrente é fraca, a emissão é lenta; o fluido espiritual para nele, mas sem que o aproveite. No homem de vontade enérgica, a corrente produz o efeito de uma ducha. Não se deve confundir a vontade enérgica com a obstinação, porque esta é sempre uma consequência do orgulho ou do egoísmo, ao passo que o mais humilde pode ter a vontade do devotamento.
A vontade é ainda onipotente para dar aos fluidos as qualidades especiais apropriadas à natureza do mal. Este ponto, que é capital, liga-se a um princípio ainda pouco conhecido, mas que está em estudo: o das criações fluídicas e das modificações que o pensamento pode produzir na matéria. O pensamento, que provoca uma emissão fluídica, pode operar certas transformações, moleculares e atômicas, como se veem ser produzidas sob a influência da eletricidade, da luz ou do calor.

11. – A prece, que é um pensamento, quando fervorosa, ardente e feita com fé, produz o efeito de uma magnetização, não só reclamando o concurso dos Espíritos bons, mas dirigindo sobre o doente uma corrente fluídica salutar. A respeito chamamos a atenção para as preces contidas em O Evangelho segundo o Espiritismo, pelos doentes ou pelos obsediados.

12. – Se a mediunidade curadora pura é privilégio das almas de escol, a possibilidade de abrandar certos sofrimentos, mesmo de curar certas doenças, ainda que de maneira não instantânea, é dada a todos, sem que haja necessidade de ser magnetizador. O conhecimento dos processos magnéticos é útil em casos complicados, mas não indispensável. Como a todos é dado apelar aos Espíritos bons, orar e querer o bem, muitas vezes basta impor as mãos sobre uma dor para a acalmar; é o que pode fazer qualquer pessoa, se trouxer a fé, o fervor, a vontade e a confiança em Deus. É de notar que a maioria dos médiuns curadores inconscientes, os que absolutamente não se dão conta de sua faculdade e que por vezes são encontrados nas mais humildes posições, e em gente privada de qualquer instrução, recomendam a prece e se socorrem orando. Apenas sua ignorância lhes faz crer na influência de tal ou qual fórmula; às vezes até misturam práticas evidentemente supersticiosas, às quais se deve conferir o valor que merecem.

13. – Mas porque se obteve resultados satisfatórios, uma ou mais vezes, seria temerário considerar-se médium curador e daí concluir que se pode vencer toda espécie de mal. Prova a experiência que, na acepção restrita da palavra, entre os mais bem-dotados não há médiuns curadores universais. Este terá restituído a saúde a um doente e nada produzirá sobre outro; aquele terá curado um mal num indivíduo, mas não curará o mesmo mal outra vez, na mesma pessoa ou em outra; enfim, aquele outro terá a faculdade hoje e não mais a terá amanhã, podendo recuperá-la mais tarde, conforme as afinidades ou as condições fluídicas em que se encontre.

14. – A mediunidade curadora é uma aptidão inerente ao indivíduo, como todos os gêneros de mediunidade; mas o resultado efetivo dessa aptidão independe de sua vontade.  Incontestavelmente ela se desenvolve pelo exercício e, sobretudo, pela prática do bem e da caridade; como, porém, não poderia ter a fixidez, nem a pontualidade de um talento adquirido pelo estudo e do qual se é sempre senhor, jamais poderia tornar-se uma profissão. Seria, pois, abusivamente que alguém se anunciasse ao público como médium curador. Estas reflexões não se aplicam aos magnetizadores, porque a força está neles e estão livres para a utilizar.

15. – É um erro acreditar que os que não partilham de nossas crenças não teriam a menor repugnância em experimentar esta faculdade. A mediunidade curadora racional está intimamente ligada ao Espiritismo, já que repousa essencialmente sobre o concurso dos Espíritos. Ora, os que não creem nos Espíritos, nem na alma, e, ainda menos, na eficácia da prece, não poderiam colocar-se nas condições requeridas, pois isto não é coisa que se possa

experimentar maquinalmente. Entre os que creem na alma e em sua imortalidade, quantos ainda hoje não recuariam de pavor ante um apelo aos Espíritos bons, por medo de atrair o demônio, e ainda acreditam de boa-fé que todas essas curas sejam obra do diabo? O fanatismo é cego; não raciocina. Por certo nem sempre será assim, mas ainda passará muito tempo antes que a luz penetre em certos cérebros. Enquanto se espera, façamos o maior bem possível com o auxílio do Espiritismo; façamo-lo mesmo aos nossos inimigos, ainda que tivéssemos de ser pagos com ingratidão, pois é o melhor meio de vencer certas resistências e de provar que o Espiritismo não é assim tão negro como alguns o pretendem.□

JORNAL VÓRTICE ANO VI, N.º 06 - NOVEMBRO - 2013

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 UM CASO EUROPEU ATUAL
Ana Vargas
Aproximadamente 400 a.C, Platão escreveu o mito da caverna. Resumidamente, conta a istória de pessoas para quem o mundo era a caverna onde viviam e a vida fora dela era algo ameaçador que elas contemplavam e conheciam pelas sombras projetadas nas paredes. É incrível como Platão consegue manter-se atual e aplicável ainda hoje, passados 2400 anos. Ainda encontramos criaturas com mentes fechadas, temerosas do que julgam ser “novo”, apenas porque não faz parte da caverna onde está. O magnetismo, no meio espírita brasileiro, enquadra-se bem nesse caso. E quando sai da caverna deslumbra-se com a beleza do que há lá fora, às vezes retorna, decidido a contar, a falar o que viu, o que descobriu, o que experimentou,o quanto se pode fazer e como isso pode nos ajudar a entender que somos seres espirituais e viver essa realidade, aqui e agora, também. A vida espiritual também sai da expectativa do amanhã, do depois da morte, e vem para a realidade do hoje. Mas daí descobre que o medo, o orgulho e a preguiça causam surdez psicológica (esse diagnóstico é meu, ainda não foi reconhecido por nenhum órgão oficial), pois ele simplesmente é ignorado, quando não transferido à categoria dos “não vistos”.


Caros amigos, esse breve comentário é para provocar a nossa reflexão. Mostrando que além da caverna existe muito que não conhecemos, traduzo abaixo a experiência de um magnetizador francês, Laurent Lefebvre. Não foi realizada em 1700 ou em 1800, foi neste ano, em janeiro de 2013, em Nancy, França. Recebo o jornal que distribuem “La Journal Spirite, La Revue du Circle Spirite Allan Kardec de Nancy”, não os conheço pessoalmente, mas há alguns anos acompanho o trabalho deles e noto muita seriedade e conhecimento teórico e prático de Magnetismo e Espiritismo. Estão fora da “nossa caverna”, vale a pena conhecer e saber que fora daqui e dos nativos brasileiros, também há vida, e vida em abundância. É confortador sabermos que não somos o “povo escolhido”, nem os detentores da verdade. Talvez o que falte por aqui seja coragem e humildade para sair da caverna. Analisemos, pensemos, não tenhamos medo de mudar, aprender, de buscar ser feliz em tudo que fazemos, só assim cresceremos como pessoas humanas.

CURA MAGNÉTICA DA ENXAQUECA

Laurent Lefebvre

Em janeiro passado, A.P, uma jovem, me pediu atendimento magnético. Tratava-se de um caso de enxaqueca e para avaliar o mais bem possível seu problema de saúde e ver em que medida atuar para aliviá-la, combinamos uma entrevista inicial. Expliquei-lhe o princípio de funcionamento do nosso trabalho e a origem dos eventuais cuidados que poderia oferecer-lhe. Com efeito, a fim de dar ao magnetismo a máxima eficácia, os magnetizadores da nossa associação seguem precisamente as recomendações dos Espíritos para curar. Assim, para determinadas patologias, temos recebido Espíritos médicos, em reuniões mediúnicas, que definem um protocolo preciso de atendimento que consiste em uma sucessão de movimentos e imposições a ser executados.

Desta maneira, a energia magnética é colocada o mais exatamente possível sobre os locais do corpo que devem ser reequilibrados. O magnetismo chega então ao perispírito do paciente em forma vibratória e energética, repercute em suas células e no psiquismo da pessoa.
Depois de haver aceitado a origem das curas, AP descreveu-me em detalhes sua patologia. A trinta e um anos sofre de fortes enxaquecas recorrentes. Esse problema começou quando tinha dez anos e tem afetado sua vida diária.

As enxaquecas são muito frequentes, três a quatro vezes por semana, e podem durar dois dias seguidos, deixando-a incapaz de sair de casa. É obrigada a ficar no escuro, em silêncio e também não se alimenta para evitar as náuseas.

Quando era criança, as enxaquecas eram acompanhadas de sangramentos no nariz.

A.P estava grávida de seis meses e, por consequência, os medicamentos que poderiam aliviá-la estavam proibidos.

Para atuar sobre a enxaqueca propus dois atendimentos magnéticos:
um para favorecer a circulação na cavidade craniana e a outra para ajudar a evacuar congestões e coágulos. Estas duas ações são co mplementares e favoreceriam a circulação sanguínea no cérebro. Se a origem da enxaqueca está vinculada, em parte, a uma má irrigação do cérebro, o magnetismo atuará com eficácia. Igualmente, desejei dar-lhe serenidade, pois o estresse também pode provocar dores de cabeça. Mas, como A.P. espera um filho, obrigome a aplicar-lhe também o atendimento específico a uma mulher grávida. Esta ação produzirá relaxamento e facilitará a telepatia natural com a criança por nascer. Esta relação telepática é descrita nestes termos: “A mulher grávida necessita relaxar, libertar-se das tensões, reconhecer nela um profundo sentimento de tranquilidade  e doçura. A mulher grávida está em permanente telepatia com seu filho. E o auxílio magnético pode facilitar para que essa telepatia se desenvolva nas melhores condições” (grifo no original). Era, então, por meio da aplicação destas diferentes técnicas complementares que eu iria trabalhar.

Após nossa entrevista e para não perder tempo propus a A.P o início imediato das sessões.

Com seu consentimento, executei sucessivamente passes magnéticos e imposições, começando pelo atendimento específico para mulheres grávidas, depois as outras para circulação cerebral. Esse  trabalho durou aproximadamente trinta minutos. Era preciso fazer, segundo o protocolo definido, passes longitudinais, imposições das mãos com ou sem pressão, e utilizar o sopro.

Ao fim da primeira sessão, combinamos o retorno para a próxima semana e avaliarmos durante esse tempo os progressos realizados.

Em sua segunda visita, narrou uma considerável diminuição das dores. As enxaquecas haviam diminuído de intensidade, embora persistissem, já não eram as mesmas que havia suportado até então. Seguimos com esse protocolo por dois meses com cinco ou seis sessões, com intervalos de uma ou duas semanas, conforme as disponibilidades da paciente.

A cada nova sessão, A.P dizia estar melhor, fato notável por conta de sua patologia. Teve efeitos notórios desde a primeira sessão.
O resultado foi muito convincente e se, todavia, ainda sofre algumas enxaquecas, são esporádicas, são mais espaçadas e de pouca intensidade.
Assim, A.P encontrou equilíbrio em seu cotidiano e os atendimentos feitos permitiram-lhe dar a luz com maior serenidade.

Comprovamos que o magnetismo é uma energia que utilizada em boas condições pode atuar eficazmente em situações nas quais a medicina e os medicamentos mostram seus limites.

O reconhecimento oficial da ação magnética dará nascimento a uma medicina complementar e, em certos aspectos, mais respeitosa da natureza humana. O magnetismo pode fazer muito, mas na medida em que for utilizado convenientemente e com método. E é na base dos conselhos de Espíritos médicos e magnetizadores desencarnados onde repousa a essência do magnetismo espírita e o caracteriza.□

(Texto traduzido da versão em espanhol do Le Journal Spirite, La Revue Du Circle Spirite Allan Kardec de Nancy, nº 93 – Julho a Setembro, 2013, coluna Cuidados Espíritas, texto: 
Curaciones magnéticas de migrañas, de Laurent Lefebvre)


O MITO DA CAVERNA

Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo  que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior.

A luz que ali entra provém de uma imensa a alta fogueira externa. Entre eles e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas. Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede no fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.
Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginavam que as sombras vistas eram as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.

Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria.

Num primeiro momento ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda a sua vida, não vira senão sombra de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.

Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.

Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando- o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade.

Extraído de A República de Platão
Fonte: www.historianet.com.br

PLATAO

Este importante filósofo grego nasceu em Atenas, provavelmente em 427 a.C. e morreu em 347 a.C. É considerado um dos principais pensadores gregos, pois influenciou profundamente a filosofia ocidental. Suas ideias baseiam-se na diferenciação do mundo entre as coisas sensíveis (mundo das ideias e a inteligência) e as coisas visíveis (seres vivos e a matéria).Filho de uma família de aristocratas, começou seus trabalhos filosóficos após estabelecer contato com outro importante pensador grego: Sócrates. Platão torna-se seguidor e discípulo de Sócrates. Em 387 a.C, fundou a Academia, uma escola de filosofia com o propósito de recuperar e desenvolver as ideias e pensamentos socráticos. Convidado pelo rei Dionísio, passa um bom tempo em Siracusa, ensinando filosofia na corte. Ao voltar para Atenas, passa a administrar e comandar a Academia, destinando mais energia no estudo e na pesquisa em diversas áreas do conhecimento: ciências, matemática, retórica (arte de falar em público), além da filosofia. Suas obras mais importantes e conhecidas são: Apologia de Sócrates, em que valoriza os pensamentos do mestre; O Banquete, fala sobre o amor de uma forma dialética; e A República, em que analisa a política grega, a ética, o funcionamento das cidades, a cidadania e questões sobre a imortalidade da alma.

Fonte: http://www.suapesquisa.com/platao/


JORNAL VÓRTICE ANO VI, N.º 04 - SETEMBRO - 2013