quarta-feira, 22 de julho de 2015

JESUS E O AMOR AO PRÓXIMO


Terezinha Colle

O amor é a lei de atração para os seres vivos e organizados. A atração é a lei de amor para a matéria inorgânica.1

Vicente de Paulo

 O amor talvez seja um dos temas mais explorados de todos os tempos e também um dos mais empolgantes. Os gregos Antigos tinham várias palavras para designar esse sentimento, em suas diversas manifestações.

A recomendação para que a humanidade ame é muito antiga e sempre atual. No Antigo Testamento vamos encontra-la, na seguinte passagem: “Amarás Yahvé, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças.2

Encontramos, também na Bíblia, a recomendação de amor ao próximo, em  Levítico, 19,18: “Não te vingarás e não guardarás rancor pelos filhos de teu povo, mas amarás teu próximo como a ti mesmo.”

Muitos séculos depois um fariseu, doutor da lei, faz a Jesus a seguinte pergunta: “Mestre, qual o mandamento maior da lei?” Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua  alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. – Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.”3

Como dissemos no início, havia vários termos gregos para designar tipos de amores diferentes.

Um deles é o amor eros, que muito resumidamente poderíamos dizer que é o amor paixão, o amor de posse, o amor egoísta. É o amor que devora para suprir uma falta, uma necessidade, o amor carnal.

Depois tem o amor philia, que já é um amor pelo outro, pelo que o outro é. Poderíamos dizer que é uma passagem do amor puramente carnal ao amor espiritual, do amor por si mesmo ao amor pelo outro. É o amor entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre amigos. Mas ainda pode ser um amor condicionado, um amor que também espera amor em troca.

Jesus, ao prescrever o amor, utilizou o termo agapè, que vem do verbo grego agapan, que significa “querer bem”, para designar o amor mais autêntico, o amor incondicional.

É esse mesmo termo que Jesus utiliza, de acordo com João, ao dizer: “Nisto, todos vos reconhecerão como meus discípulos: por esse amor que tereis uns pelos outros.”4 O termo agapè, de que Jesus se utilizou é o que se costuma traduzir como caridade.

Com o passar do tempo, as más traduções e as falsas interpretações, como saber o real sentido da palavra caridade proferida por Jesus?

No século XIX, quando elaborava a ciência espírita, o sábio Allan Kardec fez a seguinte pergunta aos Espíritos: qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? Obteve a seguinte resposta: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”

E Kardec acrescenta: “O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejaríamos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos.5

Vicente de Paulo, um dos Espíritos que colaborou com a ciência espírita diz: “Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei, lei divina mediante a qual governa Deus os mundos.”6

Ao observar uma mãe animal amamentando seu filhote, arriscando ou sacrificando a própria vida para defendê-lo, quem diz que aí não se encontra o germe do amor em forma de instinto?

Talvez seja esse o sentido das palavras de Lázaro, quando disse: “O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito.7

O Cristo foi e continua sendo o maior exemplo de amor incondicional que a humanidade pode conhecer. Espírito puro, de nada precisava deste planeta imperfeito, nem mesmo da gratidão daqueles a quem ajudava; ele fez o bem pelo bem, e amou simplesmente porque o amor é a sua natureza.

“Jesus ia por toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino e curando todos os langores e todas as enfermidades no meio do povo. - Tendo-se a sua reputação espalhado por toda a Síria, traziam-lhe os que estavam doentes e afligidos por dores e males diversos, os possessos, os lunáticos, os paralíticos e ele a todos curava. - Acompanhava-o grande multidão de povo da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia e de além Jordão. (S. Mateus, 4:23 a 25.)

De todos os fatos que dão testemunho do poder de Jesus, os mais numerosos são, não há contestar, as curas. Queria ele provar dessa forma que o verdadeiro poder é o daquele que faz o bem; que o seu objetivo era ser útil e não satisfazer à curiosidade dos indiferentes, por meio de coisas extraordinárias.

Aliviando os sofrimentos, prendia a si as criaturas pelo coração e fazia prosélitos mais numerosos e sinceros, do que se apenas os maravilhasse com espetáculos para os olhos. Daquele modo, fazia-se amado, ao passo que se se limitasse a produzir surpreendentes fatos materiais, conforme os fariseus reclamavam, a maioria das pessoas não teria visto nele senão um feiticeiro, ou um mágico hábil, que os desocupados iriam apreciar para se distraírem.

Assim, quando João Batista manda, por seus discípulos, perguntar-lhe se ele era o Cristo, a sua resposta não foi: “Eu o sou”, como qualquer impostor houvera podido dizer. Tampouco lhes fala de prodígios, nem de coisas maravilhosas; responde-lhes simplesmente: “Ide dizer a João: os cegos veem, os doentes são curados, os surdos ouvem, o Evangelho é anunciado aos pobres.” O mesmo era que dizer: “Reconhecei-me pelas minhas obras; julgai da árvore pelo fruto”, porquanto era esse o verdadeiro caráter da sua missão divina.8

Encerremos com as palavras de Sócrates, o nobre filósofo grego, ao referir-se ao amor:

Chamo homem vicioso a esse amante vulgar, que mais ama o corpo do que aalma. O amor está por toda parte em a Natureza, que nos convida ao exercício da nossa inteligência; até no movimento dos astros o encontramos. É o amor que orna a Natureza de seus ricos tapetes; ele se enfeita e fixa morada onde se lhe deparem flores e perfumes. É ainda o amor que dá paz aos homens, calma ao mar, silêncio aos ventos e sono à dor.


1 O Livro dos Espíritos, item 888.
2 Deuteronômio, 6,5.
3 S. Mateus, 22: 34 a 40.
4 João, 13,35.
5 O Livro dos Espíritos, item 886.
6 O Livro dos Espíritos, item 888
7 O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI - Amar o próximo como a si mesmo, Instrução dos Espíritos - A lei de amor, item 8.

8 A Gênese » Os milagres segundo o Espiritismo, cap. XV - Os milagres do Evangelho, Curas, Numerosas curas operadas por Jesus, itens 26 e 27.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

INFLUÊNCIA OCULTA DOS ESPÍRITOS SOBRE OS NOSSOS PENSAMENTOS E AS NOSSAS AÇÕES.


Estudo com base in O Livro dos Espíritos, Intervenção dos Espíritos no Mundo Corpóreo,
Capítulo IX, itens de 456 à 472. Obra codificada por Allan Kardec

Pesquisa: Elio Mollo

Livres da matéria, os Espíritos usam o pensamento para se comunicarem entre si e com os encarnados. Para eles o pensamento é tudo. (1). Quando o pensamento está em algum lugar, a alma está também, uma vez que é a alma que pensa. O pensamento é um atributo da alma. (2)

Os Espíritos podem, muitas vezes, conhecer os nossos pensamentos mais secretos, principalmente, aquilo que desejaríamos ocultar a nós mesmos; nem atos, nem pensamentos podem ser dissimulados para eles.  Assim sendo, pareceria mais fácil ocultar-se uma coisa a uma pessoa viva, pois não o podemos fazer a essa mesma pessoa depois de morta, pois quando nos julgamos bem escondidos, temos muitas vezes ao nosso lado uma multidão de Espíritos que nos veem. 

A ideia que fazem de nós, os Espíritos que estão ao nosso redor e nos observam, depende da capacidade evolutiva do observador, assim, os Espíritos levianos riem das pequenas traquinices que nos fazem, e zombam das nossas impaciências. Os Espíritos sérios lamentam as nossas trapalhadas e tratam de nos ajudar. 

Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações, e nesse sentido, a influência deles é maior do que podemos supor, porque muito frequentemente são eles que nos dirigem.

Temos pensamentos próprios e outros que nos são sugeridos, ou seja, a nossa alma é um Espírito que pensa e não podemos ignorar que muitos pensamentos nos ocorrem, a um só  tempo, sobre o mesmo assunto e frequentemente bastante contraditórios. Pois bem: nesse conjunto há sempre os nossos e os dos Espíritos, e é isso o que nos deixa na incerteza, porque temos em nós duas ideias que se combatem. Para distinguir os nossos próprios pensamentos dos que nos são sugeridos, temos que, quando um pensamento nos é sugerido, é como uma voz que nos fala. Os pensamentos próprios são, em geral, os que nos ocorrem no primeiro impulso. De resto, não há grande interesse para nós nessa distinção, e é frequentemente útil não o sabermos, assim, o homem pode agir mais livremente e, se decidir pelo bem, o fará de melhor vontade, e se tomar o mau caminho a sua responsabilidade será maior.

Os homens de inteligência e de gênio, algumas vezes, as ideias surgem de seu próprio Espírito, mas frequentemente lhes são sugeridas por outros Espíritos, que os julgam capazes de as  compreender e dignos de as transmitir. Quando eles não as encontram  em si mesmos, apelam para a inspiração; é uma evocação que fazem, sem o suspeitar.

Se fosse útil que pudéssemos distinguir claramente os nossos próprios pensamentos daqueles que nos são sugeridos, Deus nos teria dado o meio de fazê-lo, como nos deu o de distinguir o dia e a noite. Quando uma coisa permanece vaga é que assim deve ser para o nosso bem.

O primeiro impulso pode ser bom ou mau, segundo a natureza do Espírito encarnado. É sempre bom para aquele que ouve as boas inspirações.

Para distinguir se um pensamento sugerido vem de um bom ou de um mau Espírito, devemos aprender que os bons Espíritos não aconselham senão o bem, assim, cabe a nós distinguir e escolher.

Os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal com a intenção de nos fazer sofrer como eles, ou seja, eles o fazem por inveja dos seres mais felizes e porque ainda se sentem pertencer a uma ordem inferior e estarem com a consciência pesada a lhe cobrarem a reparação dos seus erros.

Também podemos dizer que os espíritos imperfeitos são os instrumentos destinados a experimentar a fé e a constância dos homens no bem. Nós, como Espíritos, devemos progredir na ciência do infinito, e é por isso que passamos pelas provas do mal até chegarmos ao bem.

A missão dos bons Espíritos é a de nos porem no bom caminho, e quando más influências agem sobre nós, somos nós mesmos que as chamamos, pelo desejo do mal, porque os Espíritos inferiores, também, vêm em nosso auxílio para nos fazer praticar o mal quando temos a vontade de o cometer. (3) Assim, se somos inclinado ao assassínio, teremos uma nuvem de Espíritos ainda voltados ao mal fortalecendo esse pensamento em nós, contudo, quando temos a vontade de fazer o bem, também, teremos junto a nós, Espíritos bons que tratarão de nos influenciar para o bem, isso faz com que se reequilibre a balança, assim, Deus deixa à nossa consciência a escolha da rota que devemos seguir, e a liberdade de ceder a uma ou a outra das influências contrárias que se exercem sobre nós.

O homem pode se afastar da influência dos Espíritos que o incitam ao mal, porque eles só se ligam aos que os solicitam por seus desejos ou os atraem por seus pensamentos.

Os Espíritos cuja influência é repelida pela vontade (4) do homem renunciam às suas tentativas, ou seja, quando nada têm para fazerem, abandonam o campo. Não obstante, espreitam o momento favorável, como o gato espreita o rato.

O melhor meio para neutralizar a influência dos maus Espíritos e fazendo o bem e colocando toda a nossa confiança em Deus, assim, repelimos a influência dos Espíritos inferiores e destruímos o império que desejam ter sobre nós. Devemos evitar de dar ouvidos as sugestões dos Espíritos que suscitam em nós os maus pensamentos, que insuflam a discórdia e excitam em nós todas as más paixões. Desconfiemos  sobretudo daqueles que exaltam o nosso orgulho, porque eles aproveitam das nossas fraquezas. Eis porque Jesus nos ensinou através da oração dominical: "Senhor, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal!"

Nenhum Espírito recebe a missão de fazer o mal; quando ele o faz, é pela sua própria vontade e consequentemente terá de sofrer as consequências (5). Deus pode deixá-lo fazer para nos provar, mas jamais o ordena, assim, cabe a nós afastar essa espécie de Espirito. 

Quando experimentamos um sentimento de angústia, de ansiedade indefinível, ou de satisfação interior sem causa conhecida, isso pode ser consequência de um efeito das comunicações que, sem o saber, tivemos com os Espíritos, ou das relações que tivemos com eles durante o sono. 

Os Espíritos que desejam incitar-nos ao mal aproveitam a circunstância, mas frequentemente a provocam, empurrando-nos sem o percebermos para o objeto da nossa ambição. Assim, por exemplo, um homem encontra no seu caminho uma certa quantia: não acreditemos pois que foram os Espíritos que puseram o dinheiro ali, mas eles podem dar ao homem o pensamento de se dirigir naquela direção, e então lhe sugerem apoderar-se dele, enquanto outros lhe sugerem devolver o dinheiro ao dono. Acontece o mesmo em todas as outras tentações.

NOTAS:

(1) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, item 100, Escala Espírita.
(2) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, item 89a, Forma e Ubiquidade dos Espíritos e O Livro dos Médiuns, primeira parte, cap. II, item 7..
(3) Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, segunda parte, cap. VI, item 100, questão 11.
 (4) A vontade não é uma entidade, uma substância e nem mesmo uma propriedade da matéria mais eterizada: é o atributo essencial do Espírito, ou seja, do ser pensante. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, segunda parte, cap. VIII, Laboratório do Mundo Invisível, item 131.)


(5) Diz o texto francês: "et par conséquent il en subit les conséquences". Em geral, nas traduções, procura- se corrigir a repetição. Preferimos respeitá-la, mesmo porque nos parece destinada a dar ênfase ao fato. (Nota. de J. Herculano Pires)

quarta-feira, 6 de maio de 2015

A CIÊNCIA DO MAGNETISMO


Adilson Mota
adilsonmota1@gmail.com

Todos sabem que o Magnetismo era conhecido como ciência entre os magnetizadores clássicos. A intenção desse artigo, porém, é analisar o quanto ainda  falta para fazermos dele, na atualidade, uma verdadeira ciência. Durante cerca de cento e cinquenta anos após o seu surgimento, o Magnetismo conseguiu produzir provas e evidências dos seus efeitos. As doenças eram curadas e os resultados eram visíveis, o que esclarecia os estudiosos dedicados e confundia os orgulhosos que, não querendo observar o que não acreditavam, tinham como fraude ou ilusão tudo que destoava da sua maneira de entender as coisas.

O verdadeiro pesquisador não procura confirmar os seus pontos de vista, ele busca a verdade, mesmo que tenha que admitir que estava em erro. O orgulhoso, por sua vez, anseia em encontrar confirmações das suas ideias, distorcendo a verdade muitas vezes. Falta-lhe humildade como sobra o desprezo pelos que não pensam como ele.

Depois de um hiato em que o Magnetismo praticamente desapareceu, agora ele retorna aliado ao Espiritismo, num crescimento lento, mas vigoroso, envolvendo as mentes e também os corações das pessoas sensíveis que vislumbraram naquele um grande potencial para a cura das diversas doenças físicas, psíquicas ou espirituais. Esse movimento ainda é tímido, insipiente, quase completamente restrito aos atendimentos das Casas Espíritas. Talvez por que seus adeptos não estejam convencidos da grandeza do recurso que têm nas mãos e do quanto esta ciência pode fazer pela Humanidade. A visão parece enxergar apenas o agora, sem vislumbrar as possibilidades vindouras que se abrirão desde que compreendamos o seu objetivo verdadeiro. Sem esta macrovisão estaremos fadados a manter o Magnetismo no rol das crenças particulares sem que ele nunca consiga influir verdadeiramente nos rumos da Humanidade, o que é o seu destino.
Barão Jules Denis du Potet de Sennevoy.
(1796-1881)
Fundador do Journal de Magnétisme e dirigente da
 Socieade Mesmeriana.
icionar legenda

Em carta enviada a Napoleão III, Imperador da França, o Barão du Potet ressalta a importância do Magnetismo.

Uma descoberta brilhante como o sol, fecunda como a natureza se expande hoje pelo mundo inteiro, sem o concurso dos sábios e apesar da poderosa liga que organizaram contra ela. Trata-se do magnetismo, força medicamentosa a qual nada se compara. Como agente de fenômenos, supera e mui-to a eletricidade e o galvanismo, como princípio de ciência moral, nossos conhecimentos atuais nada tem a lhe opor. Que espera então, Sua Majestade, para fazer prevalecer a verdade sobre a mentira? A sanção dos sábios? Nunca a terá plenamente, pois os fatos novos desarranjam seus cálculos e contrariam a fé que tem nas afirmações solenemente procla-madas por eles mesmos. Eles o enganaram sobre o valor real do magnetismo assim como enganaram seu tio, de gloriosa memória, a respeito do vapor.1

Mais adiante solicita o empenho do imperador para a criação de uma “cátedra de ensinamento do Magnetismo”. Seria uma forma dessa  ciência ser melhor estudada e compreendida, estar mais protegida dos ataques dos inimigos, servir à verdade, triunfar sobre a má vontade dos homens e ser preservada para o futuro.

O Magnetismo no período clássico tinha os seus dignos estudiosos, sinceros amantes da verdade, que buscavam o seu desenvolvimento com inteligência e amor. Utilizavam métodos científicos que não deixassem dúvidas quanto aos resultados que ele podia produzir e almejavam a disseminação dessa arte que tantos benefícios trazia, e continua trazendo.

Apesar de alguns esforços ardentes e sinceros, o Magnetismo permanece ainda isolado em pequenos círculos sem, contudo, conseguir ir além dos limites do Centro Espírita. Carece que compreendamos qual a sua missão na Terra. É um bem da Humanidade que desconhece limites de crença, raça, cor, sexo, idade. É a chama da vida que impregna todo ser vivo e que mantém a vida no nosso planeta. Achá-lo patrimônio do Espiritismo é acreditar que somente nós espíritas temos o direito e as condições de utilizar, quando qualquer pessoa possui essa energia e, em tese, tem condições de aplicá-la em benefício de outrem.
   
Sir William Crookes (1832-1919).
Cientista, químico e estudioso 
do psiquismo,
nascido em Londres, Inglaterra.
Foto do Espírito Katie King (materializado) de
braços com William Crookes.
 
                                                                                                                                                         

Numerosos cientistas de renome, mesmo diante dos fatos mais convincentes, hesitaram em proclamar a verdade, com receio das consequências que isso poderia acarretar aos olhos do povo. Crookes, porém, não agiu assim. Ele penetrou o campo das investigações com o intuito de desmascarar, de encontrar fraudes, entretanto, quando constatou que os casos eram verídicos, insofismáveis, ele rendeu-se à evidência, curvou-se diante da verdade, tornou-se espírita convicto e afirmou: - "Não digo que isto é possível; digo: isto é real!“

(http://www.feparana.com.br/biografia.php?cod_biog=278)

 É razoável que hoje o Espiritismo detenha o melhor conhecimento a respeito do magnetismo, mas daí há uma diferença em achar que é o seu proprietário.

Pensando no Magnetismo num sentido universal, podemos entender a nossa responsabilidade no sentido de fazê-lo extrapolar para além das instituições espíritas e fincar bandeira como terapia curativa eficaz. Para isso há um longo caminho a ser percorrido, das experimentações, das exaustivas pesquisas, das frias análises, buscando firmar o Magnetismo em bases sólidas, confiáveis e verificáveis por todos que desejem estudá-lo de maneira séria.

Citei a frieza das análises não me referindo à ausência de paixão e amor pelo que se faz, já que esses são elementos imprescindíveis que geram motivação e que ajudam a superar os desafios que se interpõem no caminho de quem segue algo de bom. Aludi à necessidade de frear a empolgação que nos faz ver a verdade em tudo, até mesmo na mentira, que ilude os olhos e o espírito e desencaminha o pesquisador. É preciso firmar os pés no chão enquanto a emoção nos leva a voar mais alto.

Sir William Crookes, um grande pesquisador dos fenômenos psíquicos e um dos maiores cientistas da sua época é um excelente exemplo. Foi-lhe sugerida uma investigação dos fenômenos espíritas a fim de desvendar de uma vez por todas o que havia por trás daquilo que os espiritistas afirmavam ser a alma dos mortos. Con-ta do livro “Katie King” de Wallace Leal V. Rodrigues a afirmação de Crookes com as características do verdadeiro sábio:

Não posso dizer que tenho pontos de vista ou opiniões sobre um assunto que não tenho a pretensão de entender. Mais tarde voltou a declarar:
Prefiro entrar na questão sem nenhuma noção preconcebida, quanto ao que pode ou ao que não pode ser, mas com todos os meus sentidos alertados e prontos para transmitir informações racionais, acreditando que não temos de modo algum esgotado todo o conhecimento humano ou galgado todos os degraus do conhecimento humano e das forças físicas.

Dir-se-ia que o tiro saiu pela culatra quanto ao que os seus colegas cientistas esperavam como resultado da pesquisa. Agora o renomado físico possuía não uma opinião, mas uma certeza sobre os fenômenos e esta era completamente favorável à tese espírita, pois que se baseava em fatos.

Uma cura magnética pode não deixar dúvidas quanto à sua realidade, no magnetizador e naquele que está em tratamento, mas não servirá de elemento comprobatório, se levarmos em conta os moldes atuais das pesquisas científicas. Exige-se um rigor muito grande para que os resultados alcançados não possam ser explicados em termos de coincidência, acaso ou mesmo como consequência de outros fatores causais.
Miss Florence Cook.
Médium que aos 15 anos de idade submeteu-se às
experiências psíquicas com William Crookes.

Uma pesquisa científica envolvendo tratamento por magnetismo teria que excluir qualquer possibilidade de influência de outras formas de tratamento, como medicamentos, sejam naturais ou químicos, terapia psicológica, etc. O paciente teria que ser tratado única e exclusivamente pela energia do magnetizador. Reconhecemos que haveria grandes dificuldades nesse sentido, porém somente assim teríamos certeza do que proporcionou a saúde ao doente.

Não para por aí, entretanto. A quantidade também é importante. Os resultados positivos alcançados com alguns poucos indivíduos é levado à conta de coincidência. É preciso uma quantidade razoável de participantes a fim de que a estatística seja favorável. Além disso, seria interessante comparar os resultados do magnetismo com os de outras formas de tratamento ou mesmo com grupos-controle (grupos sem tratamento algum) ou fazendo uso de placebo.2

O método científico requer precisão e não dá espaço para improvisações ou conclusões precipitadas. Mesmo assim, muitos não se convencerão e procurarão falhas na pesquisa, levados por um orgulho que não se dobra nem mesmo ante as evidências, assim como aconteceu às cautelosas conclusões de William Crookes. Haverá aqueles, todavia, que, seguidores da verdade, a enxer-garão, lamentando não terem estado antes diante dela.As dificuldades podem ser muitas, o caminho longo e pedregoso, mas não devemos desistir. Da mesma forma que nos preparamos para uma viagem, o objetivo do Magnetismo será alcançado se nos prepararmos para ele. As provisões são os conhecimentos, os estudos, aliados ao espírito crítico, à perseverança, à fé e à humildade, mantendo como sustentáculo a caridade que estabelece como regra o bem coletivo acima do individual.

Referências;

1 Publicada no Jornal do Magnetismo, pág. 30 a 32, de 1860.
2 Placebo – Preparado sem nenhuma ação ou efeito, usado em estudos para determinar a eficácia de substâncias medicinais. (Dicionário Michaelis)


JORNAL VÓRTICE ANO VII, n.º 10 - março - 2015


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Ana Vargas
anavargas.adv@uol.com.br

Todos os fatos de consciência apresentam três propriedades: eles se gravam e se reproduzem; são ligados a outros e podem ser isolados. Eles se gravam na memória; são reproduzidos pelo hábito, são ligados pela associação; são isolados uns dos outros pela atenção. Para conquistardes um perfeito domínio sobre vós mesmos e sobre os outros, é essencial bem compreenderdes a natureza e as condições destas propriedades, pois toda a vossa vida – física, mental e emocional – depende de vossas lembranças, de vossos hábitos, de vossas associações de ideias e de vossa força e atenção.

Dissecaremos em poucas palavras cada um desses elementos, procurando mostrar sua conexão íntima.

Todo fato de consciência: ideia, prazer ou dor, ação, resolução, se grava em vossa memória. Ele aí subsiste e em certos casos, como no delírio, vedes reaparecer, com estupor, em um enfermo, lembranças de acontecimentos muito distantes e que pareciam completamente esquecidos. Possuis, pois, em vós um tesouro cujo valor talvez nem sequer suspeitais. Cabe-vos zelar por ele para que não se perca. Estas lembranças não perduram como clichês sobre uma placa fotográfica, poder-se-ia compará-las aos carneiros encerrados em um aprisco no momento em que a pastora vai buscá-los para os conduzir a pascer. Elas se comprimem para sair do inconsciente; uma luta violenta se trava entre todas, as mais fracas ficam na sombra e só as mais fortes conseguem sair.Compreendereis sem dificuldade quanto vos importa saber por que algumas destas lembranças são mais fortes do que as outras.

Um fato de consciência reaparece tanto melhor quanto ele foi mais frequentemente registrado, ligado a um maior número de outros fatos, acompanhado de uma dor ou de um prazer mais vivo, enfim, que ele já tenha aparecido com muita frequência.

Ficai certo que vossa memória será tanto melhor quanto mais vos dedicardes ao trabalho de rever, sem cessar, o que desejais saber; ligar entre si, cada vez melhor, todos os vossos conhecimentos; estudar alegremente o que desejardes saber, procurando criar-vos hábitos metódicos. Não esquecei que vossas lembranças são conservadas pelo vosso inconsciente, isto é, por vossas máquinas psicológicas. Importa, pois, antes de tudo, que estas se conservem em bom estado. Um cérebro banhado, irrigado por um sangue puro e nutritivo será mais poderoso do que todos os outros. Quando tiverdes lido nosso capítulo sobre a alimentação, compreendereis porque os pensadores, os sábios, os artistas mais notáveis têm um regime muito regular (exemplo: Victor Hugo) e uma alimentação muito frugal.

Podeis atuar sobre vossas lembranças; atuareis, portanto, sobre vossos hábitos, que são as lembranças de vossos atos. Sois o senhor de sua repetição, do prazer que ela vos causa, das associações que estabeleceis entre esses atos. Criastes os hábitos que tendes de ler, de escrever, de nadar, de montar em bicicletas, de cultivar a música. Podeis criar uma infinidade de outros mais. A aquisição de todas as profissões, de todas as artes, de todas as ciências é devida ao hábito. Se compreenderes profundamente o que vos é dito aqui, a vossa vida irá, como o prometemos, transformar-se inteiramente. Dividireis, sem cessar, os vossos esforços para tornar cada um deles sem-pre igual às vossas forças e, por conseguinte, agradável. Pouco a pouco, fareis passar em vosso inconsciente uma quantidade de atos a princípio penosos, mas que se tornarão regulares, automáticos; não mais necessitarão de vossa direção perpétua, podendo consagrar a novos objetivos as vossas forças mentais incessantemente decuplicadas.

Cuidareis igualmente de vossas associações psíquicas. Vosso encéfalo contém um grande número de fibras que estão ligadas umas às outras e que são a imagem das ligações mentais, cuja existência em vós constatais incessantemente. Uma palavra traz outra; vossas lembranças, vossas sensações, vossas emoções, vossos sentimentos, vossos atos, sobretudo, estão ligados entre si. Entretanto, tereis percebido que essas ligações são feitas ao acaso.
Maury conta que, em um de seus sonhos, ele se viu perto do fogo, apanhando as cinzas com uma pá; depois, bruscamente, se encontrou em casa de seu amigo patrício, e, depois, se viu a passeio em Jerusalém. É a associação das palavras que tinha conduzido a associação das imagens. Isto acontece, principalmente, em uma conversação intervalada, cheia de interrupções, o que podeis verificar, conservando-vos à parte, como ouvinte, constatando, assim, onde ela começa e onde termina. Ao lado, porém, destas associações fortuitas onde parece que um eixo guia o pensamento, há outras mais importantes: aquelas, por exemplo, que conduziram os químicos a comparar o hélio gasoso ao hidrogênio, a constatar que ele era da mesma densidade, mas que não se inflamava e que não tinha a mesma tendência a atravessar as paredes dos vasos que o continham. Assim, se chegou à conclusão prática, muito importante, de que o hélio deve substituir vantajosamente o hidrogênio nos balões dirigíveis. Seu emprego tornará possível este gênero de navegação aérea.

Tais são as associações de ideias que deveis procurar. Afastareis aquelas que são devidas ao acaso e que só podem diminuir vossa força psíquica.

Conseguireis o melhor êxito se souberdes governar a vossa atenção. Não julgueis que isso seja fácil. Compenetrai-vos que esse fenômeno é, antes de mais nada, inteiramente espontâneo e nele não há interferência vossa.

Projete bruscamente, em uma sala escura, um jato de luz viva: todos os olhos se fixarão sobre ele, quer queiram ou não. Ai está a imagem de toda atenção. Ela vem do inconsciente; trabalha sem cessar. Vosso corpo vos evita a todo instante, sem que o suspeiteis, uma infinidade de perigos. As condições deste fenômeno são: uma respiração ampla e bem ritmada, uma circulação sanguínea regular e poderosa, e, principalmente, a nutrição do sistema nervoso.

Desde então, conhecendo as causas do fato, vos tornais senhor do mesmo. Colocai-vos, graças aos conselhos que vamos dar dentro em pouco, nas melhores condições fisiológicas, dotai vossa usina humana de boas máquinas, alimentai-as bem, reparai-as sem cessar, e obtereis de vós mesmo uma atenção poderosa; vossas lembranças, vossos hábitos, vossas associações de ideias vos dirigirão para os melhores objetivos, os mais úteis ao desenvolvimento da vossa personalidade. Não dominareis, pois, vossa atenção senão obedecendo-lhe a princípio, não a forçando nunca. Não se lhe deve pedir senão o que ela pode dar a cada instante; peçase-lhes, entretanto, tudo o que ela deve fornecer; e a riqueza de vosso espírito e vosso poder mental serão incomparáveis. Assim se desenvolverá vosso eu e, por conseguinte, vossa personalidade. Ligareis entre si vossas lembranças no tempo e no espaço, e tais ligações são da mais alta importância.

Vossa personalidade é vossa obra. Eixo de unidade que existe em vossa máquina fisiológica, ela cessará, se esta máquina se desorganizar. Ela se tornará tanto mais ativa quanto esta máquina for continuamente aperfeiçoada. Se vos expuserdes à sífilis, ao alcoolismo, à morfinomania, lesareis ao mesmo tempo o vosso sistema nervoso. Ele se dissociará, e, desde então, vossa personalidade fará o mesmo. Ao contrário, se fixardes o fim para o qual caminhais, se colocardes o mais alto possível, se ligardes estreitamente todas as vossas sensações, todas as vossas emoções, todos os vossos atos, se vos criardes um atlas de lembranças, cada vez mais desenvolvido, mais claro, se ligardes cada vez mais intimamente vossa história e vossa geografia do mundo em que viveis, daquele que vos precedeu e do que seguirá, estareis então, não o duvideis, cada vez mais senhor de vós mesmos e dos outros. Não se trata aqui de uma ciência unicamente teórica, mas de aptidões práticas, as únicas eficientes na vida, as únicas que farão de vós um herói.

É este personagem superior que um de nossos amigos, Victor Morgan, herói também, caído gloriosamente em Dixmude, definiu nas linhas seguintes:

“O homem superior é uma força em repouso. Nele, nada de palavras insignificantes ou sem um alvo. Nada de movimentos inúteis. É uma força cônscia de si mesma, que não se manifesta nunca sem necessidade, porque ela sabe que, ao primeiro grito de alerta, de um salto, atingirá, como o relâmpago, o ponto onde deve agir. O herói é um leão que, deitado, contempla, com o olhar calmo, por cima da cabeça das pessoas, os horizontes infinitos, cheios de luz.“Ele transforma seus sentimentos em ação.”

Mesmo nesta inação, sua presença é benfazeja. De suas palavras, mesmo as mais simples, se irradia uma influência que atua sobre os que o rodeiam. Uma harmonia reconfortante paira à sua volta.
Não obstante, é um homem de ação.

Raros, em verdade, são os momentos em que podeis surpreendê-lo em repouso. O domínio de sua vontade é o sinal característico que o consagrou grande homem. Seu eu paira em uma calma olímpica, comanda a todas as suas paixões, excita-as ou disciplina-as. Tornado senhor de si mesmo, con-quistou o direito e o poder de dirigir o mundo exterior e de subjuga-lo à sua vontade.
Ele transforma seus sentimentos em ação.

Pensais que, em um tal homem, no qual pressentis uma alma tão ardente e tão poética, uma vontade com um tal domínio, tão impaciente por materializar os sonhos do poeta, pensais que suas menores ações possam estar em desacordo com seus sentimentos? Isso seria impossível. Sua voz, seus gestos, seu porte, seu olhar devem imprimir um pouco daquele fogo que tem em si. 

Sim, a sua voz manifesta todas as emoções que ele deseja expressar: doce, penetrante, se ele quer tranquilizar e reconfortar; fervente, entusiasta se quer excitar; grave, profunda, solene, se deseja impressionar; altíssona se quer comanda

De uma calma imperturbável na tormenta, quando os outros homens estão desvairados ou terrificados, ele faz sempre ouvir a voz do chefe, cuja palavra é uma ordem. Ele é senhor do seu corpo. 

Todo seu ser emite uma radiação invisível e poderosa que se impõe mesmo aos menos sensitivos. Sente-se, antes que ele tenha agido, que possui uma confiança sem limites em suas próprias forças. E apesar desta grande confiança, não deve ser confundido com o anjo do orgulho. 
Enfim, seu coração é todo poderoso. 

Ama, compreende, e porque compreende, é justo com os homens. Tendo lido no fundo de seu próprio coração e verificado que, muitas vezes, o mal não é senão ignorância, um profundo sentimento de piedade despertou nele. E quando é preciso agir, castigar, punir, seu coração não tem mais ódio. 

Suas faculdades mentais são poderosas. 

Elas têm, principalmente, o poder de julgar sensatamente todas as coisas. O que o torna  verdadeiramente grande é que personifica, ao mesmo tempo, o idealista e o homem de ação.” 1

 Aí está esboçado o retrato do homem que queremos formar em vós. Resta, agora, estudar como chegaremos a realizar esse desiderato. Para que vos compenetreis bem, desde já, do método que empregaremos, vamos indicar o plano que pretendemos seguir na presente obra. 

Formularemos, sucessivamente, regras práticas para transformar: 

1. Vosso corpo por meio de:
a)Uma alimentação sadia;
b)Uma respiração ampla e metódica;
c)Exercícios físicos judiciosamente compreendidos. 

2. Vosso inconsciente, servindo-vos de: 
A) autossugestão emocional; 
B) olhar magnético. 

3. Vosso consciente, vosso espírito, com o auxílio de:
 a) concentração mental;
 b) isolamento.

Assim, o ser superior que está em vós adquirirá o domínio de si.
É fora de dúvida que se trata de um trabalho que requer não só tempo, como energia. Certamente que este tempo convenientemente repartido entre as ocupações cotidianas, acaba por passar despercebido. E a energia dispendida é recuperada ao cêntuplo por este treinamento bem compreendido. Além disso, a alegria sucede depressa ao esforço. Toda esta disciplina que parecia, a princípio, fastidiosa, torna-se, a cada momento, a fonte de satisfações numerosas. Os membros tornam-se flexíveis e sempre prontos a agir. Sente-se o corpo ágil. Uma respiração mais ampla e mais regular vos remoça. Parece que o sangue mais vivo corre nas veias. A digestão é perfeita. Nenhum incômodo ou peso nos órgãos. Sente-se a cabeça livre, desembaraçada de qualquer constrangimento. O tédio se dissipa como, aos primeiros raios de sol, as sombras fogem. O cérebro, livre de todas as dúvidas, prepara-se para a vida nova. E os primeiros clarões da aurora que se levanta tingem festivamente nossos sonhos. Para onde foram nossas decepções, nossos rancores, nossas tristezas? Nuvens que, agora, se esfumam.

1 Victor Morgan – A estrada do cavalheiro.
Como o galo que canta alegremente ao romper da amanhã, nós deixamos escapar dos lábios um grito de alegria.

O nosso desenvolvimento psíquico traz, pois, ao nosso corpo um bem-estar extraordinário, ao nosso espírito pensamentos mais sãos, ao nosso coração alegrias mais doces.

Também, o novo discípulo, feliz por esta transformação que ultrapassa suas melhores esperanças, entrega-se cada dia com maior entusiasmo a este treinamento. Ele compreende que esta direção nova de vida será a verdadeira saúde. 
Convence-se de que os poderes psíquicos, há tanto tempo ambicionados, estão ao seu alcance; que não há entrave algum que não possa remover, nenhuma cadeia que não possa quebrar, nenhuma sugestão atávica, nenhum sestro ou mania, nenhuma forma de pensamento da qual não possa tornar-se senhor absoluto.

Encorajado pelo bem-estar que resulta destas constatações, só pensa em perseverar. Bem depressa repara as faltas antigas. Observa. Reflete. Compreende. Esforça-se por desenvolver em si sentimentos mais puros. Despoja o velho homem. E, desde então, uma doce emoção inunda o coração do novo adepto. Faz alegremente a escalada da encosta que conduz aos píncaros.

Na montanha, aquele que galga um pico, descortina diante de si tão vastos horizontes, que lhe vem o desejo de subir ainda mais. O mesmo se dá no decurso do desenvolvimento psíquico. Os resultados são tais para quem se dedica com amor, que, enlevado por um sucesso alcançado sobre si mesmo, se sente tomado de uma emulação que o leva a agir com uma vontade mais firme e mais persistente. Quer desenvolver a si mesmo, a princípio física e mentalmente, obter um ritmo exterior e interior que seja o penhor da saúde material e moral, mas quando se alcançou este fim, quando se sente cheio de forças novas, quer empregá-las de uma forma que seja digna delas e de si. Certamente, está bem longe de renunciar a estes deveres que são os laços da própria vida. Fica-se preso ao país, à família, à profissão, porém restam ainda muitas aspirações a realizar. Descortinou o vasto horizonte e as visões do egoísmo não podem desviá-lo.

Somos agora poderosos, fortes, senhores de nós mesmos. Mas que adianta isto, se esta força só serve a interesses restritos? Sente-se o funcionamento perfeito da máquina humana. Deseja-se agora que esta máquina obedeça a um ideal elevado, a um coração puro, a um pensamento mais belo. E, todas as engrenagens de nossa máquina tendo sido aperfeiçoadas, o contramestre tornado dócil e zeloso como um excelente empregado, compreende-se que nosso dever sobre a Terra é auxiliar os outros. Unicamente o bem, o bem de todos aqueles que nos rodeiam ou se nos aproximam, merece os cuidados que tomamos. Um altruísmo entusiasta e bem compreendido nos permite dar a todas as nossas faculdades a liberdade que elas devem ter.

Sim, vós vos tornareis senhor de todas as vossas engrenagens e elas funcionarão a contento, porém todas essas energias que se vão desenvolver vos lembrarão continuamente o vosso dever. O cultivo de vossas forças vos preparará para os mais belos impulsos; o domínio de vossos ímpetos mostrar-vos-á que, além de vossa pessoa e de vossos interesses, há regiões tão belas quanto vastas, que deveis explorar. Não tereis mais receios, cóleras ou invejas. Ireis ter, com todos os seres, a mão estendida e o coração fraternalmente aberto. É esta forma de pensamento que deve florescer em vosso jardim mental. Os intuitos elevados, cheios de beleza e de bondade, serão a necessidade nova que se criará para o aperfeiçoamento de vosso organismo. E não mais será mister esforços para dirigirdes para esse lado; é para ele que se inclina toda natureza formada pelas boas disciplinas e inclinada para uma nova iniciação.

Esta iniciação só pode ser estudada, aqui, brevemente, dela tratamos mais detalhadamente em uma obra escrita para aqueles que nos acompanham: A Caminho da Sabedoria. 

Nosso escopo, neste último trabalho, que é a continuação do presente - Curso de Magnetismo Pessoal – é reativar a tradição das antigas iniciações, e fazer nascer o desejo de entrar em relação com as potências desconhecidas que se encontram em nós e em redor de nós.

Que horizontes mágicos se desenrolam diante do adepto, quando ele se sente evoluir neste mundo, onde tudo é doçura e claridade! Os estudos que empreende lhe ensinam que, por mais elevados que possam ser os conheci-mentos que adquiriu, ele não é mais do que uma parte infinitesimal deste grande Todo, deste Universo que é o macrocosmo; entretanto, que imensa dignidade dele se apossa ao saber, de uma forma irrefutável, que ele próprio é o microcosmo, a imagem perfeita deste grande Todo, construído segundo o mesmo ritmo e podendo, pelo acordo misterioso de seus ritmos, pôr-se em relação com ele segundo seu legítimo querer. Eu disse dignidade, não orgulho, pois, para aquele que sabe, o orgulho é letra morta. Ele só vale pela sua relação com o Absoluto, por esta tendência constante, e que ele compreende, enfim, de unir-se, com todas as suas forças constantes, ao plano divino da Natureza. 

Não basta, porém, conhecer estas coisas, penetrá-las com uma nobre satisfação. É preciso submeter-se a uma ascese que faz de nós adeptos perfeitos, capazes das mais elevadas e mais grandiosas ações. Esta evolução, de que nossa Ciência Secreta fará compreender e penetrar toda a serena beleza, toda a esplendida consolação, é mister obtê-la e merecê-la; é preciso abreviar-lhe as etapas tanto quanto nos seja possível. 

No presente volume, ensinamos a adquirir uma perfeita saúde, a dominar seus impulsos, porém isto não é mais do que uma primeira etapa. A Caminho da Sabedoria vos conduzirá ao limiar do Templo iniciático. 

E, uma vez lá, o guarda do umbral – a enigmática Esfinge da terra dos faraós – deixará cair de seus lábios de pedra o segredo dos quatro verbos iniciáticos. Vitorioso da prova, vê abrir-se, diante dele as portas do santuário. Nossa Ciência Secreta prepara o novo eleito para todas as alegrias que são a recompensa do sábio.

Aos métodos incompletos que se propõe dar-vos saúde, sucesso, felicidade, poder, nós antepomos um método sintético. 

Sua superioridade, a nosso ver, está em que ele compreende e utiliza a conexão que apresentam as três partes da usina humana: 

1º) A máquina fisiológica tem por fim criar a força nervosa, graças:

a)Ao aparelho digestivo que forma o sangue;
b)Ao aparelho circulatório que o transporta para alimentar os órgãos;
c)Ao aparelho respiratório que o purifica;
d)Ao sistema nervoso composto: 1º) do sistema raquidiano, dominado pelo encéfalo, centro motor e sensitivo do organismo; 2º) do grande simpático, que regula automaticamente os aparelhos vitais. 

2º) O contramestre da usina ou inconsciente conserva: 1º) nossas lembranças; 2º) nossos sentimentos; 3º) nossos atos. Quem conhece bem, pode adivinhar o pensamento, os cálculos, o caráter de outrem. 

Conhecer bem o inconsciente é lutar, depois, vitorio-samente, contra a timidez, o medo do fiasco, é compreender o mecanismo de certos sonhos. É explicar-se a natureza de todos os fatos conscientes, que são para o inconsciente o que a chama é para o fogo. 

3º) O diretor da usina é o espírito. Suas propriedades gerais são: 1) a memória; 2) o hábito; 3) a associação; 4) a atenção.
                                           

Podemos, estudando estas propriedades, tornamo-nos senhores das mesmas e formar em nós uma personalidade poderosa. 

Chegareis à maravilhosa síntese dos três elementos que compõe o ser humano, observando atentamente:

1)Vossa alimentação, vossa respiração, vossos exercícios físicos;
2)Desenvolvendo a autossugestão; adquirindo um olhar magnético;
3)Habituando-vos à concentração mental e ao isolamento.

 Eis o que vos conduzirá ao perfeito domínio de vossos impulsos, a um sentimento de força, de equilíbrio, de bem-estar. Isto não é, porém, senão uma primeira etapa. Perseverando no  estudo, magníficos horizontes se descobrirão aos vossos olhos. De dia para dia, melhor compreendereis que a verdadeira finalidade da vida é o vosso aperfeiçoamento, sob a condição, porém, que esse aperfeiçoamento beneficie os que vos rodeiam.

 Esforçai-vos, pois, constantemente, por alcançar qualidades físicas, intelectuais e morais. Assim fazendo, avançareis com um passo mais rápido pelo caminho da evolução. Tal é o objetivo do iniciado.


Referência;

1 Victor Morgan – A estrada do cavalheiro.




JORNAL VÓRTICE ANO VII, n.º 11 - abril  2015


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