Mostrando postagens com marcador Obsessão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Obsessão. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 26 de maio de 2014

DESOBSESSÃO

Editorial
Jornal O Clarim Maio 2014

Para isentá-lo da obsessão, é preciso fortificar a alma, pelo que necessário se torna que o obsidiado trabalhe pela sua própria melhoria, o que as mais das vezes basta para o livrar do obsessor, sem recorrer a terceiros.
O auxílio destes se faz indispensável, quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque aí não raro o paciente perde a vontade e o livre-arbítrio. (Ev. XXVIII 81)(1)

Nos casos de obsessão grave, o obsidiado se acha como que envolvido e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares. É desse fluido que importa desembaraçá-lo. Mas não basta; necessário, sobretudo, é que se atue sobre o ser inteligente, ao qual se possa falar com autoridade, que só existe onde há superioridade moral. (Ev. XXVIII 81)(1)

Para garantir-se a libertação, cumpre induzir o Espírito perverso a renunciar aos seus maus desígnios; fazer que nele despontem o arrependimento e o desejo do bem, por meio de instruções habilmente administradas, objetivando a sua educação moral.
Pode-se então lograr a dupla satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito. (Ev. XXVIII 81)(1)

A tarefa se apresenta mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, presta o concurso da sua vontade e da sua prece.
Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso auxiliar de quem haja de atuar sobre o Espírito obsessor. (Ev. XXVIII 81)(1)

Os meios de se combater a obsessão variam, de acordo com o caráter que ela reveste.
O médium que está a haver-se com um Espírito mentiroso tem que provar ao Espírito que não está sendo iludido e cansar-lhe a paciência, demonstrando paciência para com ele.
Desde que se convença de que está a perder tempo, retirar-se-á, como fazem os importunos a quem não se dá ouvidos.

Isto, porém, nem sempre basta e pode levar muito tempo, porquanto Espíritos há tenazes, para os quais meses e anos nada são.
Além disso, portanto, deve o médium dirigir um apelo fervoroso ao seu anjo bom, assim como aos bons Espíritos que lhe são simpáticos, pedindo-lhes que o assistam.
Quanto ao Espírito obsessor, por mau que seja, deve tratá-lo com severidade, mas com benevolência e vencê-lo pelos bons processos, orando por ele.
Se for realmente perverso, a princípio zombará desses meios; porém, moralizado com perseverança, acabará por emendar-se.

É uma conversão a empreender, tarefa muitas vezes penosa, ingrata, mesmo desagradável, mas cujo mérito está na dificuldade que ofereça e que, se bem desempenhada, dá sempre a satisfação de se ter cumprido um dever de caridade e, quase sempre, a de ter-se reconduzido ao bom caminho uma alma perdida. (L.M. 249)(2)
Trata-se de lutar contra um adversário. Ora, quando dois homens lutam corpo a corpo, é o de músculos mais fortes que vencerá o outro. Com um Espírito não se luta corpo a corpo, mas de Espírito a Espírito; e ainda o mais forte será o vencedor. Aqui a força está na autoridade que se pode exercer sobre o Espírito e tal autoridade está subordinada à superioridade moral. (R.E., “Estudos sobre os possessos de Morzine”, dezembro de 1862)(3)

O tratamento consiste numa tríplice ação: a) a ação fluídica, que liberta o perispírito do doente da pressão do Espírito malévolo; b) o ascendente exercido sobre este último pela autoridade que sobre ele dá a autoridade moral; c) a influência moralizadora dos conselhos que se lhes dá. (R.E., “Novos detalhes sobre os possessos de Morzine”, agosto de 1864)(3)
Para agir eficazmente sobre um obsessor, é preciso que os que o moralizam e o combatem pelos fluidos valham mais que ele. O poder dos fluidos está em relação direta com o adiantamento moral daquele que o emite.

1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
2. _________. O Livro dos Médiuns.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

IMPOSIÇÃO DE MÃOS E PASSE

Tiago Martins dos Santos

Análise e refutação de algumas afirmações de Herculano Pires sobre a origem dos passes em “Obsessão. O Passe. A Doutrinação”

O passe espírita é simplesmente a imposição das mãos, usada e ensinada por Jesus como se vê nos Evangelhos. Origina-se das práticas de cura do Cristianismo primitivo. Sua fonte humana e divina são as mãos de Jesus. (PIRES, Herculano. Obsessão. O Passe. A doutrinação. Ed. Paidea)

Há aqui dois erros que precisam ser elucidados: (1) a questão da imposição de mãos por Jesus e os primeiros cristãos; (2) a origem dos passes no Espiritismo. É sobre o primeiro erro que desejo dedicar este escrito fundamentalmente.

Historicamente, é sabido que os passes no Espiritismo não decorrem das práticas de curas dos primeiros cristãos como afirma Herculano, mas das práticas magnéticas desenvolvidas por Mesmer. Filosoficamente é possível recuar no tempo e afirmar que os passes espíritas têm uma ligação com aqueles realizados pelos primeiros cristãos, fazendo uso da analogia. No entanto, esta ideia mascara e esconde a origem real destas práticas: Mesmer e seus discípulos.

O Espiritismo é doutrina racional fundamentada em fatos. Estabelecer que os passes espíritas decorrem das práticas dos primeiros cristãos significa afirmar a existência de uma sucessão apostólica na fluidoterapia, em que Jesus ensinou a imposição de mãos aos apóstolos, os apóstolos aos seus sucessores, estes a terceiros, assim sucessivamente até Kardec, e de Kardec aos dias de hoje. E isto é tão falso quanto uma cédula de três reais.
Conforme os fatos históricos, o que de fato ocorreu é que as práticas de cura pela ação dos fluidos magnéticos foram estudadas e reveladas ao público por Mesmer. Antes de Mesmer, a fluidoterapia era simplesmente uma ação sobrenatural que circundava alguns homens eleitos
pela Potestade Divina. Mesmer, no entanto, demonstrou que o Magnetismo é lei natural. Posteriormente, os discípulos de Mesmer sistematizaram o conhecimento magnético e vulgarizaram a sua prática.

É no contexto de difusão das práticas magnéticas que surge o Espiritismo no mundo. Um magnetizador chamado Hippolyte Léon Denizard Rivail interessa-se pelos curiosos fenômenos das mesas girantes, para ele fenômenos que, inicialmente, nada mais revelavam que um desdobramento das teorias magnéticas. Aprofundando a análise dos fatos, o Professor Rivail percebe um agente desconhecido e insuspeitado para estes fatos: os mortos! Escreve um livro chamado O Livro dos Espíritos, toma o pseudônimo de Allan Kardec e dá o pontapé inicial para a Doutrina Espírita. Não bastasse isto, este professor tem a ousadia de afirmar que a nova ciência não nascia independente da sua predecessora, mas que Espiritismo e Magnetismo formam uma única ciência (LE, questão 555).

De fato, é bonito pensar que os passes vem diretamente das mãos de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas a verdade histórica mostra que foi um discípulo dele, Mesmer, quem revelou ao público a ciência magnética (pressuponho com base em Kardec que Mesmer era um Espírito missionário, por isto discípulo do Cristo). Como afirma Emmanuel, “nem tudo que é admirável é divino” e, portanto, verdadeiro. Uma ideia bonita sobre o passe é apenas uma ideia bonita se não está fundamentada em Kardec e no Magnetismo.

Não existe qualquer linhagem professor-discípulo em fluidoterapia desde Jesus até os dias de hoje. Sabemos que Jesus foi o maior magnetizador que o mundo conheceu, porém sabemos disto porque Mesmer, Du Potet e Kardec nos deram a conhecer o Magnetismo. Antes de Mesmer, repita-se, as curas eram milagres que aconteciam por obra de Deus, numa intervenção sobrenatural, ideia muito contrária aos postulados espíritas. Com todo respeito que Jesus nos merece, creio que nem Jesus corroboraria a afirmação de que o passe deriva historicamente Dele, pois Magnetismo é lei natural conhecida a partir de Mesmer.

Mas eu havia afirmado que desejava escrever algo sobre as imposições de mãos dos primeiros cristãos. Agora, desfeito o mal entendido quanto à origem da fluidoterapia, é possível desmitificar um pouco a questão das imposições.

Difundiu-se no Movimento Espírita, principalmente a partir das afirmações de Roque Jacintho (O passe e o Passista) e de Herculano Pires (Obsessão. O Passe. A Doutrinação), que o passe na Casa Espírita ocorre apenas pelas chamadas imposições de mãos. Esta posição é mais radical em Herculano Pires que em Roque Jacintho, porém não há como demonstrar isto neste momento.

Como um verdadeiro mantra, os espíritas repetem: “Jesus impunha as mãos, Jesus impunha as mãos, Jesus impunha as mãos”, dando a entender que qualquer um que faça diferente faz algo que o Cristo não fazia. Como afirma Kardec que Jesus é o modelo da Humanidade, qualquer um que faça diferente do mantra laboraria fora do Espiritismo, revivescência do cristianismo primitivo(aqui não há ironia).


“Uma ideia bonita sobre o passe é apenas uma ideia bonita se não está fundamentada em Kardec e no Magnetismo”.


Ao mesmo tempo em que os espíritas brasileiros repetem o mantra das imposições, eles repetem outro: “não pode tocar no paciente, não pode tocar no paciente, não pode tocar no paciente”. Pessoalmente não se pode ser a favor do toque, nem contra o toque: como uma técnica, o toque tem as suas devidas aplicações dentro da teoria magnética e da Doutrina Espírita.

É curioso como se criou no Movimento Espírita um tabu quanto ao toque, ao invés de um conhecimento lúcido sobre esta técnica.

Sem dúvida que estas criações mantrificadas, para não dizer hipnóticas, têm a sua devida razão de ser.

Que pensa Kardec do assunto?

556. Têm algumas pessoas, verdadeiramente, o poder de curar pelo simples contato?

A força magnética pode chegar até aí, quando secundada pela pureza dos sentimentos e por um ardente desejo de fazer o bem, porque então os bons Espíritos lhe vêm em auxílio. (...) (Livro dos Espíritos)

Está evidente que para a Doutrina Espírita o toque não é vetado, pois se assim fosse os Espíritos simplesmente responderiam que não se deve tocar o assistido ou, ainda, que a força magnética prescinde do toque. Ao contrário, “a força magnética pode chegar até aí”, isto é, até ao ponto “de curar pelo simples contato”, pelo toque!

Os Espíritos também poderiam afirmar que o toque é uma prática meramente ritual, mas não o fizeram. Ao contrário, se o indivíduo toca o paciente com “pureza dos sentimentos” e “ardente desejo de fazer o bem”, os Espíritos Bons ajudam no êxito da atividade curadora. E isto foram os Espíritos da Codificação que declararam a Allan Kardec.

A mesma orientação se percebe em O Livro dos Médiuns, item 175, Capítulo XIV:

Diremos apenas que esse gênero de mediunidade consiste principalmente no dom de curar por simples toque, pelo olhar ou mesmo por um gesto, sem nenhuma medicação.
Novamente, se afirma o uso do toque, agora especificamente pelo médium de cura. Como se pode perceber pela afirmação de Kardec, o toque é uma das formas de manifestação da mediunidade curadora.

Repito as palavras de Kardec quanto à mediunidade de cura: “dom de curar por simples toque”.

Não se percebe na Codificação uma vedação ao toque. O toque é reconhecido pelos Espíritos da Falange Espírito de Verdade e por Allan Kardec como técnica a ser usada tanto na ação magnética quanto na mediunidade de cura.

Transformar em dogma o que é mera conveniência não parece uma atitude adequada de quem deseja professar uma fé racional. Repetir um chavão, criar um dogma inexplicável é uma atitude possível, mas não consentânea com o Espiritismo.
Realizadas estas considerações sobre a técnica do toque, finalmente chego aonde desejava. Como o mantra das imposições é bonito e cativante, eleva a alma e acalma o espírito (se bem que perturba a inteligência), fui dedicar-me à comprovação deste dogma de fé, pesquisando os próprios Evangelhos, os textos de Lucas, Mateus, João e Marcos a fim de encontrar ali a justificação para a beleza simples das imposições de mãos. Mas, Ó Supremo desgosto, eis que encontro um Jesus que não impõe mãos, mas comete o sacrilégio de tocar nas pessoas.

E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra. (Mateus 8:3)

E ele, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, sê limpo. E logo a lepra desapareceu dele. (Lucas 5:13)

Então Jesus, movido de íntima compaixão, tocoulhes nos olhos, e logo viram; e eles o seguiram. (Mateus 20:34)

E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero, sê limpo. (Marcos 1:41)

Tocou então os olhos deles, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé. (Mateus 9:29)

E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantouse, e serviu-os. (Mateus 8:15)
E, tirando-o à parte, de entre a multidão, pôs-lhe os dedos nos ouvidos; e, cuspindo, tocou-lhe na língua. (Marcos 7:33)

E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o levavam pararam), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o defunto assentou-se, e começou a falar. (Lucas 7:14)

E, respondendo Jesus, disse: Deixai-os; basta. E, tocando-lhe a orelha, o curou. (Lucas 22:51)

E, logo que o povo foi posto fora, entrou Jesus, e pegou-lhe na mão, e a menina levantou-se. (Mateus 9:25)

As citações acima retirei do site BibliaOnline, o qual oferece várias traduções da Bíblia (Almeida, católicas, luteranas, etc.). Porém, fiz uma outra pesquisa, lendo os Evangelhos em edição da Editora Ave Maria e as conclusões são as mesmas: na ampla maioria das curas realizadas, os Evangelhos afirmam que Jesus tocava nas pessoas.

Embora o Movimento Espírita brasileiro tenha uma forte natureza religiosa (a qual deve ser respeitada), mostra que desconhece os próprios Evangelhos, pois apregoa aos quatro ventos que Jesus permanecia parado à frente das pessoas com as mãos estendidas, quando em verdade ele se aproximava, tocava a pessoa e com unção afirmava: Eu quero, fica curado!

Graças a Deus, Jesus não tinha os espíritas para lhe lembrar que tocar é proibido, se bem que tinha os fariseus para lhe lembrar que não se devia curar aos sábados. De qualquer forma, vê-se em que estado se encontra o conhecimento dos espíritas acerca destes assuntos, ao ponto que já não se distingue mais a opinião do conhecimento, o mito da realidade, o fato histórico e documentado da criação ideológica.

Ainda pior, desta ideia falsa da história criam-se regras absurdas sobre as imposições de mãos, inventam-se teorias sobre a atuação do centro de força coronário, tudo em completo desacordo com as leis naturais reveladas pelo Magnetismo e pelo Espiritismo. 

Não há qualquer fundamento real, nem mesmo doutrinário, para sustentar a ideia de que Jesus apenas impunha as mãos e muito menos que também os espíritas devem se limitar a fazer o mesmo.

Em fluidoterapia, em Magnetismo, portanto, Kardec é um grande desconhecido e, por isto mesmo, os chavões e os achismos pululam como sapos e coelhos, multiplicando- se ao infinito.

Infelizmente, os espíritas ainda estão muito longe de perceber a riqueza e o imenso  atrimônio científico que dispõe a Doutrina Espírita e o Magnetismo no que diz respeito às curas. Presos a dogmas de fé, a comodismos vários e inconfessados, a ideologias estranhas ao corpo doutrinário, os trabalhos de fluidoterapia nas Casas Espíritas seguem à moda de fulano ou beltrano, esquecendo-se de convidar para os trabalhos do passe o próprio Allan Kardec.

É preciso que abandonemos as conveniências irrefletidas que cada um carrega dentro de si sobre o Magnetismo. Com reverência e modéstia, façamos um convite sincero e contrito para que nosso mestre Allan Kardec, em carne, osso e espírito, habite em nossas mentes e nos trabalhos de fluidoterapia.

Herculano Pires continuará sendo um referencial digno de consulta perante os espíritas por um longo tempo. Porém, quando tratou da origem dos passes é preciso considerar que o fez segundo suas crenças pessoais, próprio modo de ver. É uma opinião equivocada, tanto do ponto de vista doutrinário quanto histórico, mais uma neste imenso mar do Movimento Espírita.□

JORNAL VORTICE ANO VI, Nº 05 - Outubro - 2013


Leitura Recomendada;
PASSES EM CRIANÇAS                      ( NOVO )
PASSES ESPECIAIS
APLICADOR DE PASSE – SERVIDOR DE JESUS
O PORQUÊ E O PARA QUÊ DE CADA ATO
DIÁLOGO ENTRE UM PASSISTA E UM MAGNETIZADOR
O QUE PENSA O ESPIRITISMO
HÁ DIFERENÇA DE RESULTADOS ENTRE O PASSE PALMAR E O PASSE DIGITAL? COMO ESSAS TÉCNICAS OCORREM?
SURGIMENTO DO PASSE
RESGATANDO O PASSADO
QUAIS OS FATORES QUE INTERFEREM NO RESULTADO DE UM PASSE?
RESGATANDO O PASSADO
PASSE, TRABALHO DE EQUIPE
PASSES E MAGNETISMO
O PODER DO PASSE
OS PASSES ENERGÉTICOS E O ESPIRITISMO
O PASSE

sábado, 26 de outubro de 2013

VAMPIRISMO E PARASITISMO ESPIRITUAL


1. CONCEITOS:

“Ação pela qual Espíritos involuídos, arraigados às paixões inferiores, se imantam à organização psicofísica dos encarnados (e desencarnados), sugando-lhes a substância vital.” (Martins Peralva- Estudando a Mediunidade.)

“O parasitismo espiritual (ou vampirismo) é um processo grave de obsessão que pode ocasionar sérios danos àquele que se faz hospedeiro (o obsidiado), levando-o à loucura ou até mesmo à morte.” (Espiritismo de A a Z, citando Suely Caldas Schubert, Obsessão/Desobsessão: profilaxia e terapêutica espíritas.9 ed. Rio:FEB, 1994, p. 192)

2. ESPÉCIES:
1 - espíritos muito apegados às sensações materiais prosseguem, após o túmulo, a buscar as sensações que desfrutavam quando encarnados, se vinculando aos encarnados que vibram em faixa idêntica, parceiros de paixões desequilibrantes.

2 - os obsessores, por vingança e ódio, ligam-se às suas vítimas com o intuito de absorver-lhes a vitalidade, enfraquecendo-as, em busca de maior domínio.

3 - existem aqueles que, já libertos do corpo físico, ligam-se, inconscientemente, aos seres amados que permanecem na crosta terrestre, mas sem o desejo de fazer o mal.

4 - entre os encarnados, existem pessoas que vivem permanentemente sugando as forças de outros seres humanos, que se deixam passivamente dominar.

Vampirismo Recíproco:

      O vampirismo pode, ainda, comportar a forma de Vampirismo Recíproco, onde ambos os espíritos envolvidos alimentam-se dos fluidos doentios do seu companheiro, apegando- se a ele instintivamente.
      Um exemplo é o caso relatado na obra “Nos Domínios da Mediunidade”, onde um homem desencarnado e uma mulher encarnada vivem em regime de escravidão mútua, nutrindo-se da emanação um do outro. Ela busca ajuda na sessão do trabalho desobsessivo realizado por um centro espírita e, com o concurso de entidades abnegadas, consegue o afastamento momentâneo do espírito obsessor. Bastou, porém, que o espírito fosse retirado para que ela o fosse procurar, reclamando sua presença.

3. CAUSAS EFETIVAS:
- desregramentos emocionais (tristeza, cólera, medo, etc.)
- Glutonaria
- Excessos alcoólicos
- Fumo
- desvios sexuais
       No capítulo III da Obra “Missionários da Luz”, merecem destaque as passagens onde André Luiz e Alexandre observam médiuns que apresentam alguns dos desregramentos retro mencionados:

3.1. Sexo:
Pessoa observada: Rapaz que se exercitava no desenvolvimento mediúnico, freqüentando um centro numa cidade brasileira, em que o Espírito Alexandre era mentor. Casado há oito meses, no entanto era atraído irresistivelmente para ambientes malignos, não resistindo às atrações de atividades doentias no campo sexual, tornando-se por isto mesmo ponto de atração para entidades grosseiras no mundo espiritual, que agiam à maneira imperceptíveis vampiros.

Observação de André Luiz: “- As glândulas geradores emitiam fraquíssima luminosidade que parecia abafa por aluviões de corpúsculos negros, a se caracterizarem por espantosa mobilidade. Começavam a movimentação sob a bexiga urinária e vibravam ao longo de todo o cordão espermático, formando colônias compactas nas vesículas seminais, na próstata, nas mucosas uretrais, invadiam os canais seminíferos, e lutavam com as células sexuais, aniquilando-as. As mais vigorosas daquelas feras microscópicas, situavam-se no epidídimo, onde absorviam, famélicas, os embriões delicados da vida orgânica. Estava assombrado. Que significava aquele acervo de pequeninos seres escuros? Pareciam imantados uns aos outros na mesma faina de destruição. Seriam expressões mal conhecidas da sífilis?”

Resposta de Alexandre - “ - Não, André, não temos aí sob os olhos o espiroqueta de Schaudinn, nem qualquer nova forma suscetível de análise material por bacteriologistas humanos. São bacilos psíquicos da tortura sexual, produzido pela sede febril de prazeres inferiores. O dicionário médico do mundo não conhece e, na ausência de terminologia adequada aos seus conhecimentos, chamemos-lhes de larvas, simplesmente. Têm sido cultivados por este companheiro não só pela incontinência no domínio das emoções próprias, através de experiências sexuais variadas, senão também pelo contacto com entidades grosseiras, que se afinizam com as predileções dele, entidades que visitam com freqüência, à maneira de imperceptíveis vampiros. O pobrezinho ainda não pode compreender, que o corpo físico é apenas leve sombra do corpo perispiritual, e não se capacitou de que a prudência, em matéria de sexo, é equilíbrio da vida, e recebendo as nossas advertências sobre a temperança, acredita ouvir remotas lições de aspectos dogmático exclusivo, no exame da fé religiosa. (...)

3.2. Álcool.
Pessoa observada: Cavalheiro maduro, que tentava a psicografia, na mesma reunião de desenvolvimento mediúnico.

Observação de André Luiz: “- Semelhava-se o corpo a um tonel de configuração caprichosa, de cujo interior escapavam certos vapores muito leves, mais incessantes. Via-se-lhe a dificuldade para sustentar o pensamento com relativa calma. Não tive qualquer dúvida. Deveria ele utilizar de alcoólicos em quantidade. O aparelho gastro-intestinal parecia totalmente ensopado em aguardente, porquanto essa substância invadia todos os escaninhos do estômago e começando a fazer-se sentir nas paredes do estômago, manifestava a sua influência até o bolo fecal. Espantava-me o fígado enorme. Pequeninas figuras horripilantes, postavam- se, vorazes, ao longo da veia horta, lutando desesperadamente com os elementos sangüíneos mais novos. Toda a estrutura do órgão se mantinha alterada. Terrível ingurgitamento. Os lóbulos cilíndricos, modificados, abrigavam células doentes e empobrecidas. O baço apresentava anomalias estranhas.”

Esclarecimento de Alexandre: “- Os alcoólicos aniquilavam-no vagarosamente:

a. Este companheiro permanece completamente desviado em seus centros de equilíbrio vital;
b. Todo o sistema endocrínico foi atingido pela atuação tóxica;
c. Inutilmente trabalha a medula para melhorar os valores da circulação;
d. Em vão esforçam-se os centros genitais para ordenar as funções que lhe são peculiares, porque o álcool excessivo determina modificações deprimentes sobre a própria cromatina;
e. Debalde trabalham os rins na excreção dos elementos corrosivos, porque a ação perniciosa da substância em estudo anula diariamente grande número de nefrons;
f. Os pâncreas, viciado, não atende com exatidão ao serviço de desintegração dos alimentos;
g. Larvas destruidoras exterminam as células hepáticas;
h. Profundas alterações modificam as disposições do sistema nervoso vegetativos;
i. Não fossem as glândulas sudoríparas, tonar-se-lhe-iam impossível a continuação da vida física.

3. 3. Glutonaria.
Pessoa observada: Dama simpática e idosa ao desenvolvimento da mediunidade de incorporação, na mesma reunião;

Observação de André Luiz: “- Fraquíssima luz emanava de sua organização mental e, desde o primeiro instante, notara-lhe as deformações físicas.

a. O estômago dilatara-se horrivelmente;
b. O fígado, consideravelmente aumentado, demonstrava indefinível agitação;
c. Desde o duodeno à sigmóide, notavam-se anomalias de vulto;
d. Guardava a idéia de presenciar não o trabalho de um aparelho digestivo usual, e sim, de vasto alambique gorduroso, cheirando a vinagre de condimentação ativa;
e. Em grande zona do ventre superlotado de alimentação, viam-se parasitos conhecidos, mas além deles, divisava outros corpúsculos semelhantes a lesmas voracíssimas que se agrupavam em grandes colônias desde os músculos e as fibras do estômago até a válvula íleo-cecal. Semelhantes parasitos atacavam os sucos nutritivos, com assombroso potencial de destruição.

Esclarecimento de Alexandre: “- Temos aqui uma pobre amiga desviada nos excessos de alimentação. Todas as suas glândulas e centros nervosos trabalham para atender as exigências do sistema digestivo. Descuidada de si mesma, caiu na glutonaria crassa, tornando-se presa de seres de baixa condição.”

4. PROCESSO DE VAMPIRIZAÇÃO:
4.1.Produção das larvas mentais:
A cólera, a intemperança, os desvarios do sexo e as viciações da personalidade formam criações inferiores, chamadas de larvas mentais, que são o alimento das entidades infelizes, portadoras de vigoroso magnetismo animal, contaminando o meio ambiente onde quer que o responsável pela sua produção circule. Formam nuvens de bactérias variadas, obedecendo ao princípio das afinidades.

4.2 O Contágio:
      Para nutrir-se desse alimento, o desencarnado agarra-se aos companheiros de ignorância ainda encarnados, sugando-lhes a substância vital.
      O médico Dias da Cruz lembra que "toda forma de vampirismo está vinculada à mente deficitária, ociosa ou inerte que se rende às sugestões inferiores que a exploram sem defensiva". E explica a técnica utilizada pelos espíritos vampirizadores, situando-a nos processos de hipnose.
      Por ação do hipnotizador, o fluido magnético derrama-se no campo mental do paciente voluntário, que lhe obedece o comando. Uma vez neutralizada a vontade do sujeito, as células nervosas estarão subjugadas à invasão dessa força. Os desencarnados de condição inferior, consciente ou inconscientemente, utilizam esse processo na cultura do vampirismo.
      Justapõem-se à aura das criaturas que lhes oferecem passividade, sugando-lhes as energias, tomam conta de suas zonas motoras e sensoriais, inclusive os centros cerebrais (linguagem e sensibilidade, memória e percepção), dominando-as.
      De acordo com Marlene Rossi Severino Nobre, membro da Associação Médico Espírita do Brasil (Extraído da Revista Cristã de Espiritismo nº 12, páginas 30-32), os espíritos inferiores desencarnados produzem substâncias destrutivas, que atingem os pontos vulneráveis de suas vítimas.
      Essas substâncias, conhecidas como simpatinas e aglutininas mentais, têm a propriedade de modificar a essência do pensamento dos encarnados, que vertem contínuos dos fulcros energéticos do tálamo, no diencéfalo. Esse ajuste entre desencarnados e encarnados é feito automaticamente, em absoluto primitivismo nas linhas da natureza. Os obsessores tomam conta dos neurônios do hipotálamo, "acentuando a dominação sobre o feixe amielínico que o liga ao córtex frontal, controlando as estações sensíveis do centro coronário que aí se fixam para o governo das excitações e produzindo nas suas vítimas, quando contrariados em seus desígnios, inibições de funções viscerais diversas, mediante influência mecânica sobre o simpático e o parassimpático". (o nosso mentor André Luiz (Evolução Em Dois Mundos, Francisco C. Xavier, 11ª ed,1989, pg. 117-118)
      A propósito, Allan Kardec (A Gênese, 29ª ed., FEB, pg. 305) relata que “Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele...” Ainda orienta o Codificador (mesma obra, pg. 285), que“Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta quando, por sua extensão e irradiação, o perispírito com eles se confunde. Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material com quem se acha em contato molecular. (...)Se os eflúvios maus são permanentes e enérgicos, podem ocasionar desordens físicas; não é outra a causa de certas enfermidades.”

5. AS ENTIDADES EXPLORADORAS.
      “vampiro é toda entidade ociosa que se vale, indebitamente, das possibilidades alheias e, em se tratando de vampiros que visitam os encarnados, é necessário reconhecer que eles atendem aos sinistros propósitos a qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo de carne dos homens.”(Missionários da Luz, André Luiz, psicografia de Francisco Cândido 

Xavier cap. 4.1 )
      Tendo vivido muito mais de sensações animalizadas que de sentimentos e pensamentos puros, algumas criaturas, além do túmulo, prosseguem imantados aos ambientes domésticos que lhes alimentavam o campo emocional. Aos infelizes que caíram em semelhante condição de parasitismo, as larvas servem de alimento habitual.
      No livro "Evolução em dois Mundos", André Luiz compara os parasitas existentes nos reinos inferiores da Natureza aos "parasitas espirituais", pois os meios utilizados pelos desencarnados, que se vinculam aos que permanecem na esfera física, obedecem aos mesmos princípios de simbiose prejudicial.
      Reportando-se aos ectoparasitas (os que limitam sua ação às zonas de superfície, como os mosquitos sobre a pele) e aos endoparasitas (os que se alojam nas reentrâncias do corpo a que se impõem, como a infestação de elementos saprófagos), o autor traça um importante paralelo entre estes e a ação dos obsessores:

DESENCARNADOS AGINDO COMO ECTOPARASITA: absorvem as emanações vitais dos encarnados que com eles se harmonizem. São os que se aproximam eventualmente dos fumantes, dos alcoólatras e de todos aqueles que se entregam aos vícios e desregramentos de qualquer espécie.

DESENCARNADOS AGINDO COMO ENDOPARASITA: conscientes os que, "após se inteirarem dos pontos vulneráveis de suas vitimas”, tomam conta de seu campo mental "impondo-lhes ao centro coronário a substância dos próprios pensamentos, que a vitima passa a acolher qual se fossem os seus próprios.” (Evolução em dois Mundos, André. Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier - Waldo Vieira, cap. XIV a XV, 5.. ed. FEB.).

      Os obsessores utilizam também as formas ovóides, para intensificar o cerco sobre suas vítimas, imantando-as a estas, para instalar o parasitismo espiritual. Envolvido nos fluídos dos obsessores, com o pensamento controlado pela interferência hipnótica dos algozes, o obsidiado passa a viver no clima que estes criaram, agravado pelas ondas mentais altamente perturbadoras dos ovóides, vendo inclusive os clichês mentais que projetam em fenômenos alucinatórios ou ouvindo-lhes as acusações na acústica da mente.

O corpo espiritual se transforma em um corpo ovóide em três casos:

1º) O homem selvagem quando retorna, após a morte do corpo denso, ao plano espiritual, sente-se atemorizado diante do desconhecido. A vastidão cósmica o assusta, bem como a visão de Espíritos, mesmo os bons e sábios, pois crê estar frente a deuses e, por isso, refugia-se na choça que lhe serviu de moradia terrestre. Anseia por retornar à taba onde vivera e ao convívio dos seus e alimenta-se das vibrações dos que lhe são afins. Nestas condições estabelece-se nele o monoideísmo, isto é, idéia fixa, abstraindo-se de tudo o mais. O pensamento que lhe flui da mente permanece em circuito viciado, continuamente. É o monoideísmo auto-hipnotizante. Não havendo outros estímulos, os órgãos do corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, tal como ocorre aos órgãos do corpo físico.

2º) Desencarnados, em profundo desequilíbrio, aspirando a vingar-se ou portadores de vicioso apego, envolvem e influenciam aqueles que lhes são objeto de perseguição ou atenção e auto-hipnotizam-se com as próprias idéias, que se repetem indefinidamente. Em conseqüência, os órgãos perispiríticos se retraem, por falta de função, assemelhando-se então a ovóides, vinculados às próprias vítimas que, de modo geral, lhes aceitam, mecanicamente, a influenciação, por sentirem culpa, remorso, ódio, egoísmo, externados em vibrações incessantes, sob o comando da mente. Configura-se, neste caso, a parasitose espiritual.

3º) Os grandes criminosos, ao desencarnar, ver-se-ão atormentados pela visão repetida e constante dos próprios crimes, vícios e delitos, em alucinações que os tornam dementados. Os clichês mentais que exteriorizam torna-lhes o fluxo do pensamento vicioso, resultando no monoideísmo auto-hipnotizante. E tal como nos casos anteriores, perdem os órgãos do corpo espiritual, transubstanciando-se em ovóides.

6. O COMBATE AO VAMPIRISMO
6.1. Reencarnações Expiatórias: são conseqüências da lei de ação e reação,
constituindo-se no recurso utilizado pela Providência para devolver o equilíbrio aos espíritos, quando a reconciliação pelo amor torna-se inviável. A família consangüínea é o instrumento utilizado pela Providência para promover o resgate dos espíritos envolvidos. Inicialmente, reencarna o que tiver mais méritos, sendo indicada para recebê-lo como mãe alguém que tenha débitos a serem resgatados relativamente à maternidade, uma vez que a gestação trará o desconforto gerado pelo assédio do vingador. Desde as primeiras ligações fluídicas do reencarnante ao corpo físico, passando pela infância, adolescência e até atingir a fase adulta, o espírito que retorna continua padecendo da influência de seu desafeto, que lhe permanece enlaçado pela força de sentimentos negativos. Mais uma vez o instituto da família é usado pela Providência para que o reencarnante, através de uniões conjugais provacionais, ofereça ao seu verdugo um novo corpo, como filho consangüíneo, para que o amor de paternal ou maternal o envolva e promova o resgate dos equívocos praticados no passado.

6.2. Transformação do Ser: A arma fundamental de combate ao vampirismo é a transformação do Ser, visando as melhores condições de seu campo eletromagnético. Assim, quem sofre com tal influência espiritual negativa pode dela se livrar através do serviço no bem, com a prática do amor ao próximo. Ao reconhecer sua culpa, pode começar a construir a cura reajustando-se e servindo como exemplo ao seu perseguidor.
      É conveniente recordar os ensinamentos de Kardec quando afirma que “os espíritos inferiores não podem suportar o brilho e a impressão dos fluidos mais etéreos. Não morreriam no meio desses fluidos porque Espírito não morre, mas uma força instintiva os manteriam afastados dali como a criatura terrena se afasta de um fogo muito ardente ou de uma luz muito deslumbrante.” (A Gênese, cap. XIV, item 11).
      Sem esta transformação, as tentativas externas de desligamento das entidades infelizes não encontram sucesso. Não adianta o trabalho de retirada dos vampiros, mesmo inconscientes, se o encarnado invoca mentalmente as entidades, atraindo-as novamente para o seu convívio. O mesmo pode ser dito com relação à doutrinação das entidades. Embora efetuada com perseverança e métodos precisos, a medida exige tempo e tolerância fraternal, podendo encontrar obstáculo no fato do encarnado haver se convertido em poderoso imã de atração.

6.3. Oração: A oração é o mais eficiente antídoto do vampirismo. A prece é vibração, energia, poder. A prece provoca um estado psíquico que revela nossa origem divina e coloca-nos em contato com as fontes superiores. Dentro dessa realização, o Espírito, em qualquer forma, pode emitir raios de espantoso poder. Toda criatura que cultiva a oração, com o devido equilíbrio do sentimento, transforma gradativamente, em foco irradiante de energias da divindade.
      No Capítulo IV da obra Missionários da Luz, há o relato da prece de Cecília, que rezando pelo esposo, é cercada por luzes sublimes, rogando pela iluminação do companheiro a que parecia amar infinitamente. Seu coração se transformava num foco ardente de luz, do qual saíam inúmeras partículas resplandecentes, projetando-se sobre o corpo e sobre a alma do esposo com a rapidez de minúsculos raios. Os corpúsculos radiosos concentravam-se em massa, destruindo as pequenas formas horripilantes do vampirismo devorador.

7. CASOS DE VAMPIRISMO NA LITERATURA ESPÍRITA.
      Além daqueles mencionados no decorrer do presente trabalho, a título de ilustração, são inúmeros os casos de vampirismo narrados na literatura espírita, com destaque para aqueles ilustrados por André Luiz:

Nosso Lar - Caso da mulher cercada de pontos negros, que, chegada do Umbral, implora socorro do outro lado da cancela. O socorro é negado, em virtude de tratar-se de um forte vampiro, cujos pontos negros representavam cinqüenta e oito crianças assassinadas ao nascer.

Obreiros da Vida Eterna - Cenas de vampirismo em uma enfermaria de hospital. "Entidades inferiores, retidas pelos próprios enfermos, em grande viciação da mente, postavam-se em leitos diversos, inflingindo-lhes padecimentos atrozes, sugando-lhes vampirescamente preciosas forças, bem como atormentando-os e perseguindo-os".

Nos Domínios da Mediunidade - (capítulo X) Caso da Jovem Parricida (pág. 71 a 79) e Caso Pedro (capítulo IX) “uma convulsão epiléptica o obsessor ligando-se a Pedro, seguindo-se convulsão generalizada tônico-clônica, com relaxamento de esfíncteres. O mentor Aulus afirma ser possessão completa ou epilepsia essencial e analisa que, no setor físico, Pedro está inconsciente, não terá lembrança do ocorrido, mas está atento em espírito, arquivando a ocorrência e enriquecendo-se.”

Libertação - (pág. 140 e 141) Caso da jovem Clorótica, que mantinha uma ligação mental com os seus obsessores, permitindo o domínio completo de sua mente, que utilizavam como se fosse a deles. Encontrava-se praticamente desapossada de seu livre-arbítrio e suas reações não mais lhe pertenciam, pois expressavam a vontade das entidades que funcionavam como seus algozes. E caso Margarida- Gregório (p. 110), onde o personagem Gregório vampiriza antiga companheira de nome Margarida, quando solicitado pelo mentor Gúbio a interromper a vampirização que colocava a vida de Margarida em perigo, afirma ter necessidade do alimento psíquico que só a mente de Margarida pode proporcionar.

Entre a Terra e o Céu - (cap. III) Caso Odila- Zulmira: A jovem senhora é Zulmira, e a irmã desencarnada que lhe vampiriza o corpo é Odila, a primeira esposa de Amaro, dolorosamente transfigurada pelo ciúme a que se recolheu. Empenhada em combater aquela que considera inimiga, imanta-se a ela, através do veículo perispirítico, na região cerebral, dominando a complicada rede de estímulos nervosos e influenciando os centros metabólicos, com o que lhe altera profundamente a paisagem orgânica.

No Mundo Maior - (pág. 37 a 74) Caso Pedro-Camilo, 20 anos sob a atuação de um único obsessor. Durante esse período, o quimismo espiritual ou a fisiologia do perispírito se desequilibrou e, conseqüentemente, desencadeou distúrbios orgânicos, entre os quais a ameaça de amolecimento cerebral.

8. CONCLUSÃO
     
 Dias da Cruz, no livro “Instruções Psicofônicas” Espíritos Diversos, através de mensagem psicografada por Francisco C. Xavier, afirma ser imperativo o uso dos antissépticos do Evangelho para garantir a higiene mento-psíquica. E prossegue:
      “Bondade para com todos, trabalho incansável no bem, otimismo operante, dever irrepreensivelmente cumprido, sinceridade, boa-vontade, esquecimento integral das ofensas recebidas e fraternidade simples e pura, constituem sustentáculo de nossa saúde espiritual.” (...) Procurando, pois, o Senhor e aqueles que o seguem valorosamente, pela reta conduta de cristãos leais ao Cristo, vacinemos nossas almas contra as flagelações externas ou internas da parasitose mental.”
      A prática do bem rompe os sentimentos inferiores, produzindo, além da própria transformação de quem o pratique, também a daqueles que a ele se agrega pelos vínculos do ódio e da vingança, pelo exemplo de fraternidade.
      Desse modo, os espíritos vingadores, ao encontrar a vítima transformada pelo esforço na prática do bem, da mesma forma como foram atraídos pelas suas fraquezas, serão contagiados pela nova situação e, em conseqüência, desestimulados a prosseguirem a perseguição.
      É possível concluir que pela prática da caridade, é possível obter a transformação moral necessária para se modificar e aos inimigos, evitando-se dolorosos resgates reparatórios.

Por Fernanda Louro Figueras
Fonte; http://www.mundoespirita.net/vampirismo.html

BIBLIOGRAFIA

O Espiritismo de A a Z, FEB
Evolução em Dois Mundos - FEB - F. C. Xavier / André Luiz
Missionários da Luz - FEB - F. C. Xavier / André Luiz
Nosso Lar - FEB - F. C. Xavier / André Luiz
Obreiros da Vida Eterna - FEB - F. C. Xavier / André Luiz
Nos Domínios da Mediunidade - FEB - F. C. Xavier / André Luiz
Libertação- FEB - F. C. Xavier / André Luiz
Entre a Terra e o Céu - FEB - F. C. Xavier / André Luiz
No Mundo Maior - FEB - F. C. Xavier / André Luiz
Estudando a Mediunidade- Martins Peralva
Revista Cristã de Espiritismo nº 12, páginas 30-32, Marlene Rossi Severino Nobre, Associação Médico-Espírita do Brasil
A Gênese, FEB, Allan Kardec
O Livro dos Médiuns, FEB, Allan Kardec
Instruções Psicofônicas- Espíritos Diversos, FEB- Francisco C. Xavier/ Dias da Cruz


Recomendamos  Leitura;

terça-feira, 20 de agosto de 2013

ESTUDOS DA MEDIUNIDADE ANTES DA CODIFICAÇÃO KARDEQUIANA

Djalma Argollo

1. A SITUAÇÃO DA MEDIUNIDADE ANTES DE ALLAN KARDEC

O Anarquismo mediúnico

Antes de 18 de abril de 1857 não podemos falar de Espiritismo. Pelo simples fato de somente nessa data o termo, com a sua atual acepção, ter sido criado. Podemos, sim, falar sobre o fenômeno mediúnico, pois este é independente e anterior ao Espiritismo.

Observando desde a mais remota antiguidade, não encontramos a mediunidade sistematizada e estudada como o fez Kardec. O que existia era a explosão do fenômeno e sua utilização, de forma espontânea e anárquica. Muitas vezes, como acontece ainda em larga escala nos dias correntes, era o desequilíbrio mediúnico se patenteando nos diversos graus da obsessão. Quem sabe, se não foi tal fato que levou ao costume, encontrado entre vários povos e épocas, de se respeitar o louco como um ser santificado?

O sobrenatural e o ritualismo em torno da mediunidade

Sem ser estudada amplamente, portanto sem uma sistematização racional, a mediunidade viu surgir, em torno de sua atividade,toda uma estrutura de concepções sobrenaturais absurdas. Pelo desconhecimento das leis que acionam o fenômeno, os criaram inúmeros rituais para fazê-lo acontecer, utilizando nestes, toda sorte de excitantes sonoros e químicos, como o álcool e os alucinógenos. Hoje ainda persistem estes rituais, tanto entre os povos civilizados como os primitivos.

2. SURGIMENTO DA MEDIUNIDADE E SUA INFLUENCIA NA HISTÓRIA

O enterro dos mortos

Num ponto todos os antropólogos, estão de acordo: o enterro dos mortos marca a existência, entre os seus praticantes, de uma idéia de continuidade da vida após o túmulo. Isto aconteceu durante o último meio milhão de anos, quando o homem do Neanderthal começou a enterrar seus mortos com evidentes sinais de ritualismo, nos quais são usados flores e animais, o que demonstra também o surgimento da Zoolatria.

Segundo alguns antropólogos a idéia da imortalidade teria surgido dos sonhos que o homem primitivo tinha com os seus companheiros já mortos; do sopro do vento por entre os galhos das árvores, que os faziam pensar em lamentos fantasmagóricos; de ver seus rostos refletidos nas águas,etc.

O que não se leva em conta é que o homem do Neanderthal, como os seus contemporâneos, não podia ser dado a grandes abstrações. Ele era tocado pela experiência concreta. A idéia de continuação da vida além da sepultura é por demais abstrata, para ser inferida dos fatos citados. Somente uma experiência fortemente concreta poderia fazer surgir a idéia da imortalidade pessoal.

Ernesto Bozzano, o extraordinário espírita italiano, diz-nos que a crença imortalista nasceu da experiência mediúnica. Durante o período do pleistoceno médio, quando as glaciações se abateram sobre os continentes, o homem do N. foi obrigado a viver em cavernas, para se abrigar do frio. No interior delas, combalido pela falta de alimentos e pelas doenças que deviam grassar na promiscuidade reinante, houve a culminação de uma série de fatos mediúnicos que de algum tempo vinham acontecendo no seio dos inúmeros ramos neandertalenses: a ectoplasmia e demais formas de comunicação mediúnica. Assim, diz Bozzano, os sonhos premonitórios, as visões de Espíritos, a audição da voz dos mortos, inclusive nos fenômenos de voz direta - e a materialização de Espíritos, foram fatos concretos, que levaram o homem primitivo à crença na continuação da vida após a morte.

Diretamente dos médiuns neandertalenses surgiram os feiticeiros, ancestrais dos sacerdotes de todas as religiões.

A invocação dos mortos

Durante toda a antiguidade, numa herança direta dos períodos pré-históricos, encontramos a evocação dos mortos como um fato corriqueiro no seio dos povos. Existia, também, todo um ritualismo voltado para o aplacamento e conquista da simpatia dos Espíritos dos mortos. Entre vários povos, os Espíritos dos ancestrais eram cultuados em altares domésticos como divindades menores.

Baseado no trato com os mortos ou tendo este fato como revelação maior, surgiram os " famosos " mistérios da antiguidade.

A própria religião hebraica, da qual nossas crenças derivam, se baseou amplamente na mediunidade dos profetas, chegando a existir, conforme nos informa o Livro de Samuel, uma escola de profetas, onde os médiuns aprendiam os segredos da sua atividade. Os profetas eram usados pelo povo para consultas semelhantes às que se fazem hoje a cartomantes, videntes, etc. , pelas quais recebiam pagamento, daí a perseguição sistemática aos que não fossem da classe.

Os gregos usaram muito a mediunidade profética exacerbada por fatores químicos, em Delfos.

Com o surgimento do Cristianismo, a mediunidade foi amplamente usada pelos seus profitentes. O que caracterizava o trato mediúnico na comunidade cristã das origens era a absoluta ignorância do fenômeno e suas leis.

As reuniões eram, muitas vezes, um verdadeiro pandemônio, semelhantes as dos pentecostais e da corrente carismática do Catolicismo atual, inclusive, inúmeras " heresias" surgiram em tornos dos médiuns e das revelações dos seus guias, então denominados " Espírito Santo", sendo um dos fatores para as proibições conciliares a respeito do uso da mediunidade.

Durante o obscurantismo da Idade Média, vários médiuns foram queimados nas fogueiras, ou morreram sob torturas brutais, nas prisões oficiais, por injunções do Santo Ofício, enquanto a mediunidade resplandecia no seio da comunidade de padres e freiras, produzindo notáveis demonstrações da assistência constante do mundo espiritual.

Na idade moderna o trato com os Espíritos produziu médiuns como Swedenborg, Andrew Jackson Davis, Campbell e MacDonald e os fenômenos na congregação de Edward Irving. Também podemos falar nos célebres possessos, que produziam fenômenos diversos e impressionantes.

3. REVIVESCÊNCIA MEDIÚNICA

Hydesville e os fenômenos mediúnicos

As irmãs Fox foram o ponto de partida de uma ofensiva dos Espíritos para chamar a atenção geral para a problemática da imortalidade. O Espírito Charles Rosma foi o pioneiro deste trabalho, e Isaac Post pode ser considerado uma antecipação de Kardec, já que teve o honroso privilégio de ter recebido, na nova idade do mediunismo, a primeira comunicação longa e coerente, de um Espírito, por via tiptológica. Da mesma forma, a família Koons, contemporânea dos Fox, foi a precursora do mediunismo cientificamente conduzido, graças às indicações dos Espíritos, e o seu " Condensador Ectoplásmico, que nunca mais foi reproduzido.

Durante o período imediatamente antes de Kardec, a mediunidade floresceu de maneira extraordinária. Médiuns de ectoplasmia surgiram e sofreram, mas foram as humildes mesas girantes que, impulsionadas pelos Espíritos, fizeram um trabalho extraordinário de divulgação da mediunidade. Foi graças a elas que Madame de Girardin conseguiu atrair a atenção de pessoas notáveis como o escritor e poeta Victor Hugo. Também foram as mesas que iniciaram Allan Kardec, dando o primeiro impulso para a sua vocação missionária.

Finalmente, não podemos deixar de lembrar que aqui no Brasil, mais especificamente em Mata de S. João, no interior da Bahia, antes das irmãs Fox, a policia foi acionada para fechar uma casa onde pessoas se reuniam para falar com os mortos.

Conclusão

Em rápidas pinceladas, procuramos mostrar que a comunicação com os mortos tem sido constante na história da Humanidade. Tal atividade, entretanto, sempre se desenvolveu de maneira anárquica, já que havia uma completa ignorância das leis que regem a mediunidade. Nem os famosos iniciados sabiam muito a respeito do assunto. Somente após o surgimento de " O Livro dos Médiuns", de A. Kardec, a mediunidade passou a ser usada de forma coerente e lógica, para permitir um contato profundo e proveitoso com o Mundo Espiritual.

Revista "Presença Espírita", jan. /fev. de 1986.

Leitura Recomendada;
A MEDIUNIDADE
TRANSE, ANIMISMO E MEDIUNISMO
NOVO ESTUDO COM MÉDIUNS OBTÉM FORTÍSSIMAS EVIDÊNCIAS DA SOBREVIVÊNCIA DA ALMA
MEDIUNIDADE NO TEMPO DE JESUS
MÉDIUNS DE ONTEM E DE HOJE
EVOLUÇÃO E MEDIUNIDADE
INTELIGÊNCIA E MEDIUNIDADE
PROCESSOS DA MEDIUNIDADE
MÉDIUNS CURADORES
A MEDIUNIDADE DE SANTA BRÍGIDA
DIVULGAÇÃO DE MENSAGENS MEDIÚNICAS
MEDIUNIDADE NA BÍBLIA
TRANSE E MEDIUNIDADE
O FENÔMENO MEDIÚNICO
MEDIUNIDADE, ESTUDO CLÍNICO
A EDUCAÇÃO DO MÉDIUM
A MEDIUNIDADE, POR LÉON DENIS
MEDIUNIDADE E ANIMISMO
MESMER FALA SOBRE MEDIUNIDADE E MAGNETISMO
O FENÔMENO MEDIÚNICO
MEDIUNIDADE CURADORA
PALAVRAS DO CODIFICADOR - MEDIUNIDADE CURADORA